Francesco Frangialli, secretário-geral da OMT

08 de Janeiro de 2008 4:57pm
godking

Fonte: El País (Espanha)

Francesco Frangialli, francês de origem italiana, é secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT) desde 1998. No comando deste organismo da ONU passou por etapas melhores e piores. Segundo explica Frangialli, os resultados de 2007 foram "excelentes" e a gripe aviária é uma das maiores ameaças ao setor.

A OMT tem dados sobre o encerramento de 2007 no setor turístico?

Os dados de 2007 superaram as expectativas. Esperávamos crescimento dos fluxos turísticos mundiais de 4,2%, mas finalmente foi de 5,6%. Apesar da crise de liquidez e dos valores do petróleo, cerca de 900 milhões de pessoas decidiram viajar durante o ano, que foi excelente.

Qual o impacto da crise hipotecária e financeira para o Turismo?

A crise, com centro na economia dos Estados Unidos, tem sido financeira e não passou para a economia real. As reservas feitas não foram canceladas.

Mas o petróleo está nos níveis mais altos da história.

O turismo tem demonstrado que reduzindo os gastos pode absorver esses valores, mas é claro que se os preços se mantivessem tão elevados durante muito tempo, isso afetaria definitivamente o setor.

Qual tem sido a incidência sempre latente do risco do terrorismo internacional?

Os turistas e os governos sabem que o risco existe, mas a incidência não tem sido considerável visto a capacidade do setor para ofertar destinos mais seguros. A maior crise no turismo mundial ocorreu em 2003 diante da possibilidade de uma epidemia de SARS, síndrome respiratória severa, que se desenvolveu nas regiões asiáticas com maior crescimento, por exemplo na China.

E qual a maior ameaça agora?

A maior ameaça agora para o turismo é a gripe aviária. É uma grande preocupação para os governos. Uma mutação do vírus criaria uma situação muito complicada. Estamos trabalhando com a Organização Mundial da Saúde e com os governos para estarmos preparados. Além disso, temos feito simulações num portal de comunicação desenvolvido pela Microsoft para coordenar esforços com buyers, companhias aéreas, aeroportos e toda a cadeia produtiva caso um problema dessa magnitude chegasse a acontecer.

Como encara o turismo as mudanças climáticas?

O turismo contribui para o aquecimento da terra devido aos quase 900 milhões de pessoas que se movimentam no mundo. Acreditamos que a nossa participação no aquecimento global é de 5%, mas o setor é vítima também visto que as zonas de corais e de neve estão sendo prejudicadas. Além disso, não se deve esquecer que o turismo contribui de maneira clara para o desenvolvimento dos países pobres.

A China é o monstro do mercado mundial do turismo?

A China tem um potencial incrível. Em 2007 foi o quarto destino mundial depois da França, Espanha e os Estados Unidos. Em 2008 superará os Estados Unidos e também a Espanha e a França. Em 2020 vai ser o primeiro destino mundial, com cerca de 100 milhões de turistas. Em 2008 mais de 34 milhões de chineses viajarão ao estrangeiro. A Índia é outro mercado emergente que devemos levar em consideração.

Como acha que vai evoluir o turismo espanhol e quais as mudanças que precisa?

Preparei recentemente um estudo sobre a cota de mercado turístico da Espanha, França e Itália e o único desses países que mantém a cota mundial é a Espanha. Isso é possível graças ao turismo rural, balneário e de cidade que complementam muito bem seu modelo de sol e praia. No entanto, a Espanha tem que resolver problemas ambientais em algumas praias e o excesso de construções perto do mar.

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