Leilão de aeroportos beneficia passageiros e mercado aéreo, dizem especialistas

O resultado do leilão dos aeroportos Galeão (RJ) e Confins (MG), realizado na última sexta-feira (22/11), superou até as expectativas mais otimistas com seu ágio de 250%. Além do alto valor arrecadado pela União, especialistas e governo comemoram a vitória de empresas de grande experiência.
No caso do Galeão, o consórcio vencedor conta com a administradora do aeroporto de Cingapura, considerado um dos melhores do mundo. O ágio de quase 300% com o Galeão mostra que a oferta era atraente para o mercado e que o modelo de concessão adotado não oferecia problemas, destacam especialistas.
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Especialistas consultados pelo JB ressaltam a urgência da privatização desses aeroportos, considerando a manutenção e serviços oferecidos atualmente, além da defasagem em relação a capacidade de passageiros. Aliado à promessa de mais conforto aos passageiros, a concessão ainda garante maiores condições de crescimento a companhias aéreas brasileiras, o que favoreceria essa modalidade de transporte no país e geraria maior competitividade a essas empresas, em relação ao preços praticados em outros países. Os resultados, no entanto, demoram um pouco a aparecer. Aeroportos concedidos em fevereiro do ano passado, por exemplo, só agora começam a oferecer as primeiras melhorias.
No mês passado, deputados da Comissão de Viação e Transportes encaminharam um requerimento ao Tribunal de Contas da União (TCU) para suspender a regra que limitava a participação de empresas que haviam vencido leilões anteriores. Eles afirmavam que a medida reduziria a competitividade do processo. A Secretaria de Aviação Civil (Sac-PR) reforçou na ocasião que o limite que 15% de participação já estava decidido e que ele era a melhor maneira de garantir a concorrência. Para Marcos Barbieri, professor e pesquisador de Economia na Unicamp, o resultado do leilão mostra que o modelo adotado pelo governo estava certo.
"Eu estava bastante otimista com esse leilão, principalmente com o Galeão, a 'joia da coroa', pelos eventos esportivos e pela estrutura já existente. A modelagem que o governo escolheu não ia atrapalhar o leilão. Quando você tem algo muito bom, você deve fazer exigências, não deve entregar a 'joia da coroa' de qualquer jeito. A exigência de investimento, a regra no limite de participação, para manter o mercado saudável e com concorrência, e ainda a decisão de manter a Infraero, faz desse um modelo muito vantajoso, que se mostrou extremamente bem-sucedido, não só pelo valor arrecadado, mas também pela importância das empresas que venceram, que têm visão gerencial competitiva mais avançadas", comentou Barbieri.
O Galeão vem apresentado diversos problemas. Passageiros na sala de embarque internacional, por exemplo, precisam desviar de goteiras, quando chove, e a segurança no local também vem sendo bastante discutida. "O Galeão estava deteriorado, não tinha mais como recuperar aquilo, a não ser pela iniciativa privada", explica Mario Beni, membro do Conselho Nacional de Turismo e professor de Turismo da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, essas privatizações deveriam ter ocorrido há décadas.
O leilão dos aeroportos Galeão e Confins rendeu R$ 20,8 bilhões ao governo. O consórcio Aeroportos do Futuro, que ficou com o aeroporto carioca, é formado pela Odebretch e pela operadora Changi Airport, que administra o aeroporto de Cingapura, considerado um dos melhores do mundo por oferecer mimos como spa com piscina, jardins internos, escorregadores, cinema e trens que interligam os terminais. Na disputa, a operadora usou o nome Excelente B.V.