Entrevista a Telémaco Talavera, Reitor da Universidade Agrária da Nicarágua

02 de Fevereiro de 2015 5:13pm
claudia
Entrevista a Telémaco Talavera, Reitor da Universidade Agrária da Nicarágua

Durante uma das sessões da Feira Internacional de Turismo (FITUR) conversamos com o Sr. Telémaco Talavera, Reitor da Universidade Agrária da Nicarágua e representante do novo Canal Interoceánico que unirá ao Pacífico e o Atlántico na Nicarágua. No diálogo, Talavera comentou sobre as potencialidades de dito Canal, ao que chamou a “maior obra civil construída no mundo” e também valorizou como muito positiva a possibilidade de abrir em seu país uma Academia de Gastronomia.

Que condições tem nestes momentos o setor turístico nicaragüense para desenvolver ainda mais o turismo de seu país?

-A Nicarágua tem uma diversidade de opções turísticas desde o turismo de praia no Pacifico tanto como turismo para turistas a mais alto rendimento. Temos desenvolvido alguns complexos turísticos como o conhecido Guacalito demais alto nível, temos múltiplas opções com pequenos projetos e grandes projetos, temos turismo esportivo, a corrente vulcânica, 25 vulcões deles 12 ativos que passam a ser um atrativo turístico extraordinário pelas facilidades que se criaram, turismo nas reservas naturais, a reserva de biosfera de 20 mil quilómetros quadrados praticamente inexplorada, uma reserva biológica a mais de 3.200 quilómetros quadrados com uma extraordinária diversidade de flora e fauna. Temos, ademais,a rota do café que inclui os aspectos culturais, turísticos paisagísticos, a rota da criacao de gado, a rota da água que inclui lagos, lagoas,rios, o acesso à reserva de lugares históricos e arqueológicos.

A infraestrutura hoteleira da Nicarágua é muito básica, existe algum projeto para desenvolvê-la?

-Desde 2007 para cá a oferta hoteleira tem crescido 121 % e a quantidade de habitações num 93.5 %; no entanto há muito ainda por crescer, há uma grande oportunidade para os turistas.

Quantas habitações têm?

-Nós temos uma capacidade ainda limitada e por ele temos tido contato com múltiplosinversores espanhóis, porque esse país tem uma grande experiência na indústria. Poder investir na infraestrutura hoteleira no Pacífico e no Caribe que ainda esta mais inexplorado passa a ser um potencial enorme. A Nicarágua é um país com grande potencial, mas há muito por fazer-se, o qual gera uma verdadeira oportunidade.

A conectividade aérea é um hándicap da Nicarágua; há projecção de alguma linha aérea ou acordos que lespermitan ter mais visitantes?

-Estamos a trabalhar na ampliação e modernização do aeroporto nacional e como parte do grande Canal, Nicarágua vai construir o aeroporto mais moderno de América Central. Inclusive estamos a estabelecer relacoes com diferentes linhas aéreas de diferentes partes do mundo. Durante minha visita teréreunioes com Iberia, pois interessa-nos que esta linha aérea possa ter um voo direto para Nicarágua agora que terá uma maior capacidade em seu aeroporto e também outras linhas aéreas para que com anova capacidade de infraestrutura aeroportuária que teremos, podamos ter contato com linhas aéreas de praticamente todo mundo.

Quantos anos demorarão em construir o Canal Interoceánico?

-Já iniciamos obras. Temos uma projecção de tempo ambiciosa, mas achamos que com a capacidade científica e tecnológica real, nós estamos a projetar para que em cinco anos, empregando toda a capacidade técnica e económica possível, podámos realmente estar a dar inícios às operações deste canal, ou seja para o ano 2020 começar operações que incluem o canal propriamente dito que é a conexão por água entre o Pacífico e o Atlántico, dois portos de águas profundas, um aeroporto -o mais moderno de América Central-, uma zona delivre comércio, um centro financeiro e outro de exportações, sete complexos turísticos atravessando toda a Nicarágua e, por suposto,uma grande corrente de investimentos vinculada a isso. Esta é uma grande oportunidade de investimento para a região e para reduzir tempos e custos.

Que investimento realizam no Canal?

-Temos um grande investimento de 50.000 milhões de dólares, proveniente de diferentes partes do mundo. A China está a fazer uma contribuição importante, mas também há capitais de Europa,  Ásia e os Estados Unidos envolvidos na criação do Canal como projeto principal e em projetos derivados.

O Canal terá esclusas maiores que as do novo canal do Panamá?

-O Canal do Panamá tem capacidade para navios de 4.500 contêiners, já com as ampliações terá capacidade para 13.100. Este é um crescimento grande; no entanto o canal da Nicarágua terá capacidade para navios de até 25 mil contêiners, de 400.000 toneladas de grãos e 320.000 toneladas no caso do petróleo. As esclusas da Nicarágua serão as maiores do mundo e será a obra civil maior que se tenha construído no planeta.

A valoração de que a Nicarágua é um país súper ecológico pode ficar danificada diretamente pela construção do canal e os trasvases de água, como vão impedir vocês que isso suceda?

-Todo o contrário, o canal é ecológico,pois ao reduzir distâncias reduz a emissão de gases dos barcos que vão transitar pela Nicarágua, como parte da obra do canal está o replanejamento do manejo das bacias hidrográficas, a ampliação da reforestacao, protecção de nossas áreas forestais. O impacto ambiental será focalizado, mas o neto total vai ser altamente positivo desde o ponto de vista ambiental.

A Nicarágua tem uma riquíssima gastronomia. Você acha que em seu país existe um poder e um valor suficiente como para criar uma fundação e pôr em marcha uma Academia de Gastronomia?

-Acho sim. Há uma riqueza enorme e uma diversidade extraordinária que há que a potenciar pela própria identidade nacional, mas também como riqueza do mundo desde esse ponto de vista da academia, também desde asinstitucoes de governo e do setor privado, estamos dispostos a apostar na criação de uma Academia na Nicarágua para a gastronomia e as enlaçar com outras de nível internacional.

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