Entrevista a Marta Blanco, Diretora Geral do Instituto de Turismo da Espanha

30 de Março de 2015 6:09pm
claudia
Entrevista a Marta Blanco, Diretora Geral do Instituto de Turismo da Espanha

Que regiões espanholas cresceram no turismo, em 2014?

- Em termos globais, 2014 foi um ano recorde na Espanha: 65 milhões de turistas internacionais, 63 mil milhões de euros de despesa. Em concreto sobre o mercado russo, temos passado de 10 anos onde se multiplicou por 8 o número de turistas russos, se cresceu a dois dígitos, e no 2014 se produziu um descenso de 17% global em Espanha. Mas ainda assim, há duas regiões onde o número de turistas russos tem aumentado: Madri e a Comunidade Valenciana.

Para além do número de turistas, para nós é muito importante falar em termos de valor, não tanto de volume. Nesse sentido, os turistas russos que têm vindo a Espanha em 2014 têm contribuído mais valor que em 2013. Isso é algo importante, porque o turista russo que visita nosso país tem aumentado a despesa média diária, tem aumentado a despesa por turista e tem aumentado a estadia média do tempo que passa na Espanha.

Segue crescendo o investimento imobiliário que o turismo russo estava a fazer, de longa estadia?

-Segue crescendo, mas estamos a falar de 1.400.000 russos em 2014, e um milhão e médio em 2013. O turismo residencial ainda é uma percentagem muito reduzida desse milhão e médio que chegou em 2013 ou a cifra de 2014. Efetivamente, a tendência é positiva. A legislação espanhola que se aprovou a tal efeito tem contribuído e tem incentivado o aumento dos turistas russos residenciais na Espanha.            

O trabalho da embaixada da Espanha na Rússia, agilizando os vistos e multiplicando o número de servidores públicos que trabalham na concessão de vistos pode ser um referente para que o país tenha seguido crescendo?

- Para o turismo internacional há duas barreiras que há que superar: as barreiras de transportes, que são as conexões aéreas, e as barreiras administrativas, que são os vistos. Quanto às administrativas, Espanha trabalha de forma muito estreita com o Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação que é quem, através de suas embaixadas e consulados, tem a concorrência da emissão de vistos e trabalha para, precisamente, flexibilizar e melhorar as condições pelas que os turistas internacionais recebem seu visto.

Nesse sentido, a embaixada russa tem colaborado muitíssimo conosco para evitar que a emissão de visto seja uma barreira para o turista russo.  

A gastronomia espanhola é uma das principais fontes de bem-estar para os turistas que visitam o país. Existe alguma estatística sobre a apreciação do turista russo da gastronomia espanhola e daí valor dá-lhe em sua eleição de viagem?

- Nós temos realizado uma campanha de publicidade recentemente na Rússia e aí sim que se pôs de manifesto que o turista russo valoriza muitíssimo duas coisas de Espanha: a qualidade, que isso é algo importante, e a diversidade. Dentro da diversidade está que nós podemos oferecer muitos produtos turísticos e um deles é precisamente a gastronomia, que é um atributo e um recurso que o turista russo procura quando vai afora. Demonstra-se que a gastronomia contribui a melhorar a percepção que tem o turista russo da Espanha.  

Que medidas poderia recomendar a alguns países do Caribe que estão a lutar pelo mercado russo?

- Nós temos a grande responsabilidade de serem líderes, porque somos o terceiro país que mais turistas recebe, o segundo onde mais despesa turística se realiza, e temos que seguir sendo líderes. Para isso temos que ser competitivos, aumentar a competitividade de nosso setor turístico se quer manter essa liderança. Para aumentar a competitividade do setor turístico nós apostamos por uma estratégia de diferenciação com outros destinos, baseada, sobretudo na qualidade.

O governo espanhol tem alguma possibilidade de apoiar a Iberia ou outras linhas aéreas para que tenham seu hub na Espanha e sirvam de ponte entre América e os países de Europa que hoje tem ganhado Air France e KLM?

- Em primeiro lugar, as cifras de 2014 com respeito a Madri e ao aeroporto têm melhorado substancialmente com respeito a 2013. Por tanto, a tendência investiu-se e isso é uma boa notícia. Como dizia dantes, para nós há dois tipos de barreiras. Temos falado das administrativas, os vistos.

Referindo às barreiras da conexão aérea, claro que nós trabalhamos com Iberia e todas as companhias aéreas nacionais ou internacionais para aumentar essa conectividade aérea. Nós colaboramos estreitamente com o Ministério de Fomento através de AENA para procurar oportunidades nosmercados emissores, para procurar oportunidades de companhias aéreas nesses mercados que se estão a propor a possibilidade de abrir novas rotas.

 

Temos uma estratégia de promoção da Espanha como destino turístico para abrir essas novas rotas aéreas em colaboração tanto com o Ministério de Fomento, como com o Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação.

Por exemplo, nesta semana está a celebrar-se uma reunião muito interessante na China onde confluem todas as companhias aéreas, todos os destinos, todos os aeroportos, para procurar o que se faz aqui, na feira MITT: casar oferta e demanda, oportunidades que estão a procurar companhias aéreas e oportunidades que lhes podem oferecer os destinos. Turespaña está presente a essa feira junto a AENA.

Têm alguma projeção ou campanha para que Ibero-américa seja um emissor também importante para Espanha?          

- Para nós os países de América Latina e o Caribe são fundamentais. Estamos a falar de mercados que são muito importantes em termos turísticos. Pensemos, por exemplo, no mercado brasileiro. Recentemente o Brasil tem entrado na lista dos 10 países que mais despesa turística realiza quando saem ao exterior. Esse é um exemplo nesta zona do mundo.

Portanto, nós temos como prioridade estes países emergentes. A prioridade consiste em que desde Turespaña estamos a dedicar recursos orçamentas e recursos humanos para aumentar a promoção da Espanha como destino turístico nestes países. As possibilidades são enormes e estamos a vê-lo.

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