Carlos Gutiérrez, diretor executivo da Entidade de Turismo de Buenos Aires
Nomeado há um ano, Carlos Gutiérrez tem uma ampla experiência na área acadêmica e como representante do seu país e das Américas na Organização Mundial do Turismo (OMT). Nesta ocasião, ele explica a atualidade turística da capital argentina, dos segmentos mais importantes do destino e das projeções para um melhor posicionamento no mercado internacional.
Sua integração ao mundo LGTB e à Secretaria, como é assumida por você, pelos funcionários da entidade e pelo próprio ministério?
Na Argentina temos o Ministério do Turismo a nível do país e a Entidade de Turismo de Buenos Aires, que depende do Ministério da Cultura e do governo da cidade de Buenos Aires. Eu sou responsável pela Direção Executiva da Entidade. Nesse tema Buenos Aires tem uma atitude de vanguarda, que se manifesta nas uniões civis que ocorrem desde o ano de 2002. É também a atitude do governo a partir do ano passado, ao permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Quais poderiam ser as motivações dos turistas para visitarem a cidade de Buenos Aires?
A cidade recebe muitos turistas. Em 2009 foram dois milhões de visitantes estrangeiros. O segmento LGTB representa aproximadamente 17% desse total. Buenos Aires recebe cruzeiristas (336.000 de novembro de 2009 a março de 2010 em 143 escalas). Recebe o turista de eventos. De acordo com o ICCA, a cidade ocupa a 11a posição mundial quanto a congressos internacionais e é a primeira cidade das Américas nesse sentido. São os dois segmentos mais importantes na cidade: o de congressos e o de cruzeiros.
Buenos Aires é uma cidade com oferta cultural, gastronomia e atividades complementares como as compras... Com frequências isso está ligado ao turismo de vizinhos, pois cerca de 70% dos turistas que chegam à cidade são dos países limítrofes, principalmente do Brasil.
Há quatro anos que você saiu da OMT... Como vê o turismo do ponto de vista local e não do ponto de vista global?
É diferente. A responsabilidade ali era como representante regional para as Américas. Foi uma experiência muito enriquecedora que me permitiu compreender muitas coisas, como que Buenos Aires é um destino muito potente, uma capital regional...
Como aprecia a exposição de Buenos Aires e da Argentina no mercado turístico internacional e nos mercados emergentes como o russo?
Estamos desenvolvendo ações, por exemplo em Moscou, em São Petersburgo e em outros destinos emergentes. Ainda que as saídas tenham aumentado significativamente em países BRIC, principalmente na Índia, China e Rússia – deixamos fora o Brasil que é um vizinho – , a Argentina e outros países do Sul não são ainda destinos de massas devido a restrições nos voos, nos vistos...
O crescimento desses países nos próximos anos vai ser chave também para o turismo e nesse sentido a Argentina vai ter um lugar pela riqueza da sua oferta. Atualmente a Argentina tem acordo de país parceiro com a China e no caso da Rússia tínhamos um acordo com uma companhia aérea, mas isso acabou e é uma restrição importante.
Quanto aos vistos para a Rússia, acha que poderia acontecer como no caso do México que abre a possibilidade de viagem a quem tiver visto americano?
Acho que são questões a serem estudadas. Para a promoção de um destino, é preciso flexibilizar as condições de acesso ao país. Às vezes os direitos de entrada podem significar 500 ou 600 dólares para um grupo de cinco pessoas e isso pode significar a decisão de não viajar ao destino.