BID: América Latina e Caribe devem ter crescimento mais lento nos próximos quatro anos

19 de Março de 2009 4:40pm
godking

Líderes da América Latina e do Caribe preveem que a renda per capita cairá ou terá um crescimento moderado no período de 2009-2012 e que os governos dependerão mais de financiamentos de instituições internacionais, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Essas expectativas contrastam vivamente com o desempenho econômico recente da região, em que o produto per capita cresceu 4,1% ao ano nos últimos cinco anos.

Os líderes da região acreditam que os governos irão manter ou aumentar sua influência na economia e citaram a luta contra a pobreza e a desigualdade como o principal desafio de desenvolvimento nos próximos quatro anos, seguida de perto pela redução da violência e da criminalidade e pela melhoria da qualidade da educação.

"A pesquisa mostra que os líderes da América Latina e do Caribe estão muito preocupados com a economia mundial e com os possíveis impactos da crise sobre a pobreza", disse Luis Alberto Moreno, presidente do BID. "Organizações multilaterais como o BID têm um importante papel anticíclico a desempenhar e devem ampliar seu apoio ainda mais nos próximos anos para atender as necessidades crescentes da região."

O BID debaterá os resultados da pesquisa e políticas para responder à crise financeira atual durante a 50a Reunião Anual de sua Assembleia de Governadores em Medellín, na Colômbia, de 27 a 31 de março. Os representantes dos 48 países membros do Banco, que este ano incluirão a China pela primeira vez, também discutirão possíveis caminhos para o BID aumentar o seu apoio à região.

O BID entrevistou 317 pessoas influentes de governos, setor privado, organizações sem fins lucrativos, meios de comunicação e universidades em 26 países membros da América Latina e do Caribe entre novembro de 2008 e janeiro de 2009. A pesquisa tinha a intenção de medir a percepção de formadores de opinião, políticos, autoridades do governo, professores universitários, membros da sociedade civil e executivos de empresas a respeito da economia.

A pesquisa será apresentada durante o seminário "Os maiores desafios de nosso tempo" em 28 de março, que terá o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, como mediador ,e Enrique V. Iglesias, secretário geral do Secretariado Geral Ibero-americano, como um dos debatedores.

Mais pessimistas e mais otimistas

Significativos 92% dos líderes da região acreditam que o produto interno bruto crescerá menos ou apenas ligeiramente acima do aumento da população, de acordo com a pesquisa. Os líderes da Nicarágua, Haiti e El Salvador são os mais pessimistas. Mais de dois terços dos líderes entrevistados nesses três países acreditam que a renda per capita cairá nos próximos quatro anos.

Peru e Chile estão entre os mais otimistas. Cerca de um terço dos líderes entrevistados no Peru e mais de um quinto dos pesquisados no Chile disseram que esperam que a renda per capita cresça vários pontos percentuais acima do aumento populacional.

Financiamento

Quase metade dos líderes pesquisados acha que seus países dependerão mais de organizações internacionais como o BID para financiar suas contas correntes e orçamentos. Os países do Caribe e da América Central estão entre aqueles em que a maioria dos líderes acredita que a necessidade de financiamento proveniente de organizações internacionais aumentará nos próximos quatro anos.

Em países maiores, como Brasil, Chile e México, a maioria dos líderes espera que a dependência de financiamento internacional não venha a mudar muito. Apenas na Nicarágua e no Haiti a maioria dos líderes acredita que o financiamento por organizações internacionais cairá nos próximos quatro anos.

Dependência de financiamento de organizações internacionais 2009-2012

Mais de 90% do total de líderes entrevistados acreditam que os governos aumentarão ou manterão sua influência sobre a economia nos próximos quatro anos, com 49% esperando pouca mudança e 43% apostando que haverá um aumento no papel do governo. Todas as pessoas pesquisadas na Bolívia, Equador e Venezuela acreditam que o governo aumentará a sua influência sobre a economia.

Maiores desafios para o desenvolvimento

A crise mudou a visão a respeito de alguns dos maiores desafios para o desenvolvimento que a região enfrentará nos próximos quatro anos. A pesquisa pediu que os líderes votassem nos cinco desafios de desenvolvimento mais importantes para seu país, em uma lista de 16 itens.

A maior diferença relaciona-se à situação da economia e das instituições financeiras, que estão agora entre as cinco maiores fontes de preocupação na região. Em uma pesquisa similar realizada em 2006, esse item não estava sequer entre os dez problemas mais votados.

A pobreza e a desigualdade receberam a maior quantidade de votos dos líderes na pesquisa de 2009, em comparação com educação três anos atrás. Violência e criminalidade, particularmente associadas ao tráfico de drogas, são a segunda maior preocupação para os líderes da região, subindo do quarto lugar na pesquisa de 2006.

A lista dos desafios mais importantes para o desenvolvimento variou amplamente de país para país. Em países maiores e mais ricos, como Brasil e Chile, a educação é considerada o problema número 1. Na Venezuela e no Equador, a situação da macroeconomia é a maior fonte de preocupação, enquanto em El Salvador e Guatemala pobreza e desigualdade são o maior desafio para o desenvolvimento.

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