A grande oportunidade para o turismo no Brasil

12 de Novembro de 2009 2:25pm
godking

É chegada a hora de alavancar a atividade turística no Brasil. Desde sempre, nossas belezas naturais são cantadas em verso e prosa e aos quatro ventos como grande atrativo para viajantes do mundo todo. Mas na prática esses turistas não andam dando as caras por aqui. Por que isso acontece? Para se ter uma ideia, o Brasil é a 13ª economia do mundo, mas ocupa a 141ª colocação num ranking com 181 países que mede a contribuição do turismo para a economia.

Ocorre que há ainda um potencial inexplorado e muito espaço para crescer. Segundo a Organização Mundial do Turismo, o Brasil é o 36º principal destino do mundo e, segundo o Fórum Econômico Mundial, o 45º em competitividade, atrás de países como Singapura. A visibilidade e os investimentos em infraestrutura proporcionados pela Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 podem mudar este cenário.

Já temos o mais importante. Recursos culturais, humanos e naturais. E de primeira linha. O que falta, então, para que o turismo gere mais riquezas para o País? Os itens para responder esta pergunta são muitos. Passa por um antigo mantra: infraestutura e malha aérea. Mas também é necessário magia. Sim, a magia de estar no imaginário coletivo como objeto do desejo da mesma forma de destinos como Paris, por exemplo.

A infraestrutura e a malha aérea podem ser fabricadas e nada mais propício para isso do que os dois megaeventos esportivos que se aproximam. Mas magia não. No entanto, a Copa do Mundo e as Olimpíadas colocarão o Brasil no "olho do furacão". Seremos o centro do mundo durante esses dois eventos. Será a chance do mundo nos conhecer. Se fizermos bem feito e soubermos mostrar tudo que temos de bom, despertaremos a vontade de muita gente em conhecer as nossas belezas naturais. Aí sim. Com uma bela infraestrutura e presença no imaginário dos viajantes, receberemos muito mais turistas do que hoje e com muito mais qualidade.

O cenário está propício para bons investimentos. Infraestrutura não se resume apenas a ruas, estradas, aeroportos e transporte público. O equipamento hoteleiro também entra nessa conta. Empreendimentos bem estruturados e concebidos visando um período pós-megaeventos estão fadados ao sucesso. Servirão, obviamente, para receber os milhares de visitantes atraídos pela Copa do Mundo e pelos Jogos Olímpicos.

Lotar todos os quartos durante as competições será fácil. O difícil será manter o empreendimento economicamente viável após 2014 e 2016. Não é necessário inventar a roda. O ensinamento está no passado e não há demérito nenhum em copiar boas ideias. Até hoje, Barcelona é tida como referência na reconstrução da cidade com gastos públicos e privados utilizados de maneira correta e coerente para as Olimpíadas de 1992.

A principal estratégia utilizada pela capital da Catalunha foi com relação aos investimentos de médio e longo prazo. As verbas começaram a ser utilizadas em 1986 e concluídas em 1993, um ano após o fim dos Jogos. Além disso, o projeto estratégico se estende até 2010. A razão deste pensamento é óbvia: a cidade receberá, naturalmente, milhares de turistas devido às duas competições. Hotéis trabalharão com capacidade máxima. Mas se não houver um investimento constante, com o fim do evento os visitantes irão embora e não aparecerão mais.

Apesar de serem diversas ações, que demandam tempo e, principalmente, dinheiro, o País tem condições de alcançar altas posições nos rankings citados acima. A participação do turismo no PIB brasileiro em 2009, que foi de 6.2%, com R$ 190 bilhões, tende a chegar até R$ 436 bilhões em uma década. Mas não basta ter portas abertas e belezas naturais, segurança e conforto são itens que farão os turistas voltarem e recomendarem o Brasil.

Não existe momento mais adequado do que o atual para investir pesado em turismo. O Brasil mostrou-se forte ao longo de toda a crise, diferentemente de nações desenvolvidas como Estados Unidos, Alemanha, Japão e outros. Essa resistência acabou criando uma imagem muito positiva, fazendo com que o Brasil se tornasse um destino turístico e financeiro mais forte.

Para a Copa do Mundo, as cidades sedes já estão se preparando, aumentando o número de leitos disponíveis nas redes hoteleiras. Paralelamente a isso, os restaurantes e pontos turísticos estão se adaptando às diversas línguas estrangeiras. Para que o resultado seja realmente palpável, é fundamental que essa preocupação seja permanente. Precisamos nos preparar para sermos o maior destino de visitantes. Para isso, precisamos agir como se já fôssemos. Uma atitude pode mudar tudo.

*Mauro Ambrósio é sócio-diretor da Crowe Horwath RCS para Auditoria e Sustentabilidade e sócio da Horwath no HTL Brasil

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