Cuba e Estados Unidos sustentam conversas de alto nível

22 de Janeiro de 2015 5:15pm
claudia
Cuba e Estados Unidos sustentam conversas de alto nível

Cuba e os Estados Unidossustentam conversas na capital cubana, dedicadas nesta quarta-feira 21 ao tema migratório, em particular para avaliar as acções empreendidas por ambas as partes para enfrentar a emigração ilegal e o tráfico de emigrantes.

Na primeira parte deste encontro realiza-se a 28 rodada de diálogo entre as duas nações, com caráter bianual para examinar os acordos entre ambos os países adoptados em 1994.

O subdiretor da Direcção Geral de Estados Unidos do Ministério de Relações Exteriores Gustavo Machín informou que as conversas decorreram de forma respeituosa e construtiva pese a desacordos em alguns temas, como a Lei de Ajuste Cubano e a política de Pés secos, pés molhados.

Adiantou que existem avanços de cooperação até agora em assuntos como a técnica entre o Serviço de Guardacostas estadunidense e as Tropas de Guardafronteras cubanas.

Para hoje quinta-feira na manhã, também no Palácio de Convenções de Havana, esteve anunciada a reunião para o início da restauração de relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos e a abertura de embaixadas em Havana e Washington.

Este encontro esteve presidido pela secretária assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado do vizinho país, Roberta Jacobson, e pela diretora geral de Estados Unidos da Chancelaria cubana, Josefina Vidal.

Fontes diplomáticas cubanas reiteram a disposição do país de continuar sustentando com o governo dos Estados Unidos um diálogo respeituoso, baseado na igualdade soberana e a reciprocidade, sem menoscabo da independência nacional e a autodeterminação do povo cubano.

Em tal sentido o intercâmbio girará em torno das bases e o instrumento jurídico para o processo de restauração de relações, sustentadas nos princípios do direito internacional e os preceitos das Convenções de Viena sobre intercâmbios diplomáticos e consulares, instrumentos jurídicos dos quais ambos os países são signatários.

Este encontro histórico entre os dois países é seguido desde Havana por mais de 200 jornalistas dos mais importantes meios estadunidenses e do mundo.

A parte cubana elogia as medidas adoptadas pelo dignatário estadunidense para favorecer a retomada dos nexos bilaterais, mas considera ainda falta muito por avançar em temas como o bloqueio económico, comercial e financeiro imposto a Cuba de maneira unilateral pelos Estados Unidos.

A véspera, em seu discurso sobre o Estado da União, o chefe da Casa Branca defendeu sua decisão de iniciar um processo de mudanças na política para Cuba, anunciados o 17 de dezembro passado.

Ante uma sessão conjunta do Senado e a Câmara de Representantes, o mandatário pediu ao Congresso trabalhar neste ano para pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto contra Cuba desde faz mais de meio século.

Assinalou que com respeito a Cuba, Estados Unidos está a acabar com uma política que faz tempo caducou, pelo que é momento de tentar algo diferente.

Numerosas personalidades estadunidenses pediram a seu presidente novas medidas para avançar para o fim do bloqueio por mais de meio século contra Cuba.

Em cartas abertas dirigidas ao mandatário, os assinantes expressaram sua adesão à nova política norte-americana para o país caribenho, e entre outros reclamos pediram-lhe ademais ao dignatário trabalhe "com o Congresso para atualizar o marco legislativo em relação com Cuba para que também reflita as realidades do século XXI", em franca alusão à lei Helms-Burton, que codifica o regulamento legal do bloqueio a Cuba.

A lista de assinantes inclui ao ex-secretario de Estado George Shultz, o ex-subsecretário Strobe Talbott, e quatro ex-subsecretários setoriais da chancelaria: Arturo Valenzuela, Jeffrey Davidow, Alexander Watson (todos da divisão do Hemisfério Ocidental) e Thomas Pickering (Assuntos políticos).

Também assinaram os documentos o banqueiro David Rockefeller, o académico Francis Fukuyama, e o almirante James Stavridis, ex-chefe do Comando Sul das Forças Armadas estadunidenses e ex-comandante supremo da OTAN.

Diversas personalidades de origem cubano também figuram entre os assinantes, como os irmãos Alfonso e Andrés Fanjul, donos de Fanjul Corp., um dos maiores conglomerados açucareiros nos Estados Unidos, bem como Enrique Sosa, ex-presidente de Dow Chemical US, e Eduardo Mestre (Avis e Comcast).

Ao todo umas 78 figuras políticas veteranas, experientes, empresários e membros da comunidade cubano-americana solicitaram a Obama, que trabalhe num marco legal com o Congresso a favor da normalização das relações com Cuba.

Nos textos se pondera o passo dado por Obama o 17 de dezembro ao anunciar que trabalhará para normalizar as relações com Cuba depois de mais de meio século de inimizade e onde se reconhece, ademais, que a política do Governo norte-americano neste sentido tem fracassado.

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