Entrevista a Jean Philippe Claret, Vice-presidente de ACCOR para México, Centro América e o Caribe

22 de Maio de 2014 5:10pm
claudia
Entrevista a Jean Philippe Claret, Vice-presidente de ACCOR para México, Centro América e o Caribe

O que acha da Feira Internacional de Turismo FITCuba 2014?

É a primeira vez que participo em FITCuba, não conhecia o alcance deste evento; foi muito interessante a concentração de operadoras de turismo, cadeias hoteleiras e de serviços hoteleiros que se promoveram, assim como o alto nível de participação das autoridades cubanas e da França como principal convidado. Acho que foi muito interessante a combinação destes atores num mesmo local e ao mesmo tempo.

Acha que fazer um evento como este num forte como o Morro-Cabaña permite mostrar o país de maneira original aos profissionais e operadoras de turismo que o visitam?

Sem dúvida, acho que é muito original porque estamos acostumados a fazer as feiras de turismo em locais especializados e modernos, mas carentes de personalidade própria, sem um toque histórico; e aqui aconteceu tudo o contrário, houve muita originalidade.

Na inauguração fomos recebidos por guardas fardados com roupa típica dos séculos XVII ou XVIII, num forte autêntico que trasladou-nos a outra época; isto foi uma iniciativa muito feliz onde combinou- se tradição e futurismo; enquanto aos negócios pareceu-me muito interessante.

O senhor conhecia Cuba?

Eu conhecia Cuba, mas nunca tinha estado tanto tempo cá; passei muito tempo no forte do Morro, pude conhecer mais; fui a restaurantes antes e depois das citas de negócios e foi muito interessante porque tive a oportunidade de conhecer outros sítios históricos, particularmente à noite quando participei nos jantares celebrados nas duas praças mais importantes da cidade.

Estas atividades estiveram muito bem organizadas e as praças muito bem iluminadas com uma mistura de luzes que revelavam o valor patrimonial e arquitetônico da cidade. Aíofereceram-nos diferentes espetáculos: ora clássicos, ora modernos. Foi muito original e surpreendente, a gente não viu o tempo passar, a semana correu muito rápido. 

ACCOR é um grupo hoteleiro que leva muitos anos em Cuba, mas não tem muitos hotéis, estes acordos que tem firmado o governo francês e o de Cuba vão motivar a ACCOR a investir mais neste país?

Vai sim, é uma combinação, são vários elementos que coincidem e a atual relação entre os dois países e entre os seus dois governos é uma grande ajuda. Eu pude ver como os dois ministros de turismo com as suas respectivas equipas de trabalho entendiam-se, falavam uma mesma língua e partilhavam os mesmos interesses.

Sem dúvida, este é um momento de oportunidade, de muito interesse que para ACOOR é de particular relevância porque tem alguns anos operando em Cuba com três hotéis: Mercure Sevilha na Havana, Mercure Playa de Oro em Varadero e Cuatro Palmas em Varadero que são nossa base, nossa experiência.

Há muito tempo que ACOOR está presente em Cuba e gostaríamos de crescer na Ilha porque o potencial de Cuba para ACOOR é muito mais do que três hotéis. Estamos num processo de crescimento com um novo contrato de administração nomeadamente, um que foi anunciado pelo senhor ministro nesta semana que trata sobre a abertura do hotel Pullman Cayo Coco, o qual é um hotel de mais de 500 habitações num destino belíssimo e em crescimento, tal é assim que vai ser sede da próxima feira de turismo.

Então este é um bom exemplo dos projetos que procura ACCOR para aportar ao destino Cuba a sua experiência; precisamos de mais e melhores hotéis para iniciar a expansão de ACOOR na Ilha.

Quais são as marcas que ACCOR traz a Cuba?

Estamos estudando simultaneamente algumas marcas porque temos um leque muito amplo em ACCOR, além disso, porque achamos que é um bom momento para oferecer variedade na oferta hoteleira nacional. Há muitos hotéis de praia hoje em Cuba com categoria de quatro e cinco estrelas, a maior oferta concentra-se aí, por isso antes de falar de marcas precisamos falar de segmentos de mercado.

Primeiro precisamos nos dirigir ao segmento mais alto, atualmente são poucos os hotéis de luxo que atendem ao cliente de grande poder aquisitivo, muito independente que conforma a clientela SOFITEL; destes há muito poucos hotéis na Ilha, pois não é a oferta tradicional. Eu recomendo crescer nesse segmento, claro não massivamente, só em destinos de exceção ora de praia, ora de cidades patrimoniais como Havana.

Podemos dar como referência um hotel que temos em Cartagena de Índias na Colômbia, onde há um belo centro histórico muito bem conservado como o de Havana e onde temos o hotel Sofitel Legend Santa Clara de Cartagena, construído dentro dum monumento histórico que noutra época foi um claustro. Este é o tipo de produto que poderíamos oferecer na Havana aos clientes Sofitel.

Igual acontece com produtos modernos, hotéis que combinem tradição e modernidade com marcas como SOFITEL ou SOFITEL SO, dirigidas a uma clientela à procura de novas experiências. Esta é uma categoria de luxo, mas dirigida a um cliente muito sensível às qualidades históricas, culturais, artísticas dum destino e Havana possui todas, por isso temos muitos desejos de pôr nela uma rede de hotéis SOFITEL SO onde promover este destino num círculo fechado de cidades autênticas e interessantes do mundo.

Este é um bom exemplo do que ACCOR pode aportar com uma das suas marcas líderes em quanto ao segmento de luxo. Há outras marcas dirigidas aos jovens que são os consumidores do futuro; por isso é interessante que Cuba tenha uma oferta de hotéis económicos para grupos nacionais e estrangeiros de turismo económico,esportivo, religioso,…

Em muitos países cresce o turismo religioso promovido através de associações religiosas, eles conformam micro segmentos no México e no Brasil, por exemplo. Estes são segmentos que educamos ao oferecer-lhes por primeira vez um alojamento económico e de qualidade pois transformam-se, com a idade e o crescimento profissional, em consumidores intensos deste tipo de hotéis.

Este segmento de mercado seria para a família da marca IBIS e dentro dela a IBIS STYLES, uma marca muito prática para convenções. A marca IBIS tem mais de 1500 hotéis no mundo em 55 países, ela é uma referência do segmento económico, é a marca económica com maior experiência de interação com o cliente, eu sinto que poderia aportar algo muito novo e inovador dentro da oferta nacional cubana.

Este esquema incluiria hotéis da marca IBIS nas províncias e na capital cubana?

Sim, seria uma oferta hoteleira económica em rede, com um ou dois hotéis em Havana como ponto de início e outros nas províncias. O objetivo da oferta de IBIS no Brasil e no México é cobrir as necessidades de alojamento nas cidades mais importantes com uma mesma apresentação hoteleira, com o mesmo quarto, as mesmas taxas; são hotéis entre 100 e 400 habitações nas cidades maiores com um alojamento de qualidade garantida.

IBIS é uma marca certificada, ACCOR garante um processo de certificação com pontos finques de serviço para que os viageiros não tenham surpresas desagradáveis.

Acha que há algum hotel de interessante na capital e no interior de Cuba para ACCOR investir nele?

Sim, há alguns hotéis para remodelar que resultariam de interesse para ACCOR, mas não seriam para um investimento direto de ACCOR, senão através de entidades estrangeiras ou nacionais interessadas em investir em Cuba. Hoje as próprias entidades cubanas são as mais importantes, um exemplo disso é Gran Caribe, nosso principal sócio com quem temos três hotéis.

Além disso com a nova lei de investimentos estrangeiros de Cuba, abre-se oportunidades de negócios onde podemos ter esquemas de financiamento que permitam desenvolver novos hotéis ou fazer remodelações nos existentes.

Havana é um bom exemplo porque a sua oferta hoteleira em quanto a quantidade é boa, há muitos hotéis e grandes hotéis, mas em quanto à qualidade precisam dum investimento para atingir os níveis internacionais; pois cada ano as grandes companhias e linhas aéreas interessadas em alojar os seus funcionários exigem aos hotéis um serviço mais personalizado e níveis de qualidade e de infraestrutura em diferentes matérias como são segurança contra incêndios, internet,…

Os seus hotéis são maioritariamente de cidade em comparação com os de praia. Qual é a experiência de ACCOR em Cuba e em República Dominicana?

É uma experiência boa, um grupo como o nosso com 3,600 hotéis e 200 deles de praia, aparentemente tem poucos com relação aos de cidade, mas estes conformam uma das maiores cadeias do mundo, o que garante um alto nível de especialidade e de carreira de nossos managers quem estão em crescimento constante, pois não só fazem hotéis urbanos.

Um grupo como o nosso com 12 milhões de portadores da carta ou certidão de fidelidade: Clubof Hotel, precisa de hotéis de luxo e resorts para aproveitar os pontos acumulados; por isso oferecemos uma parte da comercialização assegurada pelos clientes de cidade quem descontam pontos de fidelidade em destinos de férias. Por isso atualmente, precisamos de mais hotéis em Cuba, em Santo Domingo, em Punta Cana, no México,…

A retirada de IBERIA de alguns mercados, como o cubano e o dominicano e a entrada de AIRFRANCE para cobrir essas necessidades provoca que turistas russos e do norte da Europa voem com AIRFRANCE para chegar aos destinos que eram típicos de IBERIA. Esta situação beneficia a ACCOR enquanto a ocupação hoteleira nesses destinos?

Não é tão assim porque na seleção duma companhia aérea está primeiro a conectividade, os horários, o preço, … mas sim dúvida, a qualidade do serviço de AIRFRANCE e a sua personalidade francesa vai bem com o que ACCOR oferece especialmente para o segmento alto de SOFITEL; então consegue-se uma boa sinergia. Nós fazemos muitas promoções conjuntas.

Estamos muito perto de AIRFRANCE, somos sócios comerciais, embora não sejam acionistas nossos e através das certidões de fidelidade utilizam-se os pontos de maneira recíproca e estas ferramentas favorecem o fluxo de clientes.

Qual é o valor da gastronomia em ACCOR?

A gastronomia tem uma grande importância para nosso grupo, é parte integrante do serviço, depende também do segmento de mercado ao qual dirige-se o produto. Por exemplo, a marca IBIS tem, embora seja uma cadeia de hotéis económicos, uma oferta simples de alimentos e bebidas com una qualidade garantida para os clientes de maneira que não tenham necessidade de sair deles.

As marcas Mercure e Novotel possuem entre a sua oferta de serviços: um restaurante, um bar, uma área de salões para realizar eventos onde oferecer atrações especiais para os clientes,… e conforme vai subindo o nível do segmento como é o caso de SOFITEL, eleva-se a qualidade para falar-se de restaurantes de especialidades e temáticos  e com chefe de reconhecida reputação internacional.

Back to top