Um Cristo que abençoa Havana e quase nós não conhecemos

05 de Julho de 2018 1:04pm
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Um Cristo que abençoa Havana e quase nós não conhecemos

Recentemente lhe foi concedido a condição de Monumento Nacional ao Cristo de Havana, a estátua majestosa que abençoa para a cidade de sua colina no povoado de Casablanca e que se tornou em marco da paisagem da baía e o porto, e com o tempo também em ícone da identidade da capital, embora seja surpreendente que muitos desses que vivem nesta cidade agitada não saibam quase nada daquele peça atraente.

A escultura que é a 51 metros no nível do mar, pode ser vista de lugares diferentes da cidade e adquire a atenção notavelmente porque seu mármore branco de Carrara contrasta com as pedras cinza do ambiente histórico quatro-centenário circundante, onde as fortalezas dos Três Reyes do Morro, San Salvador da Ponta e San Carlos da Cabana, plataformas que protegeram a vila em outros séculos dos ataques de indesejadas visitas.

Porém hoje, esta figura de Cristo em pé, com uma mão em alto, abençoando e outro no tórax, como de fazê-lo mais humano, se incorpora àquele grupo arquitetônico e parece oferecer boas-vindas aos navios de grande porte que trazem cada vez mais bens ou turistas até a baía havanesa.

Com os seus olhos vazios que dão a impressão de olhar para nós mesmos de qualquer lugar nisso é observado, nosso Cristo também assiste em cima do ir e vir dos barcos pequenos de passageiros que transportam os vizinhos a ambos os lados da baía e fica atento ao traslado constante de veículos e pessoas na avenida que mais que traz perto de nós para o mar.

Talvez, ter tal uma presença habitual em nossas imagens diárias de Havana é que nós nos esquecemos de investigar na sua história e valores. Ele normalmente acontece também com a estátua do parque do canto, e até com aquele rio Almendares que nos cruza e nós nos lembramos dele só quando nós cruzarmos algumas das suas pontes deles/delas. Ou não?

Embora possa ser neste caso que nós podemos pôr algo de culpa no seu próprio criador, a escultora cubana Jilma Madera que acostumava se separar dos cânones estabelecidos e nos deu um Cristo que nós imaginarmos muito mais próximo. Na realidade, o dia da inauguração oficial da escultura, 25 de dezembro de 1958, asseguram que ela disse: "Eu fiz isto de forma que seja lembrado, não de forma que o adorem: é marmóreo."

Apesar daquela concepção tão "terrestre" que a Madera tentou refletir em muitos detalhes da estátua, como os lábios polpudos, em memória de nossa mestiçagem racial, ou pés com sandálias de "pôr entre os dedos" bem parecidas a esses que ela usava; e igualmente graças àquela concepção, não se pode recusar que sua representação de Jesus Cristo conta com valores artísticos excepcionais.

Não para prazer se tornou no trabalho mais emblemático daquela escultora que tem outro muito significante: O busto de José Martí no Pico Turquino, no leste cubano.

A história que chega...

Para o Cristo em particular, com aproximadamente 20 metros alto e um peso aproximado de mais de 300 toneladas, esta artista dedicou mais de dois anos da sua vida, se nós contamos do momento que ela apresentou o esboço à competição chamada para financia-lo e fazer realidade; uma competição na qual triunfou de um modo inesperado, como ela admitiu tempo depois.

Então, Madera preparou um modelo de gesso de cerca de três metros, a coisa suficientemente proporcional coo para aumentá-lo até as dimensões definitivas. Levou com ele a Itália onde durante meses e meses dirigira técnica e artisticamente para os trabalhadores que conformaram os 67 pedaços marmóreos que compõem a estátua.

Também se conta que o trabalho acabado foi abençoado pelo Papa Pio XII, e que a própria escultora, muito famosa pelo fervor que pôs em seus trabalhos, enfardou e acomodou cada uma das partes no navio que os trouxe do porto de Marina, em Carrara, pelo meio de 1958. Também acompanhou então os trabalhadores que se encarregaram diretamente ensambla-las, em dias que excederam às 16 horas diárias.

Como curiosidades, vale para somar que na base da estátua, com próximos três metros, a autora do Cristo enterrou alguns objetos do tempo, como jornais e moedas correntes, e que, por outro lado, ao retorno dela de Itália ela decidiu trazer um bloco adicional de mármore para se algum dia fosse necessário.

Ela precisou isto um pouco depois, em 1961, quando um raio imprensou e perfurou a cabeça da escultura. Aquele tipo de acidente aconteceu novamente em 1962, e em 1986, porque o tamanho da figura e a armação ferrosa que a sustenta ao centro, fez isto muito vulnerável. Como solução final necessária era instalar um para-raios.

Por isso é dito que era a Madera a que atacou a primeira restauração, e quem a conheceu assegura que ela sempre tomou cuidado com muito zelo do Cristo que concebeu a estátua para a que ela quis conceder "vigor e estabilidade humana".

Várias instituições religiosas conheceram assumir o processo da segunda reabilitação deste trabalho, levado a cabo ao término dos anos 80 de século passado, mais tarde e no que infelizmente não eram usados materiais compatíveis, porque não foi endossado por qualquer critério técnico, como referem várias fontes.

Contanto que no ano 2012, se lembrando do nível de deterioração que já foi apreciado no monumento escultural, porque a sua superfície tinha sido atacada fortemente pelos elementos e a agressividade contínua do ambiente marinho para qual está exposto, se decidiu empreender um estudo de diagnose rigoroso que concluiu em um projeto muito completo e inclusivo de restauração.

Este trabalho reabilitatório integral nos devolveu ao Cristo de Havana com um esplendor recuperado com o apoio de instituições muito diversas, e até mesmo com um arquivo adicional no que são incluídas recomendações e normas para garantir a manutenção e a conservação do trabalho pelo tempo.

O projeto em questão mereceu em 2013 o Prêmio Nacional de Restauração e a equipe multidisciplinar que tornou isto possível era igualmente reconhecido com os prêmios ICOMOS-Cuba e DOCOMOMO-Cuba daquele ano.

Agora chega para este símbolo inquestionável da capital cubana a bem merecida condição de Monumento Nacional, e de seguro aplaudida por esses que sim conhecem a paixão e o zelo de uma Jilma Madera capaz de nos dar um Cristo diferente, a partir de uma simples e caprichosa encomenda.

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