Entrevista a Simón Suárez, Presidente de Asonahores

12 de Março de 2015 8:47pm
claudia
Entrevista a Simón Suárez, Presidente de Asonahores

— Há quanto é presidente de Asonahores?

Fui eleito em agosto do ano passado. Assumi a presidência em setembro por dois anos e desde então tenho estado tratando de dar-lhe um giro interessante a Asonahores num bom momento, porque tem tido um repunte da atividade turística em general, no Caribe e na República Dominicana está muito bem o turismo.

— Que outras ocupações mantém em paralelo a Asonahores?

Adicionalmente a minha posição em Asonahores, como presidente do Núcleo de Voluntários, sou o vice-presidente de Relações Institucionais e Projetos Novos do Grupo Ponta Cana.

— Qual é a nova visão da República Dominicana e da hotelaria do país após a modernização de sua planta hoteleira para o futuro? 

O fundamental neste momento é começar a expandir a atividade turística regionalmente e, além disso, reenfocar o produto para novos nichos e novas oportunidades. Quanto à diversificação geográfica, seguindo as oportunidades que se têm estado abrindo desde o ponto de vista de infraestrutura vial, a zona do este dever-se-á unir com Samaná mediante um ferry em Sabana do Mar. Esse é um dos projetos que devemos estar a ver em execução nos próximos anos.

Temos também a abertura do sul. Esta zona está a ser dotada de uma rede vial importante que facilitará sua integração ao resto da República Dominicana desde o ponto de vista turístico. Ademais estão a desenvolver-se projetos novos no sul, há dois na zona de Baní por exemplo: um combina a atividade de bens raízes com um desenvolvimento vitivinícola muito interessante. Por outra parte, está o projeto Os Corbanitos com um desenvolvimento numa preciosa praia de areia branca em frente à baía de Salinas, a baía de calderas.

Adicionalmente, o governo acaba de anunciar o enfoque na zona de Pedernales, onde já se elaboraram os planos de ordenamento territorial e desenvolvimento turístico e se está a estruturar um fideicomisso para capitalizar projetos nessa zona.

— Vão utilizar fideicomissos e clusters como parte desse desenvolvimento?

Vamos sim, definitivamente. O sistema de clusters já está bem desenvolvido e estruturado na República Dominicana e está a ter seu efeito. Os clusters principalmente têm estado trabalhando no reposicionamento de destinos como Porto Prata, Cabarete e Samaná.

Há um clúster na zona de Barahona, Pedernales, que também está integrado, mas agora deverá ter muita mais atividade na medida em que se aglutina recursos de capital para a zona sul.

—O possível levantamento do bloqueio a Cuba. Como se vê desde a hotelaria dominicana?

Sempre há várias oportunidades e uma delas é integrar mais a parte investidora da República Dominicana e Cuba. Sempre tem tido interesse de muitos investores, presentes na República Dominicana, em se integrar a Cuba e não tem sido possível por uma ou outra razão. Essa atividade de integração deverá começar a suceder e é muito interessante.

Por outro lado, começar-se-á a compartilhar o mercado norte-americano que vai ao Caribe e isso não é positivo, mas será um acicate para República Dominicana para afianzar sua posição no mercado norte-americano. Como afiançá-la? Até agora temos sido muito exitosos no mercado norte-americano capturando os mercados da costa este. Aprofundemos geograficamente. Temos que nos mudar para o mid west e para o far west. Para isso já temos a infraestrutura aeroportuaria, temos os inícios de conexões diretas desde, por exemplo, Denver, Minneapolis, Chicago.

Agora temos que capturar esses mercados e nos posicionar neles como estamos posicionados em Boston, Nova Iorque ou Miami.

— Você acha que o fato de que o mercado cubano se abra para o mercado norte-americano pode ser um elemento publicitário importante para o Caribe?

Esse é o repto que o resto do Caribe tem que assumir. Claro que sim, porque desde o momento em que o Caribe se equipar a Cuba e Cuba seja o novo atrativo, definitivamente teremos que ser capazes de capturar essa melhor atenção dos norte-americanos para o Caribe.

— Poder-me-ia dar três pontos que tem de vantagem o Caribe atualmente para esse mercado e três pontos que teria Cuba?

Como atraente Cuba tem, em primeiro lugar, o mistério, o fato de que há praticamente três gerações de norte-americanos que desconhecem totalmente Cuba. Esse é um ponto interessante, porque está toda a história de Cuba, as relações Cuba-Estados Unidos e isso vai se recuperar. Para o resto do Caribe, este é um repto que se resolve com um trabalho de posicionamento de mercado.

Outro atrativo de Cuba é que eles têm uma estrutura clara de planejamento estratégica em longo prazo. Já existem prioridades dentro de Cuba: que áreas vão se desenvolver tendo em vistas o mercado norte-americano. Isso é muito positivo, porque o interesse que possa se desenvolver nos Estados Unidos para que norte-americanos investam em Cuba receberá uma resposta rápida, concisa e clara: aqui e nestas condições.

Isso tem um potencial conflito e é que existe já uma presença investidora importante em Cuba que não verá bem que tenha um agravio comparativo nas condições em que esse novo investimento seja atraída para Cuba. Cuba tem que resolver isso.

Depois está o tema de como a indústria norte-americana vai abordar o produto cubano. Há um grande desconhecimento de parte das empresas hoteleiras norte-americanas sobre Cuba, sobre a operação hoteleira em Cuba, sobre as instalações, a infraestrutura e todo isso. Há muito desconhecimento. Isso pode ser um risco, porque podem vir com fórmulas que não se apliquem eficientemente em Cuba.

Vamos ver como o tempo vai resolvendo a cada um desses temas, os quais vão em ambas as direções: alguns positivos, outros negativos.

—E as três vantagens do Caribe?

Quanto a vantagens, o Caribe já está posicionado nos Estados Unidos. O fato de que tenha maior exposure do Caribe é positivo e as Jamaicas, Repúblicas Dominicanas, Barbados e Antigas deste mundo têm que aproveitar esse movimento. O Caribe inglês é muito importante para os norte-americanos e essa é outra vantagem.

Ao final temos uma grande diversidade à qual Cuba se integra neste momento, mas o Carbe sempre a teve. A diversidade cultural, a diversidade de produtos para além do sol e praia é algo que o Caribe sempre tem tido e que poder-se-á potenciar se efetivamente conseguimos que a abertura de Cuba e a atenção do mercado norte-americano para esse produto se traduzam em maior atenção para o Caribe em general.

— Você acha que esta abertura do mercado norte-americano para Cuba possa influir numa nova visão de CTO e CHTA sobre República Dominicana, Cuba ou México?

Acho que CHTA e CTO, particularmente CHTA que a conheço melhor, o que tem que fazer e tem começado a fazer é se redefinir uma vez mais como uma organização bem mais dinâmica, mais focada para as necessidades dos seus membros. Terá ainda de definir de que maneira integra de novo aos grandes jogadores, porque o que tem acontecido é que se manteve a cada vez mais isolando entre os jogadores mais pequenos da zona e deve ver de que maneira se reintegram os que estiveram. Cuba esteve inclusive como membro de CHTA durante muito tempo. Há que ver como a CHTA re-apaixona o Caribe hispano falante e o Caribe dos grandes destinos.     

— Ache que isso é melhor que se unir independentemente?

Acho que sim,  porque não vejo vontade de criar novas instituições. Se CHTA é capaz de se reinventar, acho que é bem mais *expedito e, no fundo, mais eficiente que criar uma organização paralela cuja definição não vejo clara ainda.

Back to top