Crise econômica, zika e paz colombiana centram cúpula da CELAC
A crise econômica, a epidemia provocada pelo Zika vírus e o processo de paz na Colômbia dominaram a reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), recém concluída no Equador.
No terreno econômico sobressaiu a proposta feita pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a seus pares do continente de criar um plano tático anticrise para a região.
É a hora de um plano de solidariedade, de complementariedade, de desenvolvimento compartilhado de América Latina e Caribe. É hora de provar-nos, como o fizemos na política, exortou o mandatário, ao intervir na sessão plenária do evento.
Depois de afirmar que "em tempos de crises, a comunidade, os vizinhos e a família se procuram para se ajudarem", Maduro considerou que o bloco integracionista fundado em 2010 deve ser concentrado neste ano no tema econômico.
A presidenta do Chile, Michelle Bachelet, também chamou a atenção sobre a difícil situação econômica que enfrentam os países da Celac como resultado da queda dos preços das "commodities" como o petróleo e a desaceleração da economia chinesa.
A desigualdade imperante na América Latina, onde no dizer de Bachelet, a pobreza atinge 28 por cento, foi outro dos temas recorrentes nos discursos dos mandatários ou seus representantes que participaram na reunião celebrada na sede da União de Nações Sul-americanas, ao norte de Quito.
A respeito, o anfitrião da IV Cúpula, o presidente do Equador, Rafael Correa, reiterou que o maior desafiou da Celac será vender a pobreza, a qual, disse, é fruto da má distribuição dos rendimentos e da riqueza.
Correa, que entregou a presidência interina do bloco a seu colega dominicano Danilo Medina, revelou que no encontro privado que mantiveram os chefes de Estado foi discutida a tomada de medidas concretas para enfrentar a epidemia provocada pelo vírus zika na região.
Nesse sentido, a presidenta brasileira, Dilma Rousseff, anunciou que os ministros de Saúde da área se reunirão na terça-feira próxima no Uruguai para definir ações contra a doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti.
A única forma de cooperar agora é difundir entre nós as melhores práticas de combate ao vírus ou as melhores tecnologias, assegurou.
Os presidentes da Celac, organismo que agrupa a todos os países do continente americano, exceto Estados Unidos e Canadá, concordaram em celebrar as conversas que desde 2012 mantêm em Havana a guerrilha e o governo colombianos para pôr fim a um conflito armado de mais de 50 anos.
Depois de felicitar o presidente Juan Manuel Santos por sua contribuição ao processo de paz, seus colegas realçaram a disposição do bloco de somar à missão de Nações Unidas que supervisionará o cessar-fogo e a entrega de armas por parte das guerrilheiras Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia-Exército do Povo.
Outro dos acordos foi enviar uma missão de chanceleres a Haiti para obter informação sobre a crise eleitoral que vive essa nação caribenha, depois de que a oposição se negou a participar no segundo turno eleitoral previsto para o domingo passado.
No final do encontro, anunciou-se a aprovação de uma vinte declarações especiais que incluíram um chamado aos Estados Unidos a levantarem o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba, e a devolver à ilha caribenha o território de Guantánamo.
Em outros dos textos, se ratificou a solidariedade com a exigência argentina sobre as ilhas Malvinas, e se rechaçou o decreto do governo norte-americano onde se acusa a VenezuelaÂá de ser um perigo à segurança do país norte-americano.
O presidente interino da Celac, o dominicano Medina, comprometeu-se, por sua vez, a impulsionar a agenda do bloco de 33 países, em um ano, admitiu, de enormes desafios econômicos, sociais, ambientais e ideológicos.