Dra. Persia Alvarez, executiva da Check Safety First e diretora do Programa Cristal para a República Dominicana e Caribe

08 de Junho de 2007 6:24am
godking

Visando a proteção da saúde do turista, o Programa Cristal presta serviços de consultoria e controle para garantir a segurança da água, dos alimentos, das piscinas e de outros recursos. Propõe-se ainda a formação dos funcionários dos hotéis para o manejo e tratamento destes recursos de acordo com as normas internacionais.

Onde se encontra a sede da Check Safety First?

A sede está na Grã-Bretanha e trabalhamos em três continentes: a Europa, América e Ásia. Eu sou a diretora do Programa para a República Dominicana e Caribe. Começamos a operar nas Bahamas, temos escritórios em Cancun e em Isla Margarita, na Venezuela, ou seja, nos pólos turísticos mais importantes.

O que é o Programa Cristal?

Nós somos consultores, especialistas em riscos para a saúde do turista. Ocupamo-nos da segurança alimentar, principalmente das doenças transmitidas por alimentos e água. Também temos programas voltados para a segurança da água, das piscinas e para a prevenção de uma doença endêmica na Europa da qual encontramos alguns casos na República Dominicana. Não em dominicanos, mas detectamos a bactéria no sistema hídrico dos estabelecimentos.

A legionelose é uma doença que se transmite através de um jacuzzi ou de um chafariz, porque tem que haver água em movimento. Para isso temos um programa de prevenção. Na Espanha detectaram-se 3.000 casos de legionelose e na Europa há um grupo de trabalho para o controle da doença - o IGLI -, em Londres. Nós trabalhamos na implementação dos guias.

Realizam outras tarefas?

Somos consultores, mas também realizamos controles e programas de adestramento dos recursos humanos para o tratamento e a prevenção. Os humanos são os principais portadores da doença e controlá-los é extremamente complicado, daí a importância do adestramento.

Temos cursos para todos os níveis de gerência, porque os altos executivos devem ter consciência do problema para poder direcionar as ações no sentido correto.

Nossos programas de formação vão além da preparação dos alimentos. Focalizamos, por exemplo, as especificações dos produtos, os utensílios, o armazenamento, a preparação dos alimentos e o consumo.

Em 2005 a doença e morte de um turista canadense fizeram com que caísse o turismo canadense e alemão na República Dominicana. Os estabelecimentos afetados não eram controlados pela sua empresa?

Os estabelecimentos afetados não eram clientes nossos. Foi algo terrível porque não aconteceu unicamente com os turistas alemães. Foi um surto de norovírus no norte do país com muita cobertura na imprensa européia. Houve mais de 900 pessoas contagiadas e o pior foi que as autoridades não tomaram as medidas para frear o surto.

Devemos levar em consideração que os estabelecimentos all inclusive são os de maior risco pela quantidade de pessoas que se concentram em determinados locais, pela quantidade de alimentos que se prepara e porque num período de 7-15 dias há uma grande quantidade de pessoas reunidas em bares, piscinas e restaurantes. Isso cria as condições para a transmissão de doenças bacterianas, parasitárias e de viroses que podem contagiar outros turistas ou a própria população dominicana como aconteceu com o surto de norovírus, introduzido no país por um turista.

Isso aconteceu na República Dominicana, mas pode acontecer em outros países. Talvez com medidas mais drásticas das autoridades o problema não tivesse sido tão grave. Por exemplo, o hotel continuou a funcionar e uma parte dos hóspedes foi transferida para outros estabelecimentos, o que contribuiu para que o problema se agravasse.

Houve outro caso semelhante em 1997 que envolveu muitas pessoas, só que era outra época e tínhamos problemas reais.

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