O Kremlin, o monumento mais caro do mundo?
Que falem mal da gente é terrível, mas que não falem é ainda pior, disse Oscar Wilde há já bastantes anos, mas a frase é de grande atualidade. Explica-se assim a confusão que está gerando na Rússia o tema das visitas organizadas ao Kremlin, que pode virar o monumento mais caro do mundo, para turista, claro.
A origem do problema é um ponto nos contratos entre os museus do Kremlin e as operadoras turísticas que estabelece que o Kremlin determina quem realiza a excursão: o museu ou o guia das agências.
Nos últimos tempos, o guia das agências realizava a visita com os grupos, mas agora se decidiu, como estabelece o contrato, que sejam os guias do museu que acompanhem os grupos.
Os operadores dedicam muito esforço à preparação do pessoal relacionado com os turistas por ser um aspecto decisivo na satisfação dos clientes, mas a nova medida interrompe essa relação do guia com o grupo, para introduzir um novo guia que mostre o monumento do Kremlin.
Na Rússia, as barreiras idiomáticas e culturais são consideráveis, daí que o guia seja o vínculo entre o turista e o destino.
A Associação de Guias e Intérpretes, em parceria com a administração dos museus do Kremlin, preparou um conjunto de guias que cobre 30 idiomas. Uma excursão ao Kremlin com um deles é uma garantia para o turista, que paga 350 rublos por isso, mas se o guia é do próprio Kremlin, então o valor é de 2000 rublos, incluindo apenas um templo. A visita à Armaria somaria 700 rublos, de maneira que uma visita ao Kremlin poderia custar assim 180 euros, sendo o monumento mais caro do mundo.