Empréstimos do BID ajudam a proteger e melhorar o litoral de Barbados
O passeio à beira-mar, um paredão de um quilômetro de extensão e dois a três metros e meio de profundidade, localizado na costa sul de Barbados, é mais do que apenas um espaço turístico. A bela estrutura foi projetada para conectar praias, evitar erosão e proteger a costa de ventos de mais de 170 quilômetros por hora.
A estrutura é uma das realizações de mais de 28 anos de cooperação entre o governo de Barbados e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para proteger e administrar o litoral da ilha.
Para Barbados, a área costeira é seu melhor recurso econômico.
Praias arenosas, águas calmas, recifes e outros ecossistemas, ao longo de uma faixa litorânea de 97 quilômetros de extensão, criaram condições para uma grande indústria de turismo, que hoje, direta e indiretamente, é responsável por quase 40% do produto interno bruto da ilha. Esse setor é fundamental para a vida local, apoiando atividades como pesca e transporte marítimo no Caribe.
“Intervenções adequadas de gestão costeira como as apoiadas pelo Banco em Barbados mostram que é possível obter sinergias positivas entre a prevenção e mitigação de desastres e um setor estratégico como o turismo, de forma a maximizar os benefícios econômicos para o país”, diz Héctor Malarín, Chefe de Meio Ambiente, Desenvolvimento Rural e Gestão de Riscos de Desastres do BID.
O esforço sistemático e consistente do governo para proteger seu litoral com uma estratégia de longo prazo foi essencial para o sucesso desse projeto.
O projeto teve início em meados da década de 1980, quando o BID apoiou um programa para coletar dados técnicos e científicos sobre como alterações no meio ambiente estavam afetando a zona costeira.
Mais tarde, como parte do Programa de Conservação Costeira, com um empréstimo de US$ 3,6 milhões e US$ 500 bilhões em recursos não-reembolsáveis, o BID centrou seus esforços no fortalecimento institucional e na criação de uma unidade especializada em gestão costeira. Com a criação da Coastal Zone Management Unit (CZMU - Unidade de Gestão da Zona Costeira), Barbados tornou-se o primeiro país do Caribe a ter um órgão especial para tratar desse tema. Seu primeiro diretor, Leonard Nurse, é hoje internacionalmente conhecido na área de mudança climática. Ele é membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que recebeu o Prêmio Nobel em 2007 por sua contribuição para a pesquisa nesse campo.
Entre 2002 e 2009, o BID implementou um projeto de US$ 17 milhões que ajudou a estabilizar a costa e controlar sua erosão em áreas populares no sul e oeste de Barbados. O projeto também apoiou melhorias importantes no acesso público ao litoral e às praias mais procuradas. As melhorias fizeram uso de informações científicas e elevados padrões mundiais de engenharia internacional, o que levou a uma redução nas dispendiosas despesas de manutenção no longo prazo.
“A capacidade institucional criada como resultado desses vários projetos fez de Barbados um dos líderes no Caribe em termos de capacidade de adaptação aos efeitos da mudança climática”, segundo Michele Lemay, especialista em recursos naturais do BID. “O país utiliza soluções eficazes e sustentáveis a longo prazo para combater a erosão costeira e o aumento na frequência de inundações.”
Este ano, o Banco está empenhado em proporcionar novos recursos para dar a Barbados mais ferramentas para administrar os riscos à zona costeira e a mudança climática. Especialistas preveem um aumento na frequência de desastres naturais e em seu impacto sobre a ilha. Sem estudos de adaptação que possibilitem modificações e a tomada de decisões apropriadas, a qualidade de vida e os recursos de Barbados poderiam ser prejudicados, pois o país não seria capaz de lidar adequadamente com os riscos econômicos e sociais decorrentes das mudanças climáticas.
“O conhecimento, as habilidades e a experiência adquiridos pela CZMU, graças ao apoio do BID ao longo dos últimos 28 anos, claramente renderam dividendos”, disse Cassandra Rogers, líder de equipe e especialista em redução de riscos e gestão de desastres no BID. “As próximas intervenções do BID farão uso da experiência obtida na cooperação com a CZMU em gestão de riscos e aplicação de práticas de gestão da zona costeira.”