Entrevista a Felipe Pimentel Hernández (Thimo), artista gráfico dominicano

20 de Fevereiro de 2014 12:31pm
claudia
Entrevista a Felipe Pimentel Hernández (Thimo), artista gráfico dominicano

Ainda que seu nome real é Felipe Pimentel Hernández, ao artista gráfico dominicano todos parecem conhecer-o por seu apodo, Thimo. Com um currículum variado, que inclui estudos de Medicina e labores de ceramista, fotógrafo e crítico de arte, entre outras, o importante ativista cultural conversou com Caribbean News Digital sobre suas viagens a Cuba e sua relação especial com a cidade de Camagüey, a qual, a seu julgamento, se desenvolveu consideravelmente ao longo do tempo.

Pode explicar-nos por que está em Cuba e que fazia em Camagüey?

-Nos anos noventa comecei uma relação de amizade com José Rodríguez Fuster pelo tema da cerâmica. Essa relação trouxe-me pela primeira vez a Havana, essa maravilhosa cidade tão rica em arte e cultura. Como gosto muito da fotografia, vim as primeiras vezes a tomar fotos da velha Habana e de todo o que encontrava por cá.

Logo os laços foram-se estreitando. Em um dia convidaram-me a um seminário internacional de Raku em Havana com Amelia Carvallo. Então conheci a um artista e ceramista camagüeyano que se chama Oscar Rodríguez Lasseria e nesse espaço nos propomos a possibilidade de fazer um evento internacional em Camagüey, de onde nasceram os simpósios de cerâmica de arte dessa cidade.

Já para finais de ano se vai celebrar o nono seminário-oficina. Junto com esta atividade, desenvolvemos um evento mundial que se chama Trienal Internacional do Tile Cerámico, cuja quinta edição se celebrará em 2014. Na edição anterior, celebrada no Centro Cultural Eduardo León Jiménez, em República Dominicana, participaram 356 artistas de 91 países. Neste ano pretendemos superar a cifra de 91 países, ainda que vamos reduzir um pouco os participantes.

Ambos eventos irmanaram-se e estive a cargo das relações públicas do primeiro porque nessa cidade tinha alguns inconvenientes com a comunicação com outros países. Nunca tenho faltado a esses simpósios, pelo que faz oito anos, dentro das celebrações de uma destas atividades, o governo de Camagüey distinguiu-me com uma condecoração e com algo que para mim é de alta honra, que se chama Espelho de Paciência. Desde então nomearam-me filho adotivo da cidade.

Quando se levava a cabo a celebração dos 500 anos da vilha, a gobernação da cidade pediu formalmente minha presença como convidado especial.

Ao chegar a Havana fiz estância em casa de José Rodríguez Fuster e o 1ro dirigimos-nos a Camagüey, onde estivemos até o dia 3 que culminou o evento. Foi um reencontro com os amigos. Sento especial satisfação de contribuir com o grupo de dança Endedance, que também tenho apoiado desde Santo Domingo, tentando contribuir ajuda econômica ou de qualquer tipo. O esposo de Tania Vergara, diretora desta escola de dança contemporânea, é ceramista e muito amigo meu, e viaja a Santo Domingo com a mesma frequência que vou a Camagüey.

Tem sido um grupo de situações cojunturais que têm fortalecido as relações interculturais e de amizade. Por exemplo, quando cheguei a Camagüey pela primeira vez, os filhos de Oscar Rodríguez Lasseria eram meninos; hoje são artistas consagrados da cidade e professores da escola de arte. Oscar Rodríguez Martínez e Leonardo Rodríguez Martínez são dois artistas, orgulho de seu pai, o grande maestro da cerâmica em Camagüey.

Falando de sua vida, você é médico de formação, mas tem tido uma longa trajetória profissional em outras lides que não são as da medicina, e foi diretor do Escritório de Turismo de República Dominicana. Em que ano foi isto?

-Em 1986. Fui citado pelo então ministro de Turismo, Fernando Rainieri, quem pediu-me ajuda para organizar o Escritório de Turismo. Eu estava retirado da medicina e tinham-me oferecido estudar cerâmica em Israel. Então, o ministro pediu-me que dirigisse o Escritório pelo menos seis ou oito meses. Naquela época somente oito ou nove mil espanhóis visitavam a República Dominicana, mas hoje o número multiplicou-se 20 ou 25 vezes. O que pôde ter sido uma estância curta de oito meses se converteu em uma longa estadía de cinco anos.

De 1986 a 1990 desempenhei-me como diretor do Escritório de Turismo e, junto com o trabalho original que estava fazendo o ministro Rainieri, favorecemos o estabelecimento de laços, sobretudo com a parte empresarial espanhola, que começou a abrir hotéis na zona de Bávaro -as correntes hoteleiras espanholas RIU e Barceló foram a Santo Domingo. Também se estabeleceram relações com os italianos na zona de Bayahíbe.

O mais importante nessa época era a feira FITUR. Daí viajávamos à Feira Internacional de Milão, ITB Berlim e também íamos a França. Ou seja, era um periplo que começava a promover o destino turístico República Dominicana.

Cuba é o único país do Caribe que neste momento está prmovendo as cidades patrimoniais como circuito turístico, apesar de que há na região vilhas que têm sido fundadas muito dantes. Que opina do esforço que têm feito as autoridades cubanas para que as cidades V Centenário sejam uma rota e se esteja promovendo o turismo na ilha desta forma?

-Como é conhecido, nós celebramos os 500 anos da cidade de Santo Domingo, primada das Américas. Mas em Cuba formalizou-se a celebração dos 500 anos de fundação das vilhas fazendo eventos internacionais, eventos com todo o acervo cultural, com toda a riqueza que tem a cada uma das cidades patrimoniais. Neste ano celebra também a de Sancti Spíritus, em 2015 o fará Santiago de Cuba, e já se está falando de 500 anos de Havana, que vão ser algo grandioso.

Acho maravilhosa a rota de celebração dos 500 anos porque é um motivo interessante, não somente para celebrar, senão para que esses povos, como tem passado em Camagüey, dêem um salto qualitativo e quantitativo enorme ao conhecimento exterior.

Em um dos primeiros simpósios que se realizaram em Camagüey, alugamos um avião em Santo Domingo para trazer a 22 artistas dominicanos. Quando chegamos ao aeroporto, receberam-os dois jeep militares que foram nos escoltando até que o avião se deteve. Então teve muitos mecanismos de segurança, porque não era usual que chegassem aviões estrangeiros a esta cidade.

Os quatro dias que durou o simpósio o avião manteve-se nos esperando, de tal sorte que os pilotos participaram no evento e estiveram trabalhando cerâmica, e é que tinha muito poucas que fazer, poucos restaurantes, o museu estava deteriorado, etc.

No entanto, hoje Camagüey é uma expressão do trabalho realizado pelo governo local. A pessoa encarregada de trabalhar pela cidade nestes últimos oito, dez ou doze meses tem sido determinante. Meus parabens de todo coração. Nunca dantes tinha ouvido ao povo mencionar o nome da pessoa que está encarregada de trabalhar por Camagüey, José Tapia, e nesta ocasião, sentado em um restaurante, pude escutar à gente falando bem do que este homem tem feito em pouco tempo e como se preocupa pela cidade.

Sobre suas atuações na investigação arqueológica e sobre seu trabalho na união da arqueologia e o turismo submarino quisesse perguntar-lhe: Como se promove um destino enterrando esculturas submarinas? Poderia nos explicar em quatro palavras como surge esta ideia?

-Desde faz mais de 40 anos, tenho sido especialmente tocado pela arqueologia. Não sou arqueólogo, sou um aficionado, uma pessoa que gosta de preservar o patrimônio, lutar pela sua permanência no país. Então, tomando como base o que tenho coletado por muito tempo, se me ocorreu a ideia de apresentar ao grupo Ponta Cana um museu submarino.

 

 

Estou fazendo esculturas em ferro-cemento que são colocadas baixo a água com a colaboração de uma senhora alemã-colombiana que trabalha para a Fundação Ecológica Ponta Cana. Dona Susan ajudou-nos a localizar estas esculturas em lugares estratégicos, onde há boa visibilidade para que os visitantes -usando snorkels- possam ver e conhecer um pouco mais de nossa história arqueológica.

Quanto tem podido custar este projeto?

-Este projeto foi costeado por mim, especificamente, e por minha fundação, que se chama Fundação Igneri/Arte e Arqueologia. Os igneri foram os primeiros pobladores agro-alfareros que teve a ilha da Espanhola dantes que os taínos.

Em princípio, a fundação costea todas as esculturas, com um valor aproximado a mais ou menos 350 mil dólares. É um contribua que fizemos, porque nós nascemos com a zona ou a zona nasceu com nosso trabalho. O primeiro hotel que abrimos em Ponta Cana o desenhou meu primo Oscar Imbert, quem desenhou também o Aeroporto Internacional de Ponta Cana.

Então sento-me comprometido com o lugar. Os rendimentos pelas obras, os murais que tenho feito para o Clube de Praia de Cap Cana, para o Aeroporto, para residências privadas, os investi em adquirir algumas propriedades imobiliárias e ademais em desenvolver o grupo Ponta Cana, com cujos membros mantenho excelentes relações desde faz muito tempo.

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