Gabo voltou a Macondo no trem amarelo

01 de Junho de 2007 8:51am
godking

Um trem amarelo movido a vapor chegou nesta quarta-feira a Aracataca, no Caribe colombiano, levando Gabriel García Márquez, em uma viagem de retorno à sua Macondo natal.

O escritor colombiano Gabriel García Márquez - apelidado carinhosamente de Gabo - retornou a Aracataca, seu povoado natal, após 25 anos de ausência, e o fez no "trem amarelo" que aparece em suas obras e que percorria a zona bananeira do norte do país há oito décadas.

Gabo, seguiu assim a temporada de homenagens que começou no dia 6 de março, quando completou 80 anos, e continuou dias depois no 4º Congresso Internacional da Língua Espanhola, onde foram comemorados os 40 anos da publicação de Cem anos de solidão, seu principal romance, e os 25 do Prêmio Nobel de Literatura.

O trem partiu da estação ao lado do porto de Santa Marta, a cidade mais antiga da Colômbia, fundada em 1525, e capital do departamento (estado) caribenho de Magdalena, levando quase quatro horas para cobrir os 80 quilômetros do percurso.

O trem é um projeto turístico e cultural que pretende recuperar esse sistema de transporte e impulsionar o desenvolvimento e a cultura da região.

Após serpentear as montanhas à margem do mar, a ferrovia se abriu passagem entre os bananais, enquanto os habitantes dos povoados e trabalhadores das fazendas saíam para saudar a caravana.

Os vagões passaram por Gaira, Bonda, Ciénaga, Riofrío, Orihueca, Prado, Sevilla - que foi a sede da empresa americana United Fruit Company-, Guacamayal, Tucurinca e, finalmente, Aracataca.

Foi entre Guacamayal e Sevilha de onde se diz que saiu o nome de Macondo, imortalizado como universo mítico da obra de García Márquez e que, segundo diferentes estudiosos, provém do nome de um tipo de banana de origem africana ou de uma das fazendas da região.

Ao chegar a Aracataca, o escritor passeou pelas ruas poeirentas em uma carroça puxada por cavalos, no meio de 34 graus centígrados à sombra e depois foi a um almoço no qual foram serviram pratos típicos do Caribe.

O escritor do realismo mágico, conhecido por sua lendária timidez e surpreendido pelas mostras de afeto das pessoas, se limitou a fazer cara de pânico pelo que o esperava ao descer do trem e a dizer: "Todos sabem que eu não inventei nada?" / EFE

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