América Latina: diversos graus de resistência à crise

06 de Outubro de 2008 8:16am
godking

A América Latina está demonstrando até o momento uma grande resistência à crise financeira internacional, comentou nesta segunda-feira o diretor-geral do banco espanhol BBVA, José Ignacio Goirigolzarri, enquanto o diretor geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss Kahn, anuncia fome e desnutrição infantil na América Central.

"Num contexto de turbulências nos mercados financeiros globais, a América Latina está mostrando uma grande resistência, como demonstram o Brasil e o Peru, que conseguiram o investment grade de duas agências de classificação", declarou Goirigolzarri durante um fórum econômico em Madri.

A agência Standard and Poor's, no final de abril, classificou o Brasil como país seguro para os investidores internacionais e a agência Fitch fez a mesma coisa com o Peru no início do mesmo mês.

O ministro espanhol de Assuntos Exteriores, Miguel Angel Moratinos, concordou com a boa resistência da América Latina à crise financeira.

"A América Latina viveu nos últimos anos um crescimento muito sustentável. Apesar das dificuldades econômicas que o mundo vive hoje em dia, parece que este ano o bloco continuará crescendo num nível próximo dos 5%. Há mais de cinco anos a América Latina cresce 5%, coisa que jamais aconteceu nas etapas anteriores", comentou o chanceler espanhol.

A América Latina é uma zona importante para o BBVA, declarou Goirigolzarri, recordando que seu grupo investe 14,2 bilhões de dólares na zona.

"Temos a certeza de que o BBVA vai fechar 2008 como o melhor ano de sua história na América Latina", acrescentou.

Já nas regiões mais pobres, como América Central, a crise pode provocar "fome e desnutrição infantil", advertiu o diretor geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss Kahn em um colóquio União Européia-América Latina organizado em Paris.

O diretor do FMI afirmou que por causa da globalização, do nível do fluxo de capitais e intercâmbio comercial, a crise afetaria todo o mundo com a redução da atividade econômica.

No mundo desenvolvido, por exemplo a Europa, isso se traduzirá numa queda da produção, "mas as conseqüências podem ser dramáticas para África e América Central, pois significarão fome e desnutrição infantil", alertou.

O diretor geral do FMI falou ainda dos perigos da "outra crise", em referência à disparada da inflação, com efeitos tanto ou mais desastrosos para os países pobres quando se soma à crise financeira.

A alta dos preços mundiais de alimentos e do petróleo, que há três meses era cotado a quase 150 dólares o barril, afetou mais de 50 países do mundo, sobretudo na América Central, África e do leste da Europa.

Mesmo com os preços estabilizados agora - no caso do petróleo a menos de 90 dólares o barril - continuam sendo mais elevados que antes.

A inflação pode ter efeitos mais desastrosos em países emergentes já gravemente afetados pela crise financeira.

AFP

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