O Quixote Negro do Caribe

22 de Outubro de 2014 10:12am
claudia
O Quixote Negro do Caribe

Aquele menino nascido em Ti Arriba, Songo La Maya talvez, nunca pensou ser um eterno apaixonado da cidade mais quente de todo o Caribe, Santiago de Cuba; nem que pouco a pouco, fosse perdendo o nome com que seus pais o baptizaram em 15 de outubro de 1945, para se converter em O Quixote Negro do Caribe.

O Grupo Excelencias propõe-lhe conhecer a respeito da impronta do importante poeta e jornalista santiaguero Jesús Cos Causse.
 
Muitos conheceram-no como o Quixote Negro do Caribe, seu amigo íntimo Joel James Figarola dizia sua "fina estampa" (alto, delgado, frente despejada e queixo incipiente) o assemelhava fisicamente com o último dos cavalheiros andantes, mas seu quixotismo incorporava, não só virtudes do Quixote original (desinteresse, valentia, defesa dos humildes e deserdados da fortuna), senão também de seu fiel escudeiro Sancho  (modéstia, lealdade, realismo, sentido do humor,  picardia...).

Quando Cos Causse abriu os olhos ao mundo a vida lhe guardava indeléveis presentes, mas o mais especial, foi a poesia. O verso afiado sem importar temática, a palavra acertada no momento correto e um lirismo natural caracterizou sua obra poética.

Da sua pluma saíram poemários como Com o mesmo violino (1970), O último trovador (1975), As canções dos heróis (1975), De antanho (1979), As ilhas e as vaga-lumes (1981), Lenda do amor (1986), Como uma serenata (1988), O poeta também esteva na festa (1999) entre outros que o fizeram se converter num dos poetas mais importantes da segunda metade do século XX cubano.

A poesia para o Quixote Negro do Caribe era vida, companhia permanente, uma forma diferente de viver pois brotava-lhe de qualquer parte do corpo como um manancial.

Não só foi a poesia, o jornalismo também foi outra paixão na vida deste santiaguero fabuloso, legendário, conversador, incansável ante a geografia da sua cidade e o intenso calor que abraça durante todo um ano a naturais e visitantes.

Suas crônicas tinham espaço fixo nas páginas do jornal- naquele tempo- Sierra Maestra da província, amém das publicações em outros meios nacionais e estrangeiros que conheceram da excelência de sua prosa. Cos escrevia e recreava com o mais mínimo detalhe sua literatura, ao tempo que plotava-lhe o selo do santiaguero e caribenho.

Como poeta e jornalista foi distinguido mais uma vez. Entre seus reconhecimentos encontram-se a placa José María Heredia, a réplica do machete de Máximo Gómez, distinção pela Cultura Nacional e a medalha Raúl Gómez García.

Por outra parte, foi vice-presidente da UNEAC em Santiago de Cuba, membro da UPEC e da Sociedade Cultural José Martí e no estrangeiro foi Membro de Honra de Escritores da Venezuela, da Associação de Escritores da Itália e da União de Escritores da Grécia e Filho Ilustre de Santiago de los Caballeros, República Dominicana.

Outra das faceta da vida deste bardo foi como encarregado de assuntos culturais na  Embaixada de Cuba na Jamaica desde 1973 a 1976.  Bem como assessor do Ministério de Cultura no país.

Cos Causse conhecia a cada lugar de Santiago de Cuba e a magia que envolvia o lugar, mas a Casa do Caribe era especial porque foi “sua casa”. No seu pátio compartilhava com seus amigos as inverosíméis histórias de suas antepassados para que não ficassem esquecidas, acompanhado de um bom gole de rum que não lhe podia faltar. Ali também se lhe via fazendo parte do conselho de redação da revista Do Caribe e promovendo o trabalho da instituição, da qual foi fundador.

Durante os Festivais do Caribe ou Festa do Fogo presidia a Oficina Internacional de Poesia “O Caribe e o Mundo”.

Jesús Cos Causse tem morrido em 23 de agosto de 2007, seu corpo desapareceu fisicamente; mas segue vivendo na cada um de seus poemas, crônicas, lendas…  No pátio da Casa do Caribe ou em qualquer um lugar do mundo onde desafio em mais uma ocasião a morte.

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