Porto Alegre quer se tornar destino gay friendly

16 de Julho de 2015 6:27pm
claudia

Responsável por 30% do faturamento das empresas de turismo de lazer em todo o mundo, o segmento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) está no foco do trade turístico da capital gaúcha.

Um seminário promovido pela Secretaria Municipal de Turismo (SMTur) marcará as primeiras iniciativas do poder público voltadas para a estruturação deste segmento em Porto Alegre. Sob o tema Cenários do Turismo LGBT, a palestra será ministrada pela presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat GLS), Marta Dalla Chiesa, que irá apresentar números e potencialidades deste mercado no Brasil e no mundo, além de estratégias de sucesso adotadas por grandes empresas e destinos gay friendly, seguidas de dicas para ingressar e trabalhar com viagens para o segmento. O evento é fechado para convidados, e ocorre a partir de 14h, no Novotel Três Figueiras.

Em setembro, será lançado o Programa de Turismo LGBT da Capital em feira promovida pela Associação Brasileira de Agências de Viagem. De acordo com o titular da SMTur, Luiz Fernando Moraes, a secretaria também estuda proposta de utilização de um selo gay friendly na hotelaria de Porto Alegre, que será entregue às empresas que aderirem ao programa. "Estamos preparando um inventário sobre o tema, e construiremos um guia turístico com sugestões de roteiros e um hotsite específico para o segmento, com informações concentradas", completa Morales.

De forma isolada, já há quem trabalhe com este público na Capital. É o caso da Equality Turismo. Quando abriu a empresa, em 2007, a proprietária, Mariana Fortes, optou por segmentar este público, ao perceber que não havia no Estado nenhuma agência especializada neste sentido. "Focamos em ter um diferencial."

A empresária afirma que até hoje ainda é bastante difícil encontrar operadoras ou pacotes de viagens específicos para o segmento. "Por isso, montamos roteiros personalizados de acordo com o perfil de cada cliente." Viagens culturais e cruzeiros são alguns exemplos de produtos que encantam o público gay, afirma Mariana. A cada pacote vendido, ela cuida para que o receptivo dos destinos eleitos esteja preparado para atender com qualidade o segmento, buscando exclusivamente estabelecimentos gay friendly. "Também damos dicas de baladas gay, bairros e guetos LGBT de cada cidade", completa a agente de turismo, ressaltando que, em geral, este é um público "mais decidido" do que o convencional, e que pesquisa mais sobre os destinos - em geral, sabendo exatamente o que quer. A aposta da Equality foi certeira, e atualmente o segmento representa 50% de vendas dos pacotes.

Em andamento na secretaria municipal de Turismo, o trabalho voltado para o segmento foi iniciado há dois meses, integrando outras ações na busca de novos mercados para fortalecer o trade. "O turismo LGBT movimenta 15% do faturamento do setor em todo o mundo. Este é um público de alto poder aquisitivo, e que permanece por mais tempo nos destinos", observa o titular da SMTur. Segundo a Organização Mundial do Turismo, enquanto o setor cresce 3,8% ao ano, o segmento LGBT cresce 10,2%. "Em geral, o ticket médio deste público é 30% maior do que o turista de lazer comum", diz Moraes.

Marta, da Abrat GLS, lembra que a cidade de São Paulo recebe um incremento de R$ 360 milhões a cada ano na economia durante a semana da Parada do Orgulho Gay. No carnaval do Rio de Janeiro, o movimento financeiro de turistas do público LGBT é de R$ 460 milhões/ano

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