Praias do Brasil muito afetadas pelas manchas de petróleo

31 de Outubro de 2019 10:28am
Redação Caribbean News Digital Portugues
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Manchas de petróleo de origem desconhecido espalham-se há quase dois meses ao longo a mais dois mil km do litoral nordeste do Brasil, sem que ninguém saiba como deter o fluxo nem quais serão seus impactos ecológicos, sanitários e económicos.

“É desolador, desesperante, especialmente quando se sabe que o impacto será enorme. É muito duro não poder proteger os manguezais e os estuários”, diz a oceanógrafa Mariana Thevenin, quem começou a ver as manchas em meados de outubro em Salvador (estado de Baía) e fundou o grupo com amigos.

Temos visto aso “Guardiães da costa”, que já mobilizou a centenas de pessoas para limpar os balneários, imagens de pessoas coletando petróleo na areia ou o mar, desbordadas pelas ondas, têm circulado nas redes brasileiras, ainda que sem causar o mesmo impacto que os incêndios na Amazônia semanas atrás.

Mas a gravidade da situação não é menor, opinam especialistas. “É uma situação muito crítica”, diz Anna Carolina Lobo, gerente do programa marinho do Fundo Mundial para a Natureza-Brasil (WWF-Brasil). “Ainda não é possível quantificar o prejuízo, mas o que sabemos é que as praias podem levar ao menos vinte anos para se recuperar e o impacto económico para a pesca e o turismo é enorme”, agrega.

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Que passou, negligencia?

Uma investigação do diário O’Globo afirma que as autoridades demoraram 41 dias para executar o Plano Nacional de Contingencia para estas situações. Uns cinco mil militares foram enviados nesta semana como reforço para ações de limpeza, 51 dias após a detecção das primeiras manchas.

“É absolutamente incrível, a situação mostra uma extrema falta de preparação para lidar com este tipo de coisas”, diz Lobo. O ministro de Médio Ambiente, Ricardo Salles, assegura no entanto, que o governo atuou desde o princípio.

O governo de Jair Bolsonaro afirma ademais que o petróleo é venezuelano, mas há divergências sobre a origem e diferentes hipóteses da causa do derrame.

A estatal Petrobras disse nesta sexta-feira que o petróleo se move por embaixo da superfície do mar, pelo qual é impossível o manter afastado das praias com barreiras de contenção.

“Nenhum radar consegue ver o petróleo submergido”, reforça o diretor de proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Olivaldi Azevedo. Mas esses argumentos não convencem a especialistas ou voluntários:

“É demolidora a omissão do governo federal”, diz Thevenin.

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Estragos a longo prazo

Autoridades locais e regionais informam sobre os riscos de se banhar nestas praias e de consumir pescado, mas o governo federal não tem decretado emergência nem centralizado orientações.

Meios de imprensa informaram que 17 pessoas foram aos hospitais com mal-estar depois de tocar o petróleo.

“Se tratar de um material tóxico” que entra na corrente alimentaria, ao se depositar na microfauna consumida pelos peixes, a sua vez ingeridos por mamíferos de maior tamanho e por seres humanos, disse Luciana Salgueiro, coordenadora de políticas públicas do Instituto Biota de Conservação em Alagoas.

Em termos ambientais, Salgueiro sustenta que “a situação configura um desastre sem precedentes, cujos efeitos permanecerão na natureza por anos”. Tartarugas, delfins e aves têm morrido ou têm sido resgatados quase asfixiados pelo petróleo. As manchas aproximam-se a lugares de migração de baleias, e numerosos crustáceos foram encontrados com restos de petróleo, divulgaram meios locais.

Apesar de que as manchas continuam aparecendo a diário, com a chegada do verão, o turismo ainda não sente o golpe.

CVC, uma das maiores operadoras turísticas do Brasil, disse através de sua assessoria de comunicação que “curiosamente os clientes estão tranquilos”.

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