México: Experiência mexicana em Sierra Gorda une paz social com desenvolvimento espiritual

29 de Setembro de 2006 12:00am
godking

É um dos casos de sucesso que será apresentado, por iniciativa do Ministério do Turismo brasileiro, no Fórum Mundial de Turismo - Destinations 2006, que começa em novembro em Porto Alegre.

Imaginem conhecer uma reserva mundial da biosfera onde, além das tradicionais caminhadas, banhos de cachoeira e observação de pássaros, poderemos também conviver e aprender com os povos rurais e indígenas, e ainda vivenciar experiências espirituais. Da sauna sagrada xamânica "Temascal" a caminhadas por trilhas desenhadas pelos franciscanos há mais de três séculos, passando pelo aprendizado dos conhecimentos produzidos pelos índios há muito mais do que isso, essa possibilidade existirá num futuro próximo, e bem no centro do continente americano: em Sierra Gorda, México.

"O único turismo que dá certo é aquele que se vale do que há de autêntico no território trabalhado", afirma o catalão Oriol Sallent I Boaventura, que apresentará o projeto "Ecoturismo Sierra Gorda - Na rota da conservação", vencedor do prêmio Tourism for Tomorrow Awards de 2006, na categoria Destinos.

A convite do Ministério do Turismo brasileiro, Oriol falará no painel "Turismo em Áreas Protegidas", parte da agenda técnica do Fórum Mundial de Turismo - Destinations 2006, que em sua terceira edição anual se despede do Brasil, com um encontro em Porto Alegre, de 29 de novembro a 2 de dezembro.

Sierra Gorda é uma área de quase 400 mil hectares do estado mexicano de Querétaro, decretada pela Unesco Reserva Mundial da Biosfera, em 1997. Há 18 anos vem sendo explorada como destino turístico pelo Grupo Ecológico Sierra Gorda, cujo principal objetivo é a preservação do meio ambiente e a implementação do desenvolvimento – sustentável, é claro – da região e das comunidades rurais e indígenas. Sempre dentro da filosofia de "estabelecer uma relação homem-terra de igualdade e intercâmbio, vendo o ser humano como uma peça a mais do conjunto da natureza", proporcionando assim a experiência de "redescoberta e retorno ao coração da Mãe Terra".

"As coisas acontecem de forma muito devagar, mas estamos muito felizes com os resultados. É melhor assim, aceitando e respeitando esse ritmo, pois assim aprendemos a trabalhar com esses povos, ao mesmo tempo em que eles também aprendem mais sobre suas origens e história", continua Oriol, 41 anos, com formação básica em Educação Física, mas há 20 anos dedicando-se ao turismo sustentável. Professor de "Esportes e Turismo Ativo" da Universidade da Catalunha, na Espanha, Oriol também faz parte da Fundação Schwab, organização suíça dedicada a ajudar o desenvolvimento de empresas com responsabilidade social. Com 15 anos de experiência na área, já desenvolveu trabalhos semelhantes em países como Turquia e Itália, e há três envolveu-se com o projeto de Sierra Gorda, primeiro como voluntário, ao lado da esposa, Ema. Há dois, entretanto, dá continuidade ao projeto, ao qual se dedica in loco um semestre por ano.

O projeto se estrutura em três pilares: uma rede de ecopousadas, a Red de Albergues Ecoturísticos Sierra Gorda - RASG, com três já funcionando e duas em construção; o Plano de Desenvolvimento do Turismo Sustentável e a Sierra Gorda Eco Tours, uma operadora turística criada especialmente para vender os produtos do lugar. As ecopousadas são pequenos hotéis distribuídos pela reserva, localizados próximos a cidades onde são desenvolvidas diferentes atividades, sempre com a participação da comunidade. "Não são hotéis de luxo, mas possuem um bom padrão de qualidade, considerando-se o que as pessoas esperam, como limpeza, boa comida, hospitalidade e informação".

Algumas atividades já estão em andamento, como em Santa María de Cocos, onde o turista aprende a criar seu próprio jardim. Em San Juan de Los Durán estudantes podem aprender a cultura local em "semanas científicas". Já a pequena localidade de La Trinidad atrai o público da melhor idade, com atividades como oficinas de hortas. Lá vivem apenas 15 famílias e, curiosamente, só se chega depois de viajar de caminhonete e andar durante uma hora e meia por trilhas. A cidade que proporcionará a experiência xamânica será escolhida em outubro.

A organização-não-governamental Reserva da Biosfera é a responsável pelo plano de desenvolvimento do turismo de forma sustentável, que se concentra na melhoria da infra-estrutura e na preservação da natureza. "Temos metas de planejamento, como por exemplo finalizar a sinalização de toda a reserva nos próximos 10 anos", explica Oriol, também defensor de uma operadora específica para a reserva. "A observação de pássaros durante uma semana inteira, muito procurada por turistas americanos e ingleses, por exemplo, foi um passeio criado pela nossa operadora; se ninguém vende, não há como conhecer o produto", conclui.

Fonte: Ministério do Turismo Brasil

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