Jose Napoleon Duarte, ministro do Turismo de El Salvador

29 de Novembro de 2010 11:27pm
Jose Napoleon Duarte, ministro do Turismo de El Salvador

Após um ano de trabalho em seu posto como Ministro do Turismo, falamos com o senhor Duarte durante a feira World Travel Market, recentemente realizada em Londres. Para fazer um resumo dos resultados dessa etapa, afirmou que “temos superado as expectativas e as conquistas de anos anteriores. Em comparação com 2009 temos crescido 11% nas chegadas de turistas. Ao fim de 2010, vamos superar a cifra de um milhão e meio de visitantes”.

Além dos números, o que destacaria deste ano?

-Existem vários elementos que vale a pena destacar. Um deles, o lançamento da CATM 2009, que foi explosiva, promocional e em condições extraordinárias para nosso país, porque estávamos começando um novo governo e apostamos tudo na feira CATM; levamos El Salvador aos grandes operadores, à mídia, e a outros atores do turismo, e colocamos o país como um dos destinos mais atrativos na América Central. Ganhamos uma série de contatos no nível internacional e começamos a trabalhar de forma diferente, desenvolvendo uma estratégia internacional com operadores, distribuidores, mídia e mercados. Os efeitos vão ser visíveis progressivamente, com o tempo; porém, o crescimento que temos obtido está por cima do prognóstico que a OMT fez para o ano.

Temos apostado muito na mudança de conceito do modelo turístico. Apresentamos ao governo, e tivemos seu apoio, a proposta de desenvolver o modelo de dentro para fora com reciprocidade ativa, um modelo experimentado por vários países, sobretudo em tempos de recessão: combinamos mercados, incluindo o interno, porque os mercados internos, além de reativar os fluxos entre regiões, departamentos e municípios, também geram o fortalecimento da oferta turística.

Isto vem acompanhado por alguns investimentos, e nos permitiu aumentar a capacidade da oferta turística. Atualmente temos quase 9.000 apartamentos, também lugares turísticos, mais infra-estrutura, e tudo isso nos põe em capacidade de oferecer maior qualidade turística. A isto se soma o desenvolvimento das rotas turísticas, que vão mais para lá das tradicionais e percorrem pontos diferentes: uma das mais populares é a de Monsenhor Romero, no oriente do país. E temos fortalecido rotas no ocidente, que vão melhorando sobre tudo pelo investimento que se está fazendo em hospedarias, hotéis de 60, 50 e 30 quartos, estilo boutique.        

Que desenvolvimento existe no turismo rural?

- Esse turismo tem mais relação com as comunidades rurais, aonde chega o viajante interessado em saber como vivem, quais são as formas de sua cultura, seus costumes... Há dois ou três programas em curso, e com cooperação japonesa, temos feito um levantamento no leste do país para desenvolver projetos em comunidades rurais. Em dois ou três anos teremos um desenvolvimento mais preciso desse produto, que não é o mesmo que o turismo de natureza, com a Rota dos Vulcões ou a Rota das Flores.

Como funcionam as rotas com vista aos diferentes mercados?

- Temos feito pesquisas de mercado nos Estados Unidos e na Europa em países como a Espanha, Itália, Alemanha, Inglaterra e França. Na Espanha desenvolvemos uma pesquisa com a CATA e temos impulsionado outra na América Central. Para nós, um dos mercados mais interessantes é os Estados Unidos, pela relação que temos com os salvadorenhos que moram nesse país, aproximadamente três milhões, com grande capacidade de investimento e consumo, um grupo que inclui as novas gerações que não conhecem seu país de origem, e chegam a El Salvador e gastam mais de 100 dólares diários. Se não prestarmos atenção a esse mercado, esses turistas vão para outros países, porque essas novas gerações estão formando famílias com pessoas de outras nacionalidades.

No que tem a ver com o turismo essencialmente estadunidense, sabemos que gosta de chegar a lugares seguros, curtir a natureza, a tranqüilidade, o contato em família... E com respeito aos europeus, as pesquisas nos dizem que também gostam da natureza viva. Então, com esta realidade, o que estamos fazendo é combinar os resultados das pesquisas de mercado, porque é impossível fazer uma rota para espanhóis ou para alemães. Assim, estamos adaptando a mesma rota a interesses diversos.

Que estratégia de promoção tem El Salvador para Europa? Vai ter um escritório de representação? Quais sãos os orçamentos?

- Temos duas estratégias. Uma é seguir apoiando a CATA, que é o escritório de promoção na Europa, com recursos conjuntos centro-americanos que totalizam dois milhões de dólares, e continuar captando novos projetos de cooperação. A outra está baseada em nossas embaixadas e consulados, que vão começar a promover não somente a marca país, mas também destinos dentro do país.

Qual é o mercado mais importante para El Salvador?

- São muito importantes a América Central e os Estados Unidos. O Brasil é para nós um mercado emergente que ainda devemos estimular; é um exercício que temos pendente para 2012, junto com os outros dois mercados que são a Rússia e a China. Esses mercados querem coisas diferentes, e com Belize, Honduras e Guatemala, poderíamos oferecer o mundo maia, uma riqueza que ainda não exploramos em toda sua potencialidade.

Já recebemos três grupos de operadores russos que estão procurando destinos diferentes para os turistas de classe alta. Estamos pensando levá-los por duas rotas. A Rota Boutique na qual temos sol e praia, na zona central, e a outra é a Rota das Flores. Queremos lançar também a Rota dos Guerrilheiros.     

O turista russo viaja habitualmente entre nove e 15 dias. O senhor considera que El Salvador é um país de multidestino para viajantes que vêem de tão longe?

- Há duas grandes linhas de produtos: multidestino regional, como o Grande Sul Maia (El Salvador, Honduras e Guatemala) e multidestino interno. Além do regional, temos capacidade para o multidestino interno: podemos levar o turista quatro dias ao ocidente, quatro dias ao oriente e quatro dias ao centro. Temos variedade. Contamos também com dez hotéis de cinco estrelas no país.  

E quando o turista russo quer mar, praia?

- Nesse caso temos a Costa del Sol ou La Libertad, ou os levamos a Decameron.            

Com que companhias aéreas estão trabalhando para abrir esses mercados europeus?

- Contamos com  a TACA para a parte regional, e com a Ibéria para as conexões com a Europa. Acabamos de receber uma companhia canadense, a Transat. Pouco a pouco vão se abrindo as portas ao mundo. No caso da Rússia, vamos ter que utilizar a conexão via Espanha, através dos code-share da Ibéria com companhias aéreas russas.
 

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