Ampliação do Canal do Panamá revela vestígios arqueológicos

13 de Novembro de 2007 7:04am
godking

As escavações feitas para ampliar o Canal do Panamá estão desenterrando objetos e peças pré-colombinas de valor incalculável para traçar a história da região.

Vasos de cerâmica, pontas de lanças e flechas, restos de madeira e navalhas de ágata, além de uma tocha, uma conta tubular de ouro e outros objetos antigos foram descobertos durante incursões de arqueólogos, disse à AFP Zuleika Mojica, diretora de acompanhamento ambiental da via interoceânica.

Uma segunda descoberta contém "restos de produtos de consumo do início do século XX e os restos da casa de uma família de afro-antilhanos do Canal".

Estes restos correspondem à época das primeiras obras de construção do Canal, iniciadas no último quarto do século XIX pelo conde francês Fernando de Lesseps e finalizada pelos Estados Unidos em 1904 e 1914.

A área sofre intervenções "desde o início do século passado com a construção de uma ferrovia (1855) e do Canal, além das escavações para um terceiro jogo de comportas em 1939 e a presença de bases militares do exército americano até 1999", explicou Mojica.

A presença de elementos arqueológicos provavelmente se deve aos "pequenos assentamentos em uma complexa rede de interações econômicas e sociais no setor pacífico (área central do Panamá)", de acordo com a funcionária do Canal.

Há um ano, a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) contratou os arqueólogos John Griggs e Luis Sánchez, que confirmaram "a presença de vestígios arqueológicos" na zona de alinhamento do setor pacífico ou rota da nova comporta.

Dois achados arqueológicos nos sítios de Cocolí e Calabaza, no Pacífico, foram identificados por Griggs e Sánchez como peças pré-hispânicas, além de outras mais recentes.

Uma análise com o método Carbono 14 realizado na Beta Atlantic de Miami, Estados Unidos, confirmou que há itens de 680 a.d.C, mas também de operários que trabalharam na construção do Canal, sob a administração americana.

Mojica informou à AFP que a Autoridade do Canal do Panamá contratou também o arqueólogo Aureliano Sánchez, do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais (STRI) para restaurar as peças descobertas.

A direção de Patrimônio Histórico do estatal Instituto Nacional de Cultura (INAC) coordena os trabalhos e cuida das peças que a ACP exibirá quando a escavação terminar.

O resgate arqueológico não será afetado pela ampliação do Canal, porque o estudo de impacto ambiental realizado para o megaprojeto estabelece medidas de redução "para a proteção dos recursos arqueológicos", disse a especialista.

Uma equipe de cientistas e arqueólogos deve monitorar os movimentos de terra na área de construção do terceiro jogo de comportas, já que "qualquer dano às descobertas pré-colombianas será irreversível, visto que os bens arqueológicos são recursos não renováveis", alertou Mojica.

A ampliação do Canal, com a instalação de um terceiro grupo de comportas, está sendo realizada a um custo de 5,25 bilhões de dólares, e os primeiros trabalhos de escavação seca do lado pacífico começaram no dia 1º de setembro. A previsão de término das obras é 2014 / AFP.

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