América Latina cresce com disciplina macroeconômica e grande presença de matérias-primas
América Latina se recupera da crise melhor do previsto graças a sua disciplina macroeconômica e à grande presença de matérias-primas, apontou o Fundo Monetário Internacional (FMI), que previu para a região crescimento de 5,7% este ano.
Segundo o relatório Perspectivas Econômicas Mundiais, do FMI, divulgado nesta quarta, o México, América Central e o Caribe enfrentam mais dificuldades pela vinculação com os Estados Unidos, que está em um período de arrefecimento econômico.
O FMI constata em seu relatório que a demanda internacional de matérias-primas continua sendo "robusta", e isso beneficia a maioria dos países da América Latina, pois os imuniza diante da fragilidade econômica esperada nos países mais avançados.
Em pior posição estão os países mais vinculados aos EUA, que podem contagiar-se pelo seu arrefecimento econômico.
É o caso do México, assim como dos países da América Central e do Caribe que são muito dependentes do turismo e das remessas enviadas a partir dos Estados Unidos, e que são netamente importadores de matérias-primas.
Com este panorama, o FMI calcula que neste ano a América Latina em seu conjunto crescerá 5,7%, contra 4,8% que tinha estimado há três meses, e no ano próximo 4%, o mesmo número que tinha antecipado previamente.
O FMI destaca em seu relatório a "impressionante melhoria" registrada nos quatro países em sua política macroeconômica, como Brasil, Chile, Colômbia e Peru, que têm uma sólida demanda interna e fortes laços comerciais com a Ásia, o que permite continuar exportando.
Assim, o gigante da região, Brasil, crescerá neste ano 7,5%, 0,04% a mais que o calculado em julho, enquanto que para o próximo ano espera-se 4,1%.
Para o Chile espera-se aumento de 5% e 6%, respectivamente, para 2010 e 2011. Em tanto que na Colômbia serão do 4,7% e o 4,6%, e no Peru do 8,3% e 6%.
O Fundo destaca o Uruguai, um país que "fez progressos substanciais em suas políticas macroeconômicas" e do qual é esperado crescimento de 8,5% em 2010 e 5% em 2011.
México, por sua vez, crescerá neste ano 5%, 0,05% a mais que o previsto em julho, enquanto em 2011 espera-se crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,9%.
Para o Caribe, o FMI espera em 2010 uma melhoria de sua riqueza de 2,4%, e em 2011 do 4,3%.
Para os países centro-americanos, as previsões apontam para um crescimento de 3,1% em 2010 e de 3,7% em 2011.
Em geral, os países produtores de matérias-primas desfrutarão de um crescimento mais dinâmico. À cabeça se situa Paraguai, com um crescimento de 9% neste ano e 5% para o próximo.
Argentina, contagiada como o Paraguai pelo dinamismo de seu vizinho Brasil, crescerá neste ano 7,5% e no próximo 4%.
Venezuela é o único país da região que neste ano seguirá em recessão, com uma queda do PIB de 1,3%, apesar de no próximo ano deva entrar em números negativos.
Em seu relatório, o FMI recomenda à região latino-americana seguir o exemplo da Ásia e adotar políticas que permitam seguir crescendo de maneira forte no futuro, e concretamente tratar que o crescimento não conduza a um superaquecimento da economia, ou a assumir riscos financeiros e fiscais desnecessários.
Além disso, a região deve aproveitar o vento propício para ir retirando os estímulos econômicos, como já começaram a fazer alguns países, apesar de mencionar como exceção o Chile, que segue dependente do gasto público para recuperar-se do terremoto de fevereiro.
EFE