Características do mercado turístico russo e sua incidência em Portugal

23 de Março de 2011 12:47am

A Rússia, mercado de emissão turística de grande dinamismo, atrai a atenção dos países receptivos. Em 2010, cerca de 139,5 milhões de residentes russos tiraram férias, das quais 21,4% ocorreram no estrangeiro. Isso significa 29,8 milhões de turistas. Segue análise das principais características desse mercado e sua incidência em Portugal.

De acordo com estudo realizado pelo Turismo de Portugal, o mercado russo posicionou-se, em 2009, no 19º lugar do ranking dos mercados externos para Portugal, de acordo com indicadores das dormidas e dos hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos e apartamentos turísticos, e ao nível da geração de receitas ocupou o 22º lugar.

Em 2010, a Rússia registou 274,5 mil dormidas geradas em Portugal, refletindo um aumento de (+32,4%) face a 2009, ano em que ocorreu um decréscimo de (-18,8%) comparativamente a 2008.

A quebra registada em 2009 está relacionado com a perda do poder de compra do turista russo em resultado da crise econômica internacional, e suas repercussões, que afetaram os fluxos de outbound do mercado da Rússia para Portugal, invertendo-se esta tendência em 2010 com um crescimento de turistas russos para todos os destinos regionais portugueses.

Em 2010 o aumento foi suportado, em grande parte, pelos voos regulares operados pela TAP e pelo aumento do poder de compra do turista russo.

Em 2010, a sazonalidade da procura da Rússia para Portugal revela que 48,4% dos fluxos ocorrem durante a época alta (julho, agosto e setembro), 29,2% na época média (abril, maio, junho e outubro) e 22,4% na época baixa.

Destaque ainda para o nível de fluxos registado no mês de agosto (19,6% do total), sendo o mês com maior volume de turistas russos para Portugal.

Lisboa, Madeira e Algarve são os principais destinos dos turistas russos, com uma quota de 36,9%, 24,1% e 23,7%, respectivamente, em 2010.

Em termos de taxas de crescimento, comparativamente a 2009, observam-se comportamentos positivos para todos os destinos regionais, com destaque para o Centro (+50,0%), seguido da Madeira (+38,0%), Açores (+36,8%), Lisboa (+36,3%), Norte (+35,2%), Algarve (+19,3%) e Alentejo (+5,3%).

Na avaliação da estada média dos turistas russos em Portugal, destacam-se a Madeira (6,6 dias) e o Algarve (5,5 dias), tratando-se de destinos mais associados a operações package, face a estadas de duração mais curta nas restantes regiões (entre 1,5 e 2,9 dias). Lisboa, com uma estada média de 2,5 noites, assume-se como porta de entrada para os destinos limítrofes.

A estada média do turista russo em Portugal foi de 3,3 dias em 2010.

Nesse ano, os turistas russos optaram pelos Hotéis nas suas estadas em Portugal, com cerca de 69,9% do total de dormidas, seguindo-se os Hotéis-Apartamentos (15,5%), Pensões (5,5%) e as Apartamentos Turísticos (4,3%).

Em Lisboa, os Hotéis foram dominantes em 2010, concentrando 84,2% do total da procura para a região.

Na avaliação da estada média dos turistas russos em Portugal, destacam-se a Madeira (6,6 dias) e o Algarve (5,5 dias), tratando-se de destinos mais associados a operações package, face a estadas de duração mais curta nas restantes regiões (entre 1,5 e 2,9 dias). Lisboa, com uma estada média de 2,5 noites, assume-se como porta de entrada para os destinos limítrofes.

Em 2010, as receitas turísticas ascenderam a 37,5 milhões de euros (melhor ano de sempre), apresentando um acréscimo de (+28,9%) face ao ano de 2009, após uma quebra nesse ano de (-18,8%), comparativamente a 2008.

Concorrência

Com base no ano de 2009, os principais concorrentes de Portugal são a Turquia, o Egipto, a Itália, a Espanha, Bulgária, Grécia, Chipre, Croácia e Tunísia.

Destinos como a Turquia, Egipto, Espanha, Itália, França, Grécia, Tunísia e Croácia, eram preferidos face a Portugal pelas seguintes razões:

- maior volume de transporte aéreo regular ou charters;
- ausência de vistos ou prazos mais rápidos de concessão e emissão de vistos de entrada múltiplos;
- melhor acesso à informação (televisão e revistas genéricas e especializadas);
- pacotes turísticos all inclusive.

Com os voos regulares da TAP, observa-se uma melhoria para Portugal, nomeadamente, nos preços dos bilhetes.
Forças de Portugal como destino

• Diversificação de produtos e destinos;
• Segurança – Portugal é considerado um país seguro e pacífico;
• Riqueza histórica e cultural, e bom clima (destaque para o Inverno)
• População hospitaleira;
• Boa oferta gastronômica;
• Modernização da oferta turística nacional com novas áreas de oferta ao nível do produto e de destino
• Destino compacto (pouca distância entre cidades, tempo de viagem reduzido);
• Forte fascínio pelo produto Sol e Mar e Shopping;
• Proximidade a Espanha (importante mercado receptor de turistas russos).

Fraquezas

• Desconhecimento da imagem do destino;
• Grande distanciamento geográfico;
• País periférico dentro do destino Europa;
• Falta de mais ligações aéreas diretas e inexistência de voos low cost;
• Percepção do destino Portugal fortemente associada ao mono-produto sol e mar;
• Escassez de oferta de animação, nomeadamente noturna, e desadequação de horários das visitor attractions face às expectativas;
• Grande distância para deslocações por via rodoviária;
• Oferta incipiente ao nível de packages all inclusive;
• Relação preço/qualidade menos competitiva quando comparada com destinos emergentes;
• Preço médio da cama em hotelaria mais alto que a média dos destinos concorrentes.

Oportunidades

• Realização de eventos que projectaram a imagem de Portugal numa perspectiva global (ex: Expo 98, Euro 2004, Lisboa-Dakar, etc.);
• Procura futura por estadias mais prolongadas e num único destino vs. procura de multi-destinos;
• Promoção e integração de multi-produtos (ex. Sol & Mar + Golfe + Cultura);
• Crescimento do canal de vendas on line;
• Existência de segmento de luxo com elevado poder de compra (forte concentração em Moscovo), que gosta de viajar em voos regulares (executiva – voos da TAP);
• Os voos diretos da TAP determinam que os grandes TO’s irão trabalhar Portugal de uma forma mais ativa;
• Situação Norte de África com a consequente quebra russa para estes destinos poderá constituir um reforço de turistas para o Algarve e a Madeira aproveitando a proximidade de Espanha.

Ameaças

• Crise da economia global, aumento do preço do petróleo e dos bens alimentares e suas repercussões;
• Falta de competitividade de Portugal face aos destinos fora da zona euro;
• Decréscimo da estada média;
• Concorrência de novos destinos/ procura crescente de all inclusive e long haul;
• Destinos emergentes no leste da Europa, com elevados investimentos em promoção e infra-estruturas, aliado à proximidade geográfica;
• O package tradicional e o produto Sol e Mar têm vindo a perder representatividade nas vendas da distribuição turística;
• Mercado com necessidade de forte investimento promocional, de retorno a médio/ longo prazo;
• Afinidades culturais e históricas com novos destinos (Servia, Monte Negro).

Dados gerais

Aferido pelos gastos turísticos, o mercado russo ocupou a 9ª posição mundial (quota 2,5%) e posicionou-se no 5º lugar anível europeu (quota de 5,6%), em 2009.

O gasto médio por viagem para o exterior apresenta uma tendência de crescimento, desde 2003, não obstante os turistas do mercado procurarem, cada vez mais, as melhores ofertas em termos de preço. No entanto, de uma maneira geral, os consumidores russos centram as suas opções de consumo em produtos mais luxuosos ou upscale.

As previsões apontam para crescimentos dos gastos turísticos fruto de uma melhoria da economia russa e de uma maior confiança dos consumidores.

Cerca de 81,0% dos gastos de outbound incidem no Alojamento, Restauração e Viagens Internas.

Observa-se que a faixa etária com maior representatividade de turistas é a dos 35-49 anos, representando 28,7% do total de turistas, seguida da faixa etária compreendida entre os 25-34 anos (25,6%).

Os turistas com mais de 65 anos apenas representam 5,1% do total de visitas ao estrangeiro.

Uma grande parte dos russos mantém o hábito de tirar férias para o exterior na época alta (45,2% de Julho a Setembro), fato que está associado ao período de férias escolares. A época baixa (janeiro, fevereiro, março, novembro e dezembro) totaliza 23,7% do conjunto das viagens e a época  média registra uma quota de 31,1% da procura.

A classe alta e média-alta russa passa férias de Inverno em Andorra, Áustria, França, Itália ou Suíça, registando um pico de procura nos meses de dezembro e janeiro (Férias de Ano Novo e Natal), os quais concentram 15,0% do total de viagens realizadas para o exterior, em 2009.
Moscovo é a maior região emissora de turistas para o estrangeiro, concentrando 66,8% do total de viagens realizadas no ano de 2009, seguida de St. Petersburg, com 19,7% de quota.

Segundo o Goskomstat, em 2009, os principais factores de escolha subjacentes às viagens dos turistas russos para o estrangeiro foram, por ordem decrescente de importância, o Sol e Mar (sobretudo resorts com all inclusive para as famílias), assim como o Clima, Preço, Cultura e Natureza.
Fonte: Turismo de Portugal
 

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