ACP espera tomar uma decisão após treze dias de suspensão das obras

A suspensão das obras do principal projeto da ampliação do Canal do Panamá cumpriu treze dias, com a expectativa que a administração da via tome decisões definitivas sobre seu o futuro.
O administrador da Autoridade do Canal do Panamá (ACP), Jorge Quijano, falou na semana passada de um acordo virtual com o consórcio construtor das obras, liderado pelas empresas Sacyr, de Espanha, e Impregilo, da Itália, e disse que só faltava o visto bom da assinatura Zurich, garante do projeto, que deve converter em contribuas líquidas uma fiança de 400 milhões de dólares.
“As negociações têm que terminar no mais tardar na próxima terça-feira”, disse Quijano o 12 de fevereiro ao pleno do Parlamento, depois de afirmar que a ACP e o Grupo Unidos pelo Canal (GUPC) tinham “em princípio” conseguido “um acordo que pode dar resultados”, ainda que existissem detalhes que polir e faltava plasmá-los sobre o papel.
Fontes da ACP disseram para Efe que esse ente autônomo do Estado mantém-se “atento a como se vão movendo as coisas” e que na segunda-feira 17 suas autoridades não tinham programado nenhum pronunciamento sobre a suposta data limite de manhã.
Por sua vez, fontes próximas ao GUPC asseguraram a Efe que amanhã “não é uma data limite” para as negociações e que, em todo caso, é Zurich a que deve se pronunciar.
A crise do projeto de construção das novas eclusas do Canal do Panamá, que permitirão o passo de barcos com até 12.600 contêiners, quase o triplo do atual, deriva de que o consórcio alega que ficou sem fluxo de caixa por sobrecustos que cifra em mais de 1.600 milhões de dólares.
A ACP não aceita os supostos custos extraordinários por “desproporcionados e não sustentados”, e faz questão de que sejam as instâncias internacionais previstas no contrato vigente as que decidam quem tem a razão.
Na semana passada ante o Parlamento, Quijano asseverou que a “solução” do conflito passava porque Zurich possa contribuir monetariamente “para poder co-financiar” o cerca do 30 % que falta da obra.
De se concretar o acordo, incluído o financiamento por parte da asseguradora, as obras suspendidas desde o passado 5 de fevereiro poderiam se retomar muito rapidamente, em matéria de dias, segundo explicou Quijano ante os deputados.
Revelou que os acordos virtualmente atingidos pelas partes se baseavam em uma proposta que estabelece que a ACP outorgue um progresso adicional de 100 milhões de dólares.
O GUPC contribuirá outros 100 milhões, aos que se somarão os 400 milhões de Zurich, além de uma moratória à devolução de outros progressos já entregados pelo Canal ao consórcio, que totalizam 784 milhões de dólares.
Quijano precisou que, em caso que se concrete o acordo com o consórcio, a culminação da ampliação da via se atrasará ao menos até dezembro de 2015 e lhe trará à ACP um “lucro cessante” de mais de 95 milhões de dólares.
A construção do terceiro jogo de eclusas do Canal do Panamá devia estar lista por contrato em outubro próximo, mas no ano passado o GUPC anunciou um atraso para junho de 2015.
Caso o acordo não se consegue e a ACP tome as obras, o atraso seria maior, afirmou Quijano sem precisar o tempo, e trará um custo adicional aos 3.118 milhões estabelecidos no contrato que chegaria aos “400 milhões de dólares”, exatamente o monto do seguro em mãos de Zurich.
O GUPC se adjudicou em 2009 o projeto da construção do terceiro jogo de eclusas por sua oferta de 3.118 milhões de dólares, e o projeto registra cerca de um 70 % de avanço.
A Autoridade do Canal tem dito ter pagado ao consórcio 2.831 milhões de dólares, 784 em antecipos reembolsáveis, além de ao menos 160 milhões em custos extra.