Edison Briesen, ministro dos Transportes e Turismo de Aruba

22 de Janeiro de 2008 9:27am
godking

Aruba quer reduzir sua quase total dependência do mercado norte-americano em 2008 e atrair mais turistas europeus e latino-americanos. O número de hotéis de propriedade espanhola, os vôos charter e as visitas dos navios da Pullmantur, que neste ano devem aportar na ilha com cerca de 40.000 turistas, são fatores favoráveis para esse objetivo.

O senhor poderia avaliar o comportamento da indústria turística de Aruba em 2007 e falar dos projetos para 2008?

Em 2007 ocorreram mudanças importantes, como a deslocação da zona de carga do porto de Oranjestad e a chegada da Sol Meliá. No tocante ao porto de cruzeiros devemos tomar decisões que também acarretarão transformações na cidade.

Outro projeto importante está ligado ao Grupo Divi, que vai desenvolver uma segunda zona turística. A primeira está em Eagle Beach e Palm Beach, que é a principal, e queremos desenvolver outra nos arredores de Divi Beach com três hotéis - 1.200 apartamentos - e um campo de golfe. Eles começariam as obras depois de acertados todos os detalhes, como os ligados à infra-estrutura, que seria assumida pelo governo.

Esses são os dois maiores projetos em desenvolvimento. Lançamos um concurso para a zona situada nos arredores do hotel Marriott e há três grupos com projetos apresentados, mas queremos propor-lhes algumas mudanças porque estamos preocupados com a quantidade de novos apartamentos a serem construídos. Atualmente temos 7.200 apartamentos, mas as obras em construção totalizam 13.000 ou 14.000.

Aruba nunca foi um destino de massa, mas de qualidade, e neste momento estamos superando as possibilidades, de modo que temos de avaliar muito bem todas as propostas.

Como vai encarar o Ministério do Turismo a abertura dos mercados europeus para Aruba?

Depois da reconversão da rede Occidental e da entrada da RIU e agora da Sol Meliá com o Bushiri, o capital espanhol vai deter 14% da capacidade de alojamento em Aruba. A Pullmantur traz a cada sábado um Boeing 747 de Madri, enquanto da Alemanha vêm quatro vôos para os cruzeiros da Aida Tours e mais dois da Inglaterra, ou seja, são sete vôos a cada duas semanas provenientes do mercado europeu, descontando os compromissos que temos com a KLM.

Nesse sentido acho que vamos bem. As redes espanholas trazem turistas do mercado europeu com uma moeda muito forte e estadias de 13 e 14 dias em média.

A filosofia dos hoteleiros espanhóis do all-inclusive, dando mais por menos dinheiro, não se opõe à do turismo americano, acostumado com outro tipo de serviços?

Temos uma dependência do mercado americano de aproximadamente 74%. É um mercado muito importante pela proximidade geográfica, sua magnitude e pela experiência de trabalho que temos há anos com esse turismo, mas queremos reduzi-la para 50-55%, dando mais espaço ao turismo europeu e latino-americano - 15% respectivamente.

É essa a fórmula que queremos aplicar, mas continuamos sendo muito dependentes do mercado americano e isso é perigoso. É por isso que os investimentos espanhóis são importantes, pois atraem turismo europeu e latino-americano, que, com o americano, são os três mercados de maior interesse para Aruba.

A comercialização das instalações espanholas é diferente à das americanas. Oferecem serviços equivalentes ou superiores, mas por menor valor. Será que Aruba poderia se adaptar às formas de operação de um Gran Occidental ou um RIU apesar das diferenças a respeito de um Radisson?

Sem dúvidas. O viajante atual tem acesso na Internet a toda a informação dos destinos que vai visitar e sabe o que quer. Os all inclusive operam com estadias mais prolongadas em relação aos hotéis americanos. Com certeza a competitividade das redes espanholas vai intensificar a concorrência, e haverá maior diversidade e qualidade do produto.

As redes espanholas controlam 44% da capacidade hoteleira do Caribe e vêm porque há mercado e retorno dos investimentos, daí o nosso interesse pelas redes européias, principalmente as espanholas.

Acha que haverá uma promoção real na Europa antes das próximas eleições na ilha?

A promoção é importante, mas para isso precisamos de conexões aéreas, lugares nos aviões. Com 14% dos hotéis de Aruba em mãos espanholas, temos que negociar com a Ibéria e abrir uma rota Madri-Aruba, não apenas para o mercado espanhol, mas também para o português ou o italiano.

A KLM, a partir de seu acordo com a Air France, tem problemas com as aeronaves e está voando para Aruba com aviões MD-11 muito velhos. Para gerar mais turismo, precisamos de ocupação superior a 85%. Se não conseguirmos uma solução com a KLM teríamos que negociar com outras companhias européias.

A Pullmantur vai trazer mais de 40.000 turistas da Europa para Aruba, mas também da América Latina: brasileiros, argentinos, chilenos e até mexicanos. Qual é sua avaliação desse turismo?

Muito boa, porque os turistas latino-americanos são um grupo considerável. O posicionamento da Pullmantur em Aruba faz parte de uma estratégia para atrair os latino-americanos que não querem viajar por Miami ou Porto Rico. Mas, além disso, é mais barato. Por outro lado, os latino-americanos e europeus compram muito na ilha e isso aumenta os benefícios.

Os latino-americanos também são um desafio para Aruba, que não tinha experiência de trabalho com eles.

As operações da Pullmantur abrem muitas portas do ponto de vista de novos mercados e turistas, além das receitas que deixam no porto e no aeroporto.

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