Cúpula do Caribe sobre o clima fez chamado a maior solidariedade de países ricos
"O planeta terra é nosso berço comum. Uma Pátria compartilhada. Constitui um ecossistema indivisível onde fronteiras e vaidades nacionais não podem ocultar uma interdependência profunda na que os excessos de uns afetam a segurança e o futuro de outros. Nesta Pátria comum, riqueza e miséria, abundância e escassez, são só os extremos de uma mesma dinâmica circular das causas e os efeitos.
"Esta interdependência faz-se ainda mais evidente pelos desafios extraordinários que nos propõem a mudança climática, suas consequências em corrente, seus desastres em curso e por vir, a mudança brutal que se impõe a todos. Ninguém poderá se salvar sozinho e nem por si mesmo. Ninguém afundar-se-á sem que toda a biosfera, e suas capacidades de resiliência, sejam afetadas."
Assim começa o apelo realizado no Fort-de-France, em Martinica, numa reunião regional sobre o clima, na que se reconheceu que os territórios caribenhos enfrentam grandes problemas de erosão, inundações, danos nas barreiras coralinas, escassez de água potável e a ocorrência de furacões com alto potencial destrutivo. No entanto, só são responsáveis pelo 0,3 % das emissões contaminantes à atmosfera.
A região do Caribe, cuja contribuição à emissão de gases de efeito invernadouro é de maneira marginal, será no entanto parte das zonas mais duramente afetadas.
Suas populações já estão a sentir os efeitos da mudança climática, que poderia trazer consigo fenómenos extremos mais frequentes, mais intensos, modificar o regime das precipitações, ocasionar uma acidificação e um aquecimento dos oceanos, o branqueamento coralino, aumento do nível do mar, erosão costeira, salinização aquífera, o aparecimento de novas doenças contagiosas com alta incidência, redução na produtividade agrícola, interrupção das tradições de pesca.
Segundo assinala o texto, para além da emergência, das responsabilidades desiguais, das situações diferenciadas, há que admitir uma unidade de destino que obriga a um espírito de responsabilidade coletiva e uma exigência de solidariedade compartilhada, efetiva e concreta.
"Estes -aponta o documento- são os dois pilares de um alto nível de consciência do mundo sem a qual não podemos superar estes desafios. A comunidade internacional dispõe de menos de um ano para definir um dispositivo jurídico de obrigatório cumprimento aplicável a parte-las integrantes do Convênio-marco das Nações Unidas sobre a mudança climática (CCNUC).
Este acordo deve ser aprovado durante a 21sessão da Conferência das Partes (COP 21) que celebrar-se-á em Paris, França, em dezembro de 2015. Esse novo acordo deverá responder às recomendações que aparecem em 5to relatório de avaliação (AR5) do Grupo de experientes intergovernamentais sobre a evolução do clima (GIEC) e deverá ademais ter carácter perfeitamente evolutivo com o fim de tomar em conta os dados científicos na medida de suas projeções.
É um chamado também a compreender que uma cooperação e uma colaboração internacionais são indispensáveis para enfrentar tanto as causas como as consequências da mudança climática para proteger a região do Caribe no interesse das gerações futuras e do equilíbrio planetário; a escutar o chamado dos países mais vulneráveis, de maneira que esta mobilização internacional beneficie ao maior número de uma forma perfeitamente equitativa e a decidir por uma ajuda financeira, científica, técnica, e de toda a forma de acompanhamento, tendente a reforçar as capacidades da região para tomar as medidas de adaptação que fá-se-ão necessário.