Félix de Paz, diretor da Turespaña na Rússia
Encarregado nos últimos anos de diferentes mercados do Centro e do Leste Europeu, o sr. De Paz assumiu há alguns meses a responsabilidade de impulsionar o mercado da Rússia, "o mercado emergente da Europa por antonomásia", que envia uma média de 600 mil turistas por ano para a Espanha. Além de outros temas, De Paz abordou a concorrência que representam a América Latina e Caribe, regiões que atraem cada vez mais o turista russo.
Quais eram as suas funções antes de ser nomeado diretor da Turespaña na Rússia?
Eu era responsável pela área de feiras, congressos e incentivos antes de ser designado a Viena como diretor do escritório da Turespaña nessa cidade. Dali realizávamos a promoção da Espanha em diversos países da Europa Central e do Leste Europeu. Estou falando da República Tcheca, Hungria, Eslováquia, Romênia e Bulgária. Depois de alguns anos assumi o mercado russo.
Quais as diferenças entre esses mercados e a Rússia?
Os demais mercados são pseudo-emergentes, enquanto o russo é o mercado emergente da Europa por antonomásia, um dos de maior desenvolvimento e potencial para o destino Espanha. Isso é que dizem os dados: o crescimento da emissão de turismo, com excepção do ano de 2009, o pior ano da crise, indicam verdadeiramente um padrão emergente. Nesse sentido acho que a Espanha deve aproveitar as oportunidades aqui sem perda de tempo.
Quais os seguintes passos da Turespanha para consolidação do destino?
Conseguimos muito. Em termos de vistos, estamos falando de 400 mil, que significam cerca de 600 mil turistas por ano, um magnífico número para a Espanha. A partir de agora vamos entrar num período de austeridade orçamental. Devemos consolidar o que temos conseguido e preparar as condições para o futuro, com um programa de vistos mais flexível que permita aumentar os fluxos de maneira controlada, mas com a expansão do mercado na mira. Agora estamos no limite da nossa capacidade como país para a emissão de vistos.
A Espanha está enfrentando a dinâmica de países próximos, no Mediterrâneo, com serviços de muito boa qualidade e mais baratos. Ao mesmo tempo está a América Latina, com medidas de isenção de vistos para a Rússia e hotéis de qualidade que incluem os das redes espanholas. Ou seja, regiões que dão mais por menos. Não acha que é preciso convencer as autoridades espanholas para que esse risco não se torne uma desvantagem concreta?
Eu não falaria de risco porque a promoção da Espanha nos diferentes mercados está bem consolidada, mas é verdade que a concorrência é bem maior e desigual. Diante disso, o jogo da Espanha tem que ser na diferenciação, no trabalho por segmentos, na captação de públicos, no trabalho de marca. É a estratégia que está sendo desenvolvida agora pelos nossos serviços centrais para todos os mercados emissivos.
No mercado russo a nossa promoção estava voltada para a operação, mas agora temos que redirecioná-la, o que pode significar patrocínio de eventos esportivos, brand validation, conhecimento das estratégias da concorrência...
A concorrência é maior atualmente, mas o produto espanhol é suficientemente bom e de contrastes. Lógico que temos que nos preocupar com a concorrência, mas temos que olhar para a frente e nos concentrar no que temos que conseguir e não no que podemos perder.
A ausência de cidades e comunidades autônomas e de seus empresários em feiras tão importantes quanto esta, a Leisure, não é um fracasso para a promoção delas?
Acho que falta a continuidade. Com certeza é uma mensagem a ser enviada. A Leisure e a MITT combinam suas funções. Nessa última há uma maior presença das comunidades autônomas e de empresas espanholas. Mas a Leisure tem a temporada de inverno em foco, mas é verdade que o produto espanhol não está muito representado nos catálogos dos operadores russos no inverno.
Insisto na falta de continuidade porque os mercados emergentes não são mercados de oportunidades. São mercados de médio e longo prazos e a promoção tem que ser intensificada. Nesse sentido, a contribuição das comunidades autônomas e das empresas é fundamental e nós temos a responsabilidade de lhes proporcionar uma boa plataforma para isso.
Temos visto que no mercado russo há uma marca Catalunha, mas não uma marca Espanha...
O trabalho de marca é complicado. O objetivo do nosso escritório no curto prazo é, a partir da oportunidade do Ano da Espanha na Rússia em 2011, consolidar um trabalho vinculado à marca Espanha que tem que se concretizar rapidamente.