Como as flutuações da economia brasileira impactam na Argentina

21 de Novembro de 2019 8:56pm
Redação Caribbean News Digital Portugues
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Nos últimos dias, o real foi desvalorizado e atingiu o máximo histórico de 4,20 por dólar. Em um contexto de e estabilidade cambial em moeda local, manter tal movimento no Brasil implica uma redução para quem pensa em viajar ou passar suas férias naquele país.

No momento, a mudança de cenário tem um impacto limitado na equação dos viajantes. No início deste mês, antes do último salto da taxa de câmbio no Brasil, a relação entre o peso e o real era de 15 para um. Agora, com o novo valor da moeda brasileira, são 14,23 para um, equivalente dinâmico com uma redução de cerca de 5% nas últimas duas semanas.

De qualquer forma, essa recuperação não reverte o aumento de preços ocorrido nos últimos meses. Antes das PASO, quando o dólar na Argentina chegava a US $ 46,55, a relação entre o peso e o real era de 11,50 para um. Mas a derrota do partido no poder nessas eleições e a subsequente corrida do câmbio, que levou ao dólar acima de US $ 60, tornaram mais de 20% mais caro qualquer consumo no Brasil: desde então, a paridade entre o peso e o real é de cerca de 14.

"A última desvalorização não tem relevância em termos de férias ou consumo. Por mais que o Brasil tenha desvalorizado 5% ou 15%, não reverte à destruição que nossa moeda teve nos últimos anos", diz o analista Christian Buteler.

"É negativo para o mercado em geral, porque uma desvalorização do real implica um vento de popa para nossa economia que não ajuda", diz o economista.

O Brasil é o principal destino das exportações argentinas e a redução de sua moeda implica perda de competitividade. Em outras palavras, embora possa ser mais barato para os viajantes argentinos consumir naquele país, os produtos fabricados pelas empresas argentinas são mais caros para o consumidor brasileiro.

De acordo com os principais sites de agências de viagens, um bilhete de ida e volta para Florianópolis para os meses de verão começa em US $ 20.000, enquanto para o Rio de Janeiro, com a maior oferta diária de voos, os valores começam em US $ 17.250 em dezembro e exceder US $ 23.000 em janeiro.

"O que vemos é que no Brasil os preços em cada desvalorização permanecem na moeda local e caem em dólares, ao contrário da Argentina, onde cada vez que o dólar sobe, os preços locais se ajustam muito mais rapidamente. Isso pode ser conveniente para quem viaja para esse país, mas esse último movimento não gerou uma mudança muito significativa na demanda”, diz Julian Gurfinkiel, fundador da plataforma Turismocity.

"Vemos a demanda crescendo, mas o percentual de pesquisas de voos para o Brasil é semelhante ao que aconteceu no verão passado. Não vemos que a desvalorização do real seja um fator de decisão para quem quer passar suas férias no Brasil" afirma o empresário, que alerta que houve queda nos preços dos bilhetes medidos em dólares, devido à maior oferta de voos e à expansão das companhias aéreas de baixo custo.

Para muitos argentinos, as praias brasileiras estão entre os destinos mais escolhidos para férias. De fato, no recente CyberMonday, o Rio de Janeiro foi a segunda cidade mais procurada no setor de turismo, atrás de Miami (Estados Unidos), segundo dados da Câmara Argentina de Comércio Eletrônico (CACE), entidade que organiza o festival de Compras on-line.

A possibilidade de comprar passagens parceladas e na moeda argentina o consumo no caso de um eventual salto na troca ou aprofundamento do tope - 35% adicionais foram cobrados no governo anterior - levaram muitos viajantes a comprar suas passagens ou pacotes.

Hoje, enquanto isso, o real opera de forma estável, após o salto cambial dos últimos dias. Segundo Diego Falcone, gerente de portafólio da Cohen, a recente desvalorização é explicada pelo impacto político da libertação do ex-presidente Lula Da Silva e uma taxa de juros mais baixa devido à inflação abaixo da esperada.

"Os fundamentos demonstrados pela economia brasileira não justificam essa venda, se a analisarmos em sua conta corrente as reservas internacionais relacionadas à dívida de curto prazo em dólar. É uma das moedas mais baratas nos mercados emergentes", diz o economista, que não projeta novos movimentos de câmbio no curto prazo.·.

Fonte: La Nación

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