Assim aterrissou Avianca em Wall Street

A chegada da linha aérea à bolsa de Nova Iorque requereu 8 meses de ajustes legais.
A colocação de ADS (American Deposits Shares) de Avianca em Wall Street não foi a primeira de uma companhia de origem colombiano na praça nova-iorquina, mas sim teve uma particularidade inédita para o mercado nacional.
A diferença de Ecopetrol, Argos ou Bancolombia, Avianca Holdings é uma companhia radicada no Panamá. “Desde o ponto de vista legal, é uma transação que nunca dantes tinha ocorrido, porque não é um emissor colombiano, é um emissor estrangeiro com ações em Colômbia, que depois as leva a outro país”, sustenta Ricardo Fandiño De la Calle, sócio da companhia de advogados Gómez - Pinzón Zuleta, empresa que assessorou o processo jurídico que alistou a Avianca para entrar a Wall Street.
Este fato implicou uma mudança de regulação nas normas de câmbio do Banco da República para que fosse possível colocar os certificados ADS.
Na regulação sob o câmbio no país estão contemplados os mecanismos para levar ações de empresas colombianas a outras praças, mas não existia a regulação para fazer o mesmo procedimento com emissores estrangeiros que cotassem na BVC.
Por isso, para conseguir a colocação de Avianca Holdings foi necessário mudar um termo na norma colombiana. Isto, ainda que parecesse singelo, requereu uma avaliação minuciosa dos envolvimentos no mercado local, pelo que o processo demorou cinco meses.
Esta mudança na regulação cambial do Banco da República não só lhe serviu a Avianca Holdings, também lhe dá um atrativo novo ao mercado de valores de Colômbia: “Em minha opinião, isto vai permitir outras companhias regionais seguir este caminho e converter a Colômbia em um hub para emissões. Acho que vai dar-lhe muita profundidade ao mercado local”, sustenta o advogado.
A mudança da norma foi o mais complexa da colocação em Colômbia, mas não a única. No processo prévio à colocação de Avianca intervieram três companhias de advogados, uma em Nova Iorque, outra no Panamá e uma em Colômbia.
Ademais requereu a coordenação de uma equipe conformada por mais de 80 pessoas, entre as que estavam representantes das fidúcias encarregadas de emitir os certificados, os bancos colocadores, servidores públicos de Avianca e os advogados encarregados da revisão dos contratos.