Carlos Urroz, diretor da Feira ARCOmadrid
A feira ARCOmadrid recebe um sopro de ar fresco coma eleição de seu máximo responsável, Carlos Urroz, com grande experiência no mundo das galerias de arte e das feiras, considerado um grande organizador e com muitas condições para dirigir esse complicado projeto.
Como o senhor define suas qualidades como ser humano e como profissional?
Como profissional sou um organizador com mais de 20 anos de trabalho na área da arte contemporânea, mas já como ser humano, prefiro que a definição venha dos demais.
Como chegou o senhor ao mundo da arte?
Eu comecei na Ifema, em outras feiras, e de 94 a 98 fui subdiretor da ARCO, onde comecei a gestão da arte contemporânea. Posteriormente fui diretor da galeria Helga de Alvear durante sete anos e ao mesmo tempo fundei minha própria empresa, a Urroz Proyectos, especializada em comunicação para eventos culturais.
Qual a sua relação com o mundo da fotografia?
A partir do meu trabalho de gestão e de comunicação, tive a ocasião de avaliar diversos projetos de fotografia na PhotoEspaña, na MADRIDFOTO..., mas foram coisas pontuais, não como no caso da minha relação com a pintura, com o desenho ou com outras manifestações artísticas.
O senhor é considerado um profissional "objetivo", que rejeita os "amiguismos". Será que a sua empresa Urroz Proyectos, ligada ao mundo da arte, poderia inf;luir nessa "objetividade?
Os projetos da empresa continuam, mas agora não estou ligado a eles. Só à ARCO. Além disso o futuro da URRO não está muito claro.
Nos últimos anos, algumas polêmicas foram desfavoráveis para a imagem da ARCO. Como vai encarar isso?
A ARCO é um evento importantíssimo, de grande potencial, que merece uma posição significativa no panorama das feiras, mas ainda não poderia dizer como vamos consegui-lo. Temos que ir melhorando cada edição com novos programas, galerias, artistas e colecionadores de primeiro nível, mas isso vai ser aos poucos.
A Feira agora vai ser mais pequena, concentrada na qualidade das exposições das galerias, o que deve atrair os colecionadores mais importantes, além dos profissionais e do público.
Vamos organizar palestras especializadas para os curadores, a porta fechada, de modo que fiquem mais ligados à feira, que é o nosso interesse, como também no caso das instituições.
Os profissionais terão seus encontros e depois visitarão a feira, mas como um programa "privado". O grande programa da ARCO vão ser as galerias e o que elas apresentem.
Outra feiras da Europa têm uma forte presença latino-americana. Acho que a ARCO não deu o mesmo apoio à região. Quais são os planos quanto a isso?
Mantemos o programa Solo Projects, concebido para a participação de um artista por galeria, e estará destinado durante três edições à arte latino-americana. Podem participar artistas latino-americanos e caribenhos que trabalham na Europa ou europeus que trabalham na América Latina e Caribe.
Não temos galerias por países porque estamos mais interessados nos artistas, que podem ser representados por galerias que não são do seu país.
Os Solo Projects são espaços com preço inferior para as galerias, de modo que o risco seja menor caso apresentem apenas um artista.
Mudam os critérios para a seleção das galerias?
Os critérios de seleção são os mesmos, mas com mais objetividade. As galerias devem detalhar numa ficha o programa preparado para a Feira, as exposições do ano anterior e as atividades de promoção de seus artistas, e são avaliadas a partir dessa informação.
Qual a posição da ARCO no âmbito das feiras de arte internacionais?
As de Basileia e Miami (Art Basel) lideram, mas há aproximadamente cinco de muito interesse para os colecionadores estrangeiros e para os diretores de museus, e a ARCO está nesse grupo.
A crise econômica mundial afetou os colecionadores e principalmente os galeristas. Quais as previsões para a compra de arte na ARCO 2011?
A minha primeira etapa na ARCO coincidiu com o final da crise dos 90. As vendas sempre foram superiores nesses momentos porque os colecionadores e galeristas de menores orçamentos preferiam comprar na ARCO. Estamos cientes da situação, mas consideramos que o público e os colecionadores espanhóis vão responder. Por outro lado estamos preparando um programa para mais de 150 colecionadores convidados que teve bons resultados no passado e esperamos que seja assim de novo.