Luis López, presidente da Associação Nacional de Hotéis e Restaurantes da República Dominicana - ASONAHORES
O presidente de uma das organizações mais importantes do Turismo na República Dominicana tem uma visão ampla e integradora do Turismo no Caribe. Para Luís López, "os grandes concorrentes não são os vizinhos; as dificuldades de um deles é motivo de preocupação. Os grandes concorrentes são os hotéis do Mediterrâneo, os da Ásia, os do Norte da África, Turquia, Egito e Marrocos. Os grandes concorrentes são os cruzeiros, com mais de 100.000 cabines no Caribe durante o inverno".
Como o senhor avalia a última edição da DATE?
Acho que o evento teve uma nova dimensão em 2007. Por exemplo, as novas ofertas complementares e a participação dos bancos na cadeia produtiva do turismo.
Para vender um produto é necessário mostrá-lo e a feira foi uma ótima oportunidade para isso, no caso dos hotéis, e para a promoção dos destinos.
O golfe e os hotéis-boutique concretizaram-se em 2006. Quais os planos para 2007?
Os planos são muitos. O governo tem muitos planos que sem dúvidas irão impulsionar a indústria turística. Já o setor privado projeta novos hotéis e ofertas complementares. Talvez em 2008 realizemos um evento muito importante da Associação de Golfistas Amadores, por exemplo.
Quais são os participantes tradicionais da DATE?
Os hotéis, as ofertas complementares e os fornecedores - por exemplo as locadoras de veículos - além dos compradores.
Quais as perspectivas do Turismo nos próximos anos?
Estamos muito otimistas. O crescimento turístico em 2006 foi de 8% e a oferta aumentou 5%. Em 2007 queremos manter o mesmo crescimento da oferta, enquanto o crescimento turístico deve ser de 7-8%. Trata-se de resultados que requerem muito trabalho dos setores público e privado.
O que é que falta para que a República Dominicana seja o primeiro destino turístico do Caribe?
Acho que somos o número um no Caribe. Somos os primeiros no número de chegadas, em quantidade de apartamentos e em campos de golfe. Na quantidade de marinas estamos entre os primeiros da região, bem como na oferta imobiliária turística. Acho que somos o número um e devemos manter essa liderança.
Quantos turistas recebe a República Dominicana?
Em 2006 recebemos 3.920.000 visitantes ainda que haja discrepâncias devido ao número de cruzeiristas. Porto Rico recebe 1.600.000 e Cuba mais de 2.000.000. Porém minha visão do Caribe é mais ampla. Nossos grandes concorrentes não são nossos vizinhos, mas os hotéis do Mediterrâneo com um milhão de leitos no verão ou os da Ásia, onde os hotéis são mais e melhores; ou os do Norte da África, Turquia, Egito, Marrocos. Nossos grandes concorrentes são os cruzeiros, com mais de 100.000 cabines no Caribe durante o inverno.
As ilhas do Caribe não se beneficiam da queda turística de um dos vizinhos. Isso é um motivo de preocupação e temos de estudar a causa para evitar o problema e o contágio. O Caribe deve crescer e na medida em que houver mais negócios será melhor para todos.
A compra de empresas espanholas como a Pullmantur ou a Iberojet por empresas norte-americanas, condicionando suas operações em Cuba, não beneficia a República Dominicana? O navio da Pullmantur, que deixou de viajar a Cuba, representa 800 turistas por semana para a República Dominicana.
Sem dúvidas isso beneficia a República Dominicana, mas é um benefício conjuntural. O Caribe é apenas um e devemos tentar aumentar a quantidade de viajantes. Para isso tem que crescer Cuba, Jamaica e nós próprios.
O que é que acha da política da CTO, voltada para o mercado britânico?
A CTO é uma excelente organização. Acho que deveriam ter uma política mais caribenha em geral e não para as pequenas ilhas. Nesse sentido acho que a participação da República Dominicana também deveria ser mais ativa, deveríamos exigir que a comunicação não fosse apenas em inglês e que o Caribe de língua espanhola fosse mais levado em consideração.
Cuba está crescendo muito em número de hotéis e daqui a cinco anos as companhias espanholas - sediadas na República Dominicana - serão responsáveis por 50% das capacidades na Jamaica. O que é que isso pode representar para a República Dominicana?
Insisto no fato de que a melhora no Turismo da Jamaica beneficia o resto do Caribe. Eu digo que tenho mais medo da incompetência do que da competência [concorrência]. O turista que visita um destino caribenho depois vai querer voltar para conhecer outro.
O que é pode faltar para que os grupos hoteleiros espanhóis sejam conhecidos nas ilhas do Caribe de língua inglesa?
Isso é um processo longo e terão que investir na promoção, principalmente nos Estados Unidos, onde a Iberostar e a RIU já são muito conhecidas. Acho que isso é um processo de vários anos, mas o produto de alta qualidade a preços competitivos vai facilitar esse posicionamento.
A entrada da Globalia no mercado dominicano través da marca Oasis poderia preocupar muitos hoteleiros locais. O que é que nos pode dizer a respeito disso?
A integração vertical é um processo universal em muitas indústrias. A mãe da Globalia é a Air Europa que precisa que seus aviões voem. Suas capacidades hoteleiras não serão suficientes e terão que contratar capacidades a outras empresas. Por exemplo, a Barceló tinha ações em operadoras que vendeu e concentra-se agora apenas na hotelaria.
Minha empresa, a AMHSA, uma empresa local, continua operando com êxito apenas na República Dominicana e consolidando seus produtos no País. A dinâmica da indústria mostra que há oportunidades de mercado tanto locais quanto globais. O tempo dirá quais os empreendimentos bem-sucedidos nesse processo de concentração vertical ou horizontal.
Há estratégias de negócios que apostam na especialização. De qualquer maneira esperamos que aqueles que invistam na República Dominicana tenham sucesso.