Entrevista a Jennifer Champsaur, Vice-ministra de Turismo do Panamá

23 de Março de 2015 8:21pm
claudia
Entrevista a Jennifer Champsaur, Vice-ministra de Turismo do Panamá

— Há quanto está no setor turístico?

Desde pequena. A pergunta é com salário ou sem salário. Venho de uma família hoteleira e de linhas aéreas. De fato, minha mamãe começou em Braniff e poucos anos depois rendimento à hotelería. Desde que tenho uso de razão estou a correr entre correias de aeroportos e hotéis.  O Turismo é algo que se vive com paixão e seguindo seus passos, estudei Mercadeo com ênfases em Hotelaria.

Fui parte da equipa de abertura do Marriott Panamá e depois de dois anos transladei-me à cidade de Miami, onde também fui parte da equipa de abertura do JW Marriott Miami. Após dois anos a pátria e o amor pelo Panamá seguiam-me chamando e voltei.

Trabalhei para o Hotel Caesar Park e depois penetrei com um escritório de representação como agente geral dos hotéis Marriott no exterior e, ao mesmo tempo, a representação de Marriott Vacation Clube.

—Que é o que lhe falta ao Panamá neste momento e deve procurar nessalegislatura na que estão vocês?

Explodir a diversidade de produtos que temos. Temos preservado nossas culturas indígenas, contamos com uma exótica flora e fauna. É maravilhoso dizer que num dia podes estar no Mar Caribe e podes cruzar ao Pacífico. O Panama é bem mais que um canal, temos uma natureza impressionante, muito ecoturismo, aventura, compras. Acho que o Panama o tem tudo.              

Recentemente inaugurou-se o Museu da Biodiversidade, desenhado pelo arquitecto Frank Gehry. Acho que é um atrativo interessante e tem muita história, muitas coisas interessantes, saber como quando o Panamá uniu a América do Norte com América do Sul, quando o Panamá emerge dos oceanos, como se desenvolveu essa plataforma nessa área, como o Panamá está protegida hoje em dia de todo o que são desastres naturais, furacões, terremotos.

Acho que é uma terra privilegiada e digo-lhe à gente que o Panamá está abençoado por Deus. Não temos todos estes desastres e ademais contamos com um Canal que é uma das grandes maravilhas do mundo. Sua expansão deve estar culminada para finais do próximo ano. Temos o Arquipélago de San Blas onde há mais de 365 ilhas por visitar, ilhas totalmente vírgens. 

É um produto muito interessante, sobretudo para o mercado europeu quando vai planificar férias. Devem saber que têm uma opção diferente. Conquanto é verdadeiro que a gente vê muito ao Panamá como um destino cosmopolita, com grandes edifícios, uma cidade que se pode dizer que compete com grandes cidades dos Estados Unidos, eu acho que por trás disso está esse sabor latino, essa cultura latina. A combinação das duas coisas não deixa nada por pensar, porque um viajante que vai de Europa para América Latina deseja passar pelo menos umas férias de 7 dias, enquanto se adapta às mudanças de horário e todo o demais. Pode estar até 14 dias sem estar no mesmo lugar e desfrutar de muitas actividades. É um destino bem pequeno, mas com uma diversidade de produtos muito completa.

—Como foca o Panamá a captação de grupos de incentivo e congressos na nova visão desta legislatura?

Acho que há dois fatores muito importantes. Quando tu estás no negócio de MICE e vais considerar um destino para meetings, incentivos, começas a procurar os destinos e primeiro procuras conetividade, depois infraestrutura hoteleira. Acho que são dois pontos sobre os que temos o ganchito posto com uma conetividade aérea impressionante: temos ao redor de 1.500 frequências semanais e isso nos faz ter uma afluência de visitantes e uma facilidade para o que vai coordenar um grupo de incentivos. Nossa infraestrutura hoteleira conta com mais de 300 hotéis. A maioria das grandes correntes hoteleiras estão presentes no Panamá.

Entre 2009 e 2014 crescemos em quase 10 mil habitações disponíveis, que se pode dizer que não é tanto para países grandes, mas para um país como o Panamá é um número interessante, mais ainda se se compara com o resto da região.

Se a isso lhe sumas a construção do novo centro de convenções em Amador, acho que tens um destino muito interessante para o mercado MICE, que de facto é o que a mim me motiva e me move.

—Considera que se podem fazer acções para gerar bolsas no exterior com o objetivo de aperfeiçoar a formação dos profissionais na indústria hoteleira?

Definitivamente acho que se olhamos para atrás, nas declarações, a cada vez que se fez uma entrevista, sempre se fala do tema da capacitação. O incremento de hotéis, o incremento de frequências aéreas levam da mano contratação de pessoal para todos estes postos de trabalho e definitivamente este crescimento tão acelerado talvez em seu momento não foi da mão com lhe criar a consciência ao panamenho.

Um deve ir sempre às escolas, às universidades para promover estas coisas. Às vezes os rapazs estão nas escolas e não sabem nem que estudar. Ficaram com a mentalidade do médico e o advogado, e não se dão conta de quais são as necessidades de um mercado que vai evoluindo.

Este governo tem feito muito ênfase no tema da educação, levada da mão com a capacitação. Nós temos o Instituto Nacional para o Desenvolvimento de Recursos Humanos, que se encarrega do tema da capacitação. A ideia é criar um acordo para que, quando os rapazs saiam preparados e capacitados, estejam ao nível de um hotel 5 estrelas. O que ocorria é que tinha uma brecha entre essas duas coisas e quando saíam capacitados não estavam prontos para enfrentar ao mercado.

Sim está a trabalhar-se com o tema das bolsas e, de facto, estão a procurar-se opções de universidades no estrangeiro para que capacitem aos rapazs em temas da indústria do turismo em general.

—Que destinos de América Latina são os que vão trabalhar mais diretamente?

Colômbia sempre tem sido um mercado muito importante para o Panamá. Diria que, após dos Estados Unidos, Colômbia é o segundo país com afluência de visitantes para o Panamá. Não podemos descuida-lo.

Ao Brasil contemplámo-lo como potencial para este ano e os próximos. Ao mercado brasileiro gosta muito dos destinos de compras e a Panamá a gente conhece-o como um destino de compras na região. Estamos a lhe apostar muito forte a Brasil. Copa tem aberto novas frequências de voo para Brasil, não todas desde São Paulo ou Rio de Janeiro. Sim estamos a esperar contar com um mercado brasileiro muito forte.

Se focamos-nos no tema dos cruzeiros, temos um home port com Pullmantur no Panamá, que de facto estão a entrar com um segundo barco para fim de ano. Entendo que isto também se vai vender muito forte no Brasil. Já temos tido visitas de tour-operadores fortes do Brasil para ver como podemos trabalhar isto conjuntamente e conseguir o maior número de visitantes para o destino.

—Que estados do México emitem mais visitantes para o Panamá?

México é muito grande e às vezes eles vendem seu próprio produto. As pessoas do DF preferem ir-se de férias para Cancún ou vão a Monterrey por negócios, vão-se movendo dentro de seu próprio país. Para o mercado MICE às vezes também é complicado, porque tratam de se manter dentro do país e mover seu turismo interno.              

No entanto, acho que é um destino com um potencial incrível. AeroMéxico começa a voar neste ano ao Panamá e acho que isso também nos vai ajudar muitíssimo. Também vamos ter a México como uma ponte de conexão para Europa.

Penso que o Brasil e o México são dois dos países que mais precisamos sair a procurar. Não significa que o mercado europeu não nos interesse. Acho que quando se compara o mercado em América Latina, um pode dizer que se toma umas férias de três ou quatro dias, como você faria em Europa. Quando você vem de Latino-américa para Europa se quer ficar pelo menos uma ou duas semanas. Igualmente passa quando vai o europeu até lá: sempre pede duas semanas. O esforço que fazes de repente para atrair a um turista te representa uma estadía maior e pudesses melhorar esse tempo de estadía de três noites ao converter em sete ou dez noites no destino.

Há que fazer uma combinação muito estratégica para ver como conseguimos atrair aos turistas, tanto desses pontos importantes em América Latina, como aos europeus. Não podemos *descuidar aos europeus.

—Acha que o México também possa entender que o Panamá seja destino emissor para o México?

Totalmente penso que sim. Eu acho que ao mesmo mexicano já se lhe complica ir ao DF, porque a congestão é muito grande. Neste momento a gente não quer nem tomar as estradas porque de Povoa para o México pelo menos são umas duas horas em auto.

—Que outras companhias de cruzeiro vão visitar o Panamá?

Como trânsito parcial entram pelo Lago Gatún, desembarcam e recolhem aos passageiros em Colón. Está a entrar Celebrity, Princess, a grande maioria. A gente pensava que se tinham ido os cruzeiros. Os cruzeiros entram pelo Canal e chegam até o ponto. O tema é que fazem o trânsito parcial. Todas as linhas transitam pelo Canal. Se abres os itinerários de Carnival, Royal, Celebrity, todos passam.

Realmente precisamos procurar mais home port. Quando se tem um home port os visitantes entram dois ou três dias dantes ao destino para depois tomar o barco. Isto apoia um pouco à economia e a indústria hoteleira.

—Quais são as nacionalidades que mais dinheiro gastam no Panamá?             

Isso é muito relativo. Essa estatística não está muito clara. Há números percentuais de quanto é o aproximado que pudesse gastar um turista no destino, os quais se calculam em base à tarifa média que há no país com respeito ao que pudesse estar a custar, como média, as três comidas mais a despesa de compra. No entanto, não acho que lhe estaria a dar um número correcto.

Posso-lhe dizer que há padrões de conduta. Por exemplo, a tendência do dominicano. O dominicano chega a Panamá, se baixa do avião, vai à zona livre, gasta por uns quantos milhares, acima de 8 ou 9, com um cartão de crédito e vai-se. Muitos entram pela fronteira, vão à estação de gasolina, compram e vão ao restaurante.

Há muitos comportamentos diferentes e há que analisar como a gente conhece a grande diversidade de produtos que pudessem ter no destino, não só compras.

—O novo contexto de relações Cuba-Estados Unidos poderia beneficiar ao Panamá. Se Copa voasse para Cuba e tivesse uma promoção adequada, muitas dessas pessoas poderiam estar um de seus dias no Panamá.

O stop over de Copa é um tema que os agentes de viagem devem conhecer um pouco mais, porque a única restrição que punha #Copa era que se devia fazer ao momento da emissão do boleto, não se pode fazer a mudança depois. Se o agente de viagem não conhece se faz um Miami, por te dizer, Havana via Panamá sem pôr o stop over.

Está a fazer-se um esforço em conjunto com Copa. Vai desenvolver-se um trabalho com as equipas de *mercadeo, tanto de Copa como de empresas privadas e nós como instituição de governo, para fazer uma promoção adequada para estes destinos.

Definitivamente Estados Unidos com o tema de Cuba vai ampliar o número de visitantes e a rota vai ser Panamá, através de Copa. Há que se focar forte para que o Panamá seja um atrativo também para esse visitante que quer ir a Cuba.

—Estão previstas 14 frequências diárias. Isso implica quase 3 mil passageiros diários

Quando multiplica pela quantidade de assentos disponíveis no avião, tem a estatística também. Quantos passageiros pensa que passam pelo Panamá pelo aeroporto de Tocumen? Ao redor de 7 milhões e o número de visitantes que temos no ano é 2.3. Se somente convertêssemos o aeroporto de Tocumen num destino, eu acho que estaríamos muito bem.

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