Maior acesso ao ensino médio, mas com deficiências e desigualdades

04 de Dezembro de 2007 1:41pm
godking

O maior acesso do número de alunos ao ensino médio é um dos destaques do Relatório de Monitoramento Global da Educação para Todos (EPT), apresentado na semana passada pela Unesco. No entanto, o documento ressalta a necessidade de melhorar a qualidade da educação. O acesso ao ensino na América Latina e Caribe é um dos maiores obstáculos para o desenvolvimento humano, de acordo com a Organização.

Segundo o relatório, em 2005, havia 59 milhões de estudantes matriculados em escolas de ensino médio em países da América Latina e Caribe, o que representa aumento de 5,5 milhões no número de alunos (10%) desde 1999.

A avaliação da Unesco é de que os índices de participação dos alunos no ensino médio aumentaram significativamente, sobretudo no início dos anos 90.

O relatório destaca que a média de participação dos alunos no ensino médio aumentou em 23 países. Nações como Belize, Costa Rica, Guatemala e Venezuela apresentaram os maiores índices, com crescimento acima de 30%. A Unesco classifica de "compulsória" a participação de alunos nos primeiros anos do ensino médio em 90% dos países pesquisados.

O aumento da participação efetiva no ensino médio revelou reflexos também no ensino superior. O relatório registra que 15 milhões de alunos da América Latina e Caribe ingressaram no ensino superior em 2005, cerca de 5 milhões a mais do que em 1999.

A maioria das novas instituições de ensino superior surgiu em países populosos, como é o caso do Brasil, que registrou acréscimo de quase 2 milhões de alunos em relação a 1999. Em nações como Trinidad e Tobago e Cuba, os índices de ingresso ao nível superior mais do que dobraram durante o mesmo período.

Entretanto, o relatório da Unesco alerta que, apesar da expansão no setor de educação superior, uma parcela relativamente pequena da população com idade para cursar esse nível na América Latina e Caribe tem acesso às instituições que oferecem esse tipo de ensino nos países pesquisados.

Qualidade da educação

Baseado em avaliações com alunos da região, o documento revela baixo aprendizado na maioria dos 11 países pesquisados. No Brasil, no Chile e no Peru, os índices de qualidade do ensino permanecem estáveis.

O estudo, no entanto, mostra que de 34% a 63% dos alunos com 15 anos que apresentaram resultados abaixo do nível mínimo no quesito leitura em 2003 residem em países em desenvolvimento, incluindo Brasil e México. Em nações como Argentina e Colômbia, mais de 40% das crianças da 4ª série do ensino fundamental foram classificadas com média mínima ou inferior em leitura e compreensão de textos em 2001.

Segundo a Unesco, na maioria dos países pesquisados, crianças e jovens residentes em áreas rurais apresentam pior desempenho na escola do que alunos de áreas urbanas. As exceções são Argentina e Colômbia, onde as disparidades entre centros urbanos e rurais são apontadas como "relativamente pequenas".

O relatório apresenta ainda performances baixas e desiguais em disciplinas de língua local e matemática em muitos países da região. No Haiti, apenas 44% dos alunos que cursaram a 5ª série em 2004 e 2005 tiveram desempenho considerado satisfatório pelo Ministério da Educação do país.

A Unesco classificou Belize, Colômbia, El Salvador e México como países que apresentaram progresso na qualidade da educação.

Quanto ao número de professores em escolas primárias da América Latina e do Caribe, o documento registra aumento de 11% entre 1999 e 2005, o que representa quase 3 milhões de professores a mais. Na média, porém, apenas 82% dos professores do ensino primário eram capacitados em 2005.

Aruba, Bermuda, Cuba e El Salvador registraram 100% de professores primários capacitados para o ensino. Índices menores do que 65% de capacitação foram encontrados em Belize, Dominica, Guiana e São Cristóvão e Nevis.

Fonte: Agência Brasil

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