Entrevista a Edilberto Riverón, Conselheiro de Turismo da embaixada de Cuba na Rússia
Edilberto Riverón é o Conselho de Turismo da embaixada de Cuba na Rússia. Sua atividade principal é promover e desenvolver o turismo para Cuba, aumentar a emissão de clientes para esse país caribenho desde o mercado russo e os países de Europa do Leste, que também são atendidos pelo escritório.
Os dois operadores que desapareceram no mercado russo tinham influência para o mercado cubano?
- Ainda que tenham desaparecido ultimamente estes dois e anteriormente outros operadores, acho que não tenham uma influência importante para Cuba, porque não eram operadores fortes para nosso mercado, ainda que sim para outros destinos do Caribe.
Por que desaparecem operadores no mercado russo com tanta frequência? Nos últimos quatro anos têm desaparecido mais de dez.
- Em princípio acho que estes operadores têm crescido rapidamente, em volume, mas com muito pouca margem de utilidades. Fala-se de que os operadores turísticos russos fazem até um 3,5% de utilidades, o qual não é rentável para nenhuma agência de viagens se manter. O tema de manejar grandes volumes sempre leva estes riscos. As margens às vezes são pequenas e às vezes funcionam, às vezes não. Esse é o caso de alguns que cresceram muito e o volume os levou a trabalhar com perda em alguns destinos, que não recuperaram depois.
Fala-se do mercado russo como um mercado de grande despesa, mas com pouca margem para o profissional. Significa que o profissional aporta muito também ao país?
- Acho que a margem tem que ver, mas depende muito dos destinos. No caso dos destinos de longa distância como Cuba, os boletos aéreos resultam extremamente caros. Isso faz que às vezes, e se nos têm dado alguns casos, há clientes que viajam em business e depois não se alojam em Cuba em hotéis cinco estrelas, porque o pacote lhes resulta extremamente caro. Acho que o tema do boleto aéreo é o que mais influi no crescimento para Cuba do fluxo de clientes da Rússia.
Afeta mesmo a falta de companhias que voem a Cuba?
- O ideal seria aumentar a quantidade de voos charter. Aeroflot é uma companhia regular, normalmente voa com muito boa ocupação, mas lamentavelmente não todos são turistas russos. Em Aeroflot voam muitos clientes de toda Europa, também de Ásia, os quais fazem voos de conexão em Moscou que resultam bem mais atraentes, bem mais baratos que comprar um voo direto Moscou – Havana.
Encontramos uma resistência neste momento ao crescimento e, no entanto, uma expansão nos países que têm deixado de ter vistos para admitir aos russos. Isto supõe também um duplo esforço para que Cuba recupere o mercado russo?
- O mercado russo vai ganhando a cada vez mais importância. São muitos os destinos que reclamam este mercado. Nós estamos a manter os níveis bastante similares aos de 2013. Achamos que terminaremos no ano com números positivos, ou seja, acima da quantidade de visitantes que tivemos em 2013, mas ainda não chegamos. O 2012 foi o melhor ano do turismo russo para Cuba e ainda estamos um pouco longe dessa cifra que era de 86 mil visitantes.
Com esta nova campanha de promoção, a campanha “Autêntica Cuba”, pela primeira vez Cuba utiliza uma companhia russa para realizar toda sua promoção no país.
Anteriormente fazíamo-lo desde Canadá, com uma companhia canadiana que subcontratava a promoção para Rússia. Achamos que ninguém melhor que uma companhia publicitária russa para conhecer a mensagem que faz falta levar ao mercado.
A campanha começou neste ano em março, um pouco bastante tarde, mas ainda achamos que é uma campanha jovem cujo maior por cento, ou seja, o 60% da campanha, ainda está por realizar.
Há algum acordo que se vá formalizar com algum operador turístico sobre colocar um charter para Cuba e algum destino novo neste país?
- Destinos novos por enquanto não. O objetivo é abrir novos destinos em Cuba, que não seja somente Havana e Varadero. Sempre abrir novos destinos custa muito trabalho. Estamos a insistir com alguns operadores, há algumas negociações avançadas, mas ainda não há nenhuma resolução ao respeito.
Em Caribbean News Digital desde que começamos a publicar as cidades patrimoniais na Revista Excelencias temos recebido muitos telefonemas e contatos de cidadãos russos que, através de nossos jornais on-line, nos perguntam pelas rotas das cidades patrimoniais. Existe algum programa que esteja a propor neste momento o escritório de turismo na Rússia com os operadores, com Havanatur ou Cubatur, para pôr este tipo de cidades nos programas que se vendem?
- De fato, os receptivos cubanos estão a começar a oferecer um amplo leque de circuitos. Anteriormente tinha uma falsa crença de que o cliente russo pode ser um cliente de sol e praia, e sabemos que não é assim. Por isso acho que Cuba oferece muitas possibilidades para combinar toda a riqueza cultural, histórica, arquitetônica, de natureza própria que tem a ilha; combinar tudo isto nos tours e o fazer bem.
O que se precisa um pouco é os promover, que a gente os conheça, porque sabemos que Cuba tem muito potencial para desenvolver este turismo de circuito e, contraditoriamente ao que se cria de que o turista russo não era um turista interessado neste tipo de programa, pois sim. Acho que num futuro será um produto muito demandado.
Santiago de Cuba é a próxima cidade quinto centenário e o Grupo Excelencias tem criado uma campanha que se chama “Santiago 365 dias” que irá de 25 de julho de 2014 a 25 de julho de 2015, que é quando se cumprem os 365 dias. Que pensa o russo de Santiago de Cuba e que programas há para Santiago de Cuba dentro do mundo russo?
- Lamentavelmente, os turistas que se aventuram a chegar até o oriente cubano quase sempre chegam recomendados por algum amigo, alguém que tem estado ali ou russos que têm vivido nessa parte da Ilha; já que ainda não contamos com uma conectividade aérea confortável para ligar Havana com Santiago. Também é um pouco difícil chegar, após uma viagem tão longa, até o oriente. Não obstante, há boa quantidade de clientes que se aventuram até Holguín e Santiago de Cuba.
Acho que Santiago é e será uma praça importante. Santiago como berço de quase todos os produtos emblemáticos cubanos, como berço da Revolução, como berço do rum, como berço da salsa, da música cubana; acho que tem muito que oferecer ao turista russo, mas teria que desenvolver as conexões que façam que seja acessível a eles para que cheguem até lá.
Santiago de Cuba como turismo de mergulho é hoje uma das praças mais importantes com toda a Armada Espanhola afundada, com a esquadra do Almirante Cervera, que está a menos de 40 metros da praia e o barco mais longínquo a menos de 400 metros, ao lado da Fosa de Bartlett. Que opções há para os clubes de mergulho russos, que são importantíssimos e com um potencial econômico tremendo, dentro dos operadores cubanos?
- Pelo geral, os lugares de mergulho que mais se promovem e mais se conhecem no mercado são os de María la Gorda, Cabo de San Antonio, Cienfuegos e a gente também mergulha em Cayo Coco e os outros ilhotes ao norte da ilha. Acho que Santiago ainda está por descobrir pelos mergulhadores. Considero que temos a tarefa pendente de lhes abrir as portas e lhes fazer chegar programas aos especialistas em mergulho para descobrir toda esta riqueza submergida.
Deseja comentar alguma coisa sobre sua gestão, seu trabalho? Algo que estão a melhorar, que está a conseguir? Tem assinado com mais operadores que os que tinha?
- Estamos a tratar de unir esforços entre os operadores. Acho que o fato de que Coral compartilhe já voo charter a partir deste inverno com Pegas Touristic é algo novo. Os operadores estão a ser um pouco mais abertos a compartilhar seus espaços nos aviões, a cooperar mais entre eles e acho que por aí devem andar as tarefas.
Quantos voos charter têm agora?
- Além dos cinco voos de Aeroflot, estão os voos charter semanais de Transaero com os operadores Biblio Globus, Natalie Tours e Tez Tour a Varadero, e também o charter de Pegas a Varadero, que atualmente é a cada catorze dias e a partir do inverno será semanal com o qual duplicariam a quantidade de clientes para Varadero.
Quantos turistas russos têm ido neste ano? Que crescimento tem tido o mercado russo?
- Neste ano, por enquanto, estamos a um 95% do que tínhamos no ano passado, mas com o incremento destas capacidades de Pegas e com a promoção que estamos a fazer temos confiança em que ultrapassaremos a cifra de 70 mil visitantes a Cuba.