Isenção de vistos e aumento das conexões aéreas: dois passos chave para o aumento do fluxo turístico russo para o Brasil

11 de Outubro de 2010 5:31pm
Isenção de vistos e aumento das conexões aéreas: dois passos chave para o aumento do fluxo turístico russo para o Brasil

O Brasil, que desenvolve uma forte campanha de promoção nos mercados da Escandinávia, do Leste Europeu e da Rússia, deu um passo importante  nesse verão, quando os governos de Brasília e Moscou acordaram a isenção de vistos. Na recente feira Leisure, Jose Luiz Viana da Cunha, diretor de Mercados Internacionais da Embratur, explicou a evolução do mercado russo para seu país, entre outros temas.

Quais as ações promocionais do Brasil no mercado russo?

A gente tem muito interesse nos mercados emergentes e novos. Na Embratur há diversas pessoas encarregadas desses mercados nos quais vemos um crescimento significativo no futuro. Estamos trabalhando com a Escandinávia, com os países do Leste Europeu e com a Rússia, entre outros mercados.

No verão acordamos a isenção de vistos para a entrada dos cidadãos russos no Brasil, o que é um grande avanço, pois até então as pessoas de outras cidades tinham que viajar a Moscou para obterem o visto, mas agora isso já não é um problema.

Quanto às companhias aéreas, tanto a TAM quanto a TAP têm muito interesse nesse mercado. A TAP é a companhia estrangeira com mais pontos de entrada no Brasil; com voos de Moscou para Lisboa e dali para diferentes cidadades brasileiras.  Além disso, em novembro a Transaero vai abrir uma rota entre Moscou e o Rio de Janeiro com uma frequência semanal.

De modo que são dois passos chave para o aumento do turismo russo no Brasil: a isenção de vistos e o aumento das conexões aéreas.

Por outro lado aumenta o interesse turístico pelo Brasil em países como a Polônia e a República Tcheca, mas são mercados pequenos se comparados com o russo.

Temos falado com as companhias aéreas, os operadores e a embaixada do Brasil à procura de oportunidades para uma maior presença na Rússia através de campanhas publicitárias e de relações públicas na internet, na mídia, e de  workshops... Ou seja, uma campanha destinada ao agente de viagens e ao público final para que saibam o que é o Brasil. Através da embaixada queremos juntar todas as partes interessadas no mercado russo para trabalharmos numa campanha bem estruturada que atraia os consumidores.

Dados da Embratur apontam 12 mil turistas russos em 2009, mas os operadores na Leisure falaram que poderiam ser 80 mil ou 90 mil daqui a dois anos se trabalharmos bem.

O estande do Brasil é maior nesse ano...

Acontece que houve mais empresas interessadas. Além de termos representações de todos os estados, participaram 10 operadores, um hoteleiro, duas empresas aéreas: a TAM e a TAP, entre outras empresas... E não houve uma presença maior porque a Leisure coincide com outros eventos como a Top Resa de Paris, uma feira no Peru, outro evento no Japão e a FITA do México.

Depois do nosso regresso ao Brasil queremos juntar todas as empresas interessadas em mostrarem o produto brasileiro na Rússia, quer seja estados, empresas aéreas, agências ou operadoras, para idealizarmos um plano de crescimento do mercado russo.

Pensam abrir um escritório em Moscou?

Não. A ideia é a contratação de uma empresa que assuma a promoção do nosso país em alguns mercados. Estamos trabalhando também  com as embaixadas nesses países. No segmento de mercados emergentes está a Rússia, que é de grande interesse para nós, mas não temos pensado num escritório.

Um escritório em Moscou poderia ser de interesse de algum estado em particular?

Talvez, porque os estados têm uma secretaria de turismo com interesses próprios, mas até agora não ouvi dizer nada. É mais viável ter uma empresa ou operadora para a divulgação aqui.

O Brasil é o país de maior crescimento na América Latina nos últimos anos. Será que o crescimento da emissão turística não afeta o turismo doméstico?

O crescimento tem sido fantástico. Em 2010 poderia ser de 7%, e de 5 a 6% em 2011. Nos últimos anos do governo Lula 24 milhões de pessoas saíram da pobreza e acederam ao consumo. Cerca de 80% do turismo brasileiro é doméstico e o movimento aéreo cresceu mais de 27% no primeiro semestre segundo as autoridades aeronáuticas, o que é muito. As pessoas estão viajando. Em companhias aéreas brasileiras, latino-americanas e outras como a TAP e a Air France, cerca de 70% do tráfego internacional é de brasileiros que estão viajando para o exterior. Na França, por exemplo, os brasileiros são o quinto grupo nacional que mais compra. Todo mundo está olhando para o Brasil e isso favorece o país. É muito bom que os brasileiros viagem no Brasil e fora, mas temos que trazer mais turismo estrangeiro.

Qual o comportamento do turismo norte-americano?

Os Estados Unidos são o segundo país na emissão de turismo para o Brasil depois da Argentina, que envia cerca de 1.200.000 turistas. O número de turistas americanos é de 800.000, mas a Argentina tem a vantagem da proximidade, do número de voos e a disponibilidade de transporte rodoviário. Com os Estados Unidos temos o problema do visto que estamos tentando resolver através da reciprocidade. Há projetos do governo brasileiro para uma maior facilidade na obtenção dos vistos. Todos os consulados do Brasil nos Estados Unidos, que acho que são oito, estão disponíveis na internet. Ou seja, o americano ainda precisa de visto, mas pretendemos que seja um processo mais fácil. O visto agora tem validez por 10 anos. Anteriormente só era válido por cinco anos e tinha que ser utilizado nos primeiros 90 dias, mas esse período aumentou agora para todo o período do visto.

Procuramos ainda reduzir o custo que é de cerca de 130 dólares. A ideia é que esse seja o valor para uma família ou grupo, mas as restantes pessoas pagariam menos, o que facilitaria as coisas para as empresas de incentivo.

Tem repercussão econômica o tema dos vistos?

É muito polêmico porque muitos acreditam que perdemos dinheiro ao eliminarmos o visto dos milhares de turistas provenientes da Rússia, Estados Unidos, Japão e de outros destinos, mas trata-se de um pequeno investimento  se comparado com os gastos desses turistas no Brasil que são de 200 ou 240 dólares por dia, e de 400 dólares se viajam a negócios.

Voltando ao tema das feiras, quais são as feiras russas mais importantes para o Brasil?

Por enquanto participamos apenas da Leisure, ainda que saibamos que há outras. A partir da definição do orçamento de 2011 em novembro e da agenda, poderemos avaliar outros eventos. Há feiras imperdíveis como a ITB, Fitur ou a World Travel Market e ainda levamos em consideração o interesse do setor privado quanto a mercados e segmentos envolvidos em determinadas feiras.
 

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