Paco Torreblanca anuncia provocações em Santiago de Cuba

25 de Maio de 2015 9:43pm
claudia
Paco Torreblanca anuncia provocações em Santiago de Cuba

Paco Torreblanca, considerado o melhor maestro confeiteiro e chocolateiro do mundo, apresentará em Cuba uma conferência como suas postres: deliciosa, provocativa e capaz de inspirar múltiplas emoções. Assim fá-lo-á durante o I Seminário Gastronómico Internacional  Excelencias Santiago de Cuba 2015 e o I Simpósio Internacional do Cacau ao Chocolate, a se celebrar de 26 a 30 de maio de 2015 em Santiago de Cuba.

Segundo confessou em Havana, durante uma conferência de imprensa celebrada no Hotel Memories Miramar, será uma mostra de agradecimiento aos cubanos por convidar a esta terra que aprendeu a amar há anos, quiçá influído pela herança republicana de seu pai. Ademais, tem por norma evitar o prato plano e inexpresivo.

Torreblanca foi apresentado em Havana por José Carlos de Santiago, editor chefe do grupo Excelencias, quem realçou a mordomia de contar aqui com este homem modesto, alguém que aprendeu com os anos que a cada vez precisa menos para ser feliz. Isso sim, não podem lhe faltar suas duas paixões: a família e sua profissão.

“Consagrei-me ao trabalho no ponto que quase não sei fazer outra coisa. Minha vida dediquei-a ao estudo das matérias primas, a dar conferências, abrir escolas. Faço o que me dá a vontade e me serve para viver, portanto sou um privilegiado”, afirmou.

Ainda que admitiu que não conhece praticamente nada da confeitaria tradicional cubana, matéria na que prometeu se aplicar com afinco, Torreblanca sim conhece e valoriza os produtos deste país, como seu cacau. Ao respeito, considerou ao trinitário seu produto insígnia, algo bem como o Channel No. 5 para a perfumaria, um produto que só precisa ser levado sabiamente para a excelência.

Ao perguntar-lhe se o tradicional poderia ser gourmet, Torreblanca advertiu que inclusive os postres mais vanguardistas e trasgresores parte de uma base. “Se não conheces as raízes não podes evoluir. Pode-se atualizar um doce sem matar seu essência, é mais, acho que esses princípios, essa personalidade deve ser defendida a toda a costa”, sentenciou, simultaneamente que ratificou à confeitaria como uma arte que assume com a cabeça nas estrelas e os pés na terra.

Ter estudado desde os 12 até os 24 anos de idade em Paris, ao amparo do grande pasteleiro Jean Millet, foi algo que o marcou profundamente. “Tive a sorte de ter-me educado num país de uma rectitude e rigor profissional extraordinário, e de ter voltado depois a Espanha para poder pensar e criar de uma forma diferente. Soa paradójico, mas há uma interessante correlação aí”, afirma o também Doutor Honoris Causa por várias universidades.

Culé consequente, apaixonado de Alicante e fiel a seus velhos amigos de infância, com os quais ainda se reúne de sábado em sábado, Paco lamentou que a crítica gastronómica tenha perdido força ante a avalanche de opiniões que propicia a era digital, e lhe dedicou um respetuoso chapó a dois grandes, Manolo Vázquez Montalbán e Caio Apicius.

Sobre sua presença em Cuba, afirmou que não veio por dinheiro, senão pela sua afinidade com este povo, que conheceu anteriormente numa visita privada. No oriente cubano, além de ir conhecer os campos de cacau de Baracoa, disertará sobre a evolução do chocolate em nível de formas e texturas, sabedoria que já compartilhou em seu livro A Arte Efémera. “Acho que o seminário será um sucesso total, e sinceramente espero que vingam outros profissionais de renome em próximas edições”, concluiu.

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