Carlos Ricardo Benavides, ministro do Turismo da Costa Rica

30 de Outubro de 2007 6:35am
godking

De janeiro a agosto, a Costa Rica registrou um crescimento turístico de 9,5% que supera as estimativas de 5% da OMT para esse período. O país mantém sua aposta no turismo sustentável e, com os restantes países da América Central, impulsiona um combate aberto contra o turismo sexual.

Há mais de um ano que o senhor se encontra no comando do Ministério do Turismo da Costa Rica, período no qual foram aplicadas diversas políticas, tanto de segurança quanto de projeção do país no exterior. Poderia comentar o resultado delas?

Na verdade, estamos muito satisfeitos porque as políticas aplicadas mostram gradualmente os resultados, principalmente o aumento do número de assentos nas companhias aéreas. Neste ano, temos mais 650.000 assentos e vamos receber mais turistas dos esperados. O aeroporto Juan Santamaría, o mais importante da Costa Rica, em San José, teve um aumento de 20% de suas operações há algumas semanas.

Os dados da Canatur até o mês de agosto indicam crescimento de 9,5%, enquanto as nossas estimativas, a partir dos dados da OMT, eram de 5%.

Quais as ações do Ministério em função da segurança turística?

Temos reforçado a segurança através da atuação da polícia turística.

Como é que está trabalhando a Costa Rica o tema do turismo sustentável?

As políticas de sustentabilidade continuam a ser prioritárias para nós. Três das companhias aéreas com operações no interior aderiram ao programa das viagens livres de dióxido de carbono. Os passageiros pagam uma taxa pela liberação de dióxido de carbono nessas companhias e o dinheiro arrecadado vai para o Fundo Nacional de Financiamento Florestal que está incentivando os proprietários que desenvolvem florestas.

Em breve vamos apresentar 50 novas hectares de florestas na Região Sul que são resultado desse programa. Alguns hotéis têm práticas nesse sentido e temos previsto o lançamento de um programa semelhante com as locadoras de veículos que também vão aplicar uma taxa destinada ao Fundo de Financiamento Florestal.

Quais as aéreas norte-americanas que começaram a operar na Costa Rica?

A Spirit começou no mês de maio com muita aceitação. No início tínhamos pensado em quatro vôos por semana, mas rapidamente começaram com um vôo diário e agora têm duas freqüências por dia. A Frontier vai começar em novembro.

Outras empresas que já estavam na Costa Rica aumentaram suas operações. Por exemplo, a Continental Airlines, American Airlines ou Delta Air Lines, que voltou ao país e tem um número considerável de operações. Estamos muito satisfeitos com as aéreas norte-americanas.

E as européias?

Quero destacar a chegada da Air Comet, com muito sucesso até agora, e a consolidação da Iberia, que há alguns meses decidiu realizar vôos diários e diretos para a Costa Rica. Isso tem contribuído muito para a temporada "verde", que começou em agosto com grande afluência de turistas espanhóis.

Nos últimos tempos houve muitas denúncias sobre a utilização da Costa Rica como destino de turismo sexual, sobre sites na Internet que falam de pacotes completos com "dama de companhia" e até um "Guia para férias exóticas na Costa Rica". Alguns meios de comunicação norte-americanos têm denunciado isso. O que é que nos pode dizer sobre a esse respeito?

Não conheço denúncias nesse sentido. Esses meios não devem ter muita relevância nos Estados Unidos. É um tipo de notícia que pode funcionar para qualquer país da América Latina, onde existem essas práticas, ainda que não sejam admitidas pelos nossos governos. A imensa maioria dos turistas que viaja à Costa Rica procura a natureza, serviços de alto padrão de qualidade e é por isso que somos identificados.

O mercado norte-americano tem uma excelente opinião da Costa Rica como destino turístico e prova disso é o anúncio do grupo Carlton acerca de um projeto construtivo em Guanacaste, assim como Canyon Ranch, Mandarin Oriental e o sr. Steve Case, que vai investir dois bilhões de dólares em dois hotéis.

Poderia citar ainda a One & Only e a empresa espanhola Miesa, que adquiriu o projeto La Roca e anunciou a construção de seu primeiro hotel da marca ZI. O Grupo Four Seasons, dos EUA, já está operando em Guanacaste.

De maneira que não acho que seja uma questão do mercado norte-americano. Além disso, o governo dos EUA não emitiu qualquer alerta nesse sentido.

O Ministério ou o Governo da Costa Rica têm alguma política contra essa imagem do país?

Temos um combate aberto contra esse fenômeno, em conjunto com os restantes países centro-americanos. Muitos dos nossos hotéis assinaram códigos de conduta e não admitem isso. É um trabalho coordenado com a OMT.

A última assembléia da OMT, no Brasil, foi dedicada a esse tema, com destaque para o combate à exploração sexual infantil, que é um crime em qualquer país do mundo.

Qual a sua apreciação da Centroamérica Travel Market (CATM)?

Foi uma féria muito importante. A CATM foi concebida para os mercados de longa distância e mantemos essa idéia. Participaram 127 operadores europeus (90% dos participantes), mas também vieram da Nova Zelanda, Austrália, Israel, Oriente Médio e alguns argentinos.

Nossos operadores e empresários assinaram um pacto para que não se realizassem viagens de familiarização durante o evento, que concentrou assim os negócios na própria feira. E estamos muito satisfeitos com isso.

Quanto ao mercado espanhol, o senhor falava de um novo hotel. Há outros grupos interessados na Costa Rica?

A Sol Meliá e RIU têm seus projetos, mas queremos que eles próprios anunciem esses empreendimentos. Temos conversado com seus executivos e estamos muito otimistas com isso.

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