Cuba, Amadeus e as Linhas Aéreas Norte-americanas

15 de Setembro de 2016 3:19pm
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Cuba, Amadeus e as Linhas Aéreas Norte-americanas

Desde sua fundação em 1987, Amadeus IT Group (conhecida tão so como Amadeus) se tem convertido na principal empresa provedora de soluções tecnológicas a nível mundial para a indústria das viagens e o turismo.

A principal fonte de negócios de Amadeus é seu sistema de reservações de viagens. O Sistema de Distribuição Global (GDS por suas siglas em inglés) de Amadeus tem a rede de distribuição internacional mais extensa do mundo e se fazem mais reservas através do sistema Amadeus que por qualquer outro sistema de reservas.

Amadeus é utilizado por 67 mil agências de viagens e 10 mil oficinas de vendas de linhas aéreas em todo o mundo. Com Amadeus se podem fazer reservas em 490 linhas aéreas (essa cifra representa mais do 95% dos assentos das linhas aéreas do mundo), 79,266 hoteis, 30 companhias de arrendamento de autos e 17 companhias de cruzeiros.

Desde o ano 2009, este grupo com sede em Madri, Espanha, se estabeleceu em Cuba como o primeiro GDS propriamente registado na ilha Caribenha.

A relação da divisão Amadeus Cuba com as diferentes companhias Norte-americanas que tem comenzado a voar para Cuba com vôos regulares, e com as que estão por começar, tem sido constante. Mas esses contatos se iniciaram anos antes do anúncio do restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos em 17 de Dezembro de 2014.

“Desde faz uns três anos, Amadeus estabeleceu relação com as primeiras linhas aéreas que começaram contatar com o mercado Cubano, a partir do melhoramento nas relações entre Estados Unidos e Cuba. American Airlines foi a primeira com a que contatamos durante uma presentação conjunta com Havanatur Celimar para o primeiro grupo de operadores de turismo que visitou Cuba, concretamente em Cayo Coco, faz um ano e meio,” explicou o senhor Enrique Salgado, representante de Amadeus em Cuba e um grande conhecedor do mundo da aviação, entrevistado em exclusiva por Caribbean News Digital.

“Todas estas linhas aéreas são clientes e provedores cujos conteúdos aparecem no GDS de Amadeus, embora a que o mercado norte-americano é liderado por outro GDS, que é Sabre, mais Amadeus é o líder mundial e nos últimos anos tem aumentado seu nível de penetração em Estados Unidos,” continuou explicar.

Enrique Salgado considera que la tendência atual na aviação mundial é à utilização por parte das linhas aéreas de vários sistemas GDS, e que apesar de que algumas das principais companhias aéreas norte-americanas, como American Airlines, utilizam o sistema de Sabre (a empresa líder neste tipo de serviço em Estados Unidos), outras, como United Airlines, fazem-lo com Amadeus, quem ostenta esse liderazgo não só em Europa, senão também a nível global.

Essa tendência não escapa aos recém inaugurados vôos regulares entre Estados Unidos e Cuba, iniciados oficialmente o passado 31 de agosto com a chegada de uma aeronave A320 da companhia JetBlue à cidade de Santa Clara, proveniente de Fort Lauderdale na Florida. Hoje dia, os vôos a Cuba aparecem listados tanto em Amadeus como em Sabre, mesmo em distribuidores mais pequenos, como Travelport.

A Guerra das Tarifas

O tema dos preços é bastante complicado nas linhas aéreas. Cada companha aérea publica uma série de condições para as reservas em seus vôos. As tarifas mais baratas são geralmente muito limitadas, circunscritas ao dia em que se fez a reserva, e não permitem eo mais mínimo cámbio.

“Como todas as linhas aéreas norte-americanas estão começando a voar para Cuba com rotas regulares, tem anunciado preços baixos que resultam muito atrativos para os clientes que terão. O mercado é quem decide posteriormente como se manuseiam os preços dos boletos. O induvitável é que os preços dos vôos regulares são muito mais baratos que os dos vôos chárter porque têm uma série de condições, como maior flexibilidade de horários, assim como o fato de poder publicar os preços e as frequências com maior antecipação”, disse o senhor Salgado a Caribbean News Digital.

Uma das limitações que tem Cuba nestes momentos no que não esta funcionar o sistema de faturação de IATA (BSP por suas siglas em inglés), um dos efeitos diretos da lei de embargo norte-americano que ainda pessa sobre a ilha.

Como resultado dele, as linhas aéreas que são clientes de Amadeus Cuba subscrevem acordos bilaterais ou convénios diretos com as agências de viagens ou os grupos de agências de viagens que trabalham o destino Cuba.

Sem embargo, as notícias são alentadoras. IATA está fazer gestões ingentes e já existe consenso entre as autoridades Cubanas, as agências que trabalham no  país, as linhas aéreas e a própria IATA para a organização quanto antes de um sistema BSP para Cuba.

Entanto isso ocorre, as linhas aéreas que são clientes de Amadeus em Cuba e que estão a  servir para a ilha têm acordos bilaterais. As agências de viagens ou o grupo de agências de viagens têm que estabelecer uma relação direta ou convénio com a linha aérea. Através desse convénio, se acorda a forma para realizar a reserva dos boletos, que geralmente se faz por entremeio do GDS de Amadeus, e posteriormente como se fará a emissão dessas pasagens aéreos.

“Tem várias variantes. Havanatur e Cubana de Aviação têm uma ferramenta de Amadeus que se denomina E-Ticketing Direct que realiza a emissão dos boletos automáticamente a partir de uma existência que Cubana define previamente para essa agência de viagens e suas oficinas de emissão de boletos. Muitas linhas aéreas norte-americanas já têm conhecimento dessa ferramenta e estão considerar que, entanto chega o BSP, poderiam utilizar esse sistema,” explicou Enrique Salgado.

“Outras agências Cubanas, como Cubatur e Viajes Cubanacán, estão fazer gestões para seu código IATA de cara à chegada do BSP, e que hoje realiza-lo por meio dos acordos bilaterais com as diferentes linhas aéreas,” acresceu o representante de Amadeus em Cuba.

El Mercado Cubano

Muito antes da reanudação das relações entre Cuba e Estados Unidos, várias das principais linhas aéreas norte-americanas vinham estudando o mercado Cubano e tinham valorações sobre suas projeções de crescimento.

Para alguns, a primeira vista parece que as linhas aéreas norteamericanas se tem lanzado sobre Cuba com uma avalancha de vôos e solicitações de rotas que parece um pouco desmedida atendendo ao tamanho do mercado Cubano. O senhor Salgado, embora, tem outra opinão ao respeito.

Tendo em conta os residentes Cubanos em Estados Unidos, a própria população Cubana que viaja e a adoção das 12 categorias de viagens para Cuba para cidadãos norte-ameiricanos, o mercado Cubano está em franca tendência de crescimento.

“Uma vez que se levantem totalmente as restrições de viagens para Cuba, o incremento de viajantes norte-americanos à ilha va ser significativo. Só terá esperar quando sucedera. O outro elemento é o multidestino. Cuba é como um porta-aviões, com muitas cidades importantes e capitais a uma distância de vôo de pássaro, e isso pode permitir um melhoramento das condições de võos e de conectividade no Caribe em distintos mercados, e incluso para alguns destinos em América do Sul e América Central,” assegurou o senhor Salgado.

Cuba: ¿O Hub do Caribe no Futuro?

Na opinião deste experto do mundo da aviação, existem condições em Cuba, concretamente na Havana, para convertir-se em um hub ou centro de conexões para todas estas linhas aéreas norte-americanas que tem comenzado operar na ilha.

Incluso algumas estão valorar essa ideia, conscientes que vão contar com melhores condições quando estas operações aéreas se multipliquen. Mas obviamente, isso implica um desenvolvimento das próprias condições.

O tempo para que isso se logre va depender dos recursos, e esse rubro concreto está ligado inexorávelmente ao melhoramento pleno das relações entre EE.UU. e Cuba, e ao levantamento da lei de embargo comercial e financeiro aplicada à Ilha por EE.UU.

“Quando isso ocorra, as condições irão melhorar e a seu desenvolvimento paulatino. As autoridades da aviação civil em Cuba, as autoridades empresariais, como CACSA e ECASA estão trabalhando nesse sentido. Um elemento muito importante tem sido a adjudicação da administração de operações do aeroporto internacional de Hanana à companhia francesa que administra os aeroportos de París, assim como o compromisso de construir novas terminais para poder acomodar todos esses vôos,” disse.

Nesse sentido, o aporte da expertise, o soporte tecnológico e os conhecimentos de Amadeus va significar uma contribuição importante no emprendimento dos trabalhos que Cuba realize neste sentido.

O Efeito Dominó

Desde o anúncio da reanudação de relações entre Washington e Havana, muitas linhas aéreas norte-americanas anunciaram quase imediatamente que começaríam voar para Cuba tanto assim que receberam autorização para faze-lo. Muitas se pronunciaram o próprio dia 17 de Dezembro de 2014.

Isso trouxe como consequência que várias linhas aéreas que já voavam para Cuba incrementaram suas frequências, e incluso começaram emplear aeronaves de maior porte com maior quantidade de assentos. Outras que tinham cessado suas operações para Cuba, como no caso de Iberia, retomaram as rotas para a maior das Antilhas.

O resultado direto de todo esse incremento na conectividade aérea é o aumento vertiginoso do turismo para Cuba, com cifras importantes desde mercados emissores tradicionais que não acabavam de estabelecer-se definitivamente, como a França, Espanha y Alemanha, e que agora tem crescido de maneira significativa.

“Se aumenta a quantidade de viajantes provenientes de Europa, Canada e Estados Unidos, existe uma oportunidade para as linhas aéreas e as agências que trabalham aquí de organizar visitas ou viagens multidestinos na região em vários sentidos, dentro do Caribe e incluso em América Central, ou cidades próximas como Bogotá ou Caracas,” afirmou Enrique Salgado ao fim da entrevista.

“O Caribe deve ver-se própriamente como um cenário de complemento, não de competência. O multidestino é um serviço que não podem oferecer outros destinos no mundo porque as distâncias entre eles são maiores”. Nesse sentido, o Caribe é abençoado e o incremento dos vôos e as viagens de norte-americanos para Cuba não se deve ver como uma ameaça, senão como uma oportunidade.

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