María Elena López, vice-ministra cubana do Turismo

15 de Maio de 2008 6:16pm
godking

Cuba quer desenvolver um turismo responsável, preservando a natureza e os valores da nação e, nesse sentido, a vice-ministra cubana do Turismo explicou ao Caribbean News Digital algumas das estratégias.

Qual a posição do turismo nos planos de desenvolvimento do país?

O turismo é hoje um dos setores mais importantes da economia cubana. É uma atividade que gera receitas rapidamente que são reinvestidas para o crescimento econômico.

É ainda um fator de dinamização das restantes atividades como a agricultura, a indústria alimentar, a indústria de bens de consumo e de serviços básicos. Hoje, mais de 60% dos insumos do turismo são produtos nacionais.

Quais são as satisfações e quais os aspectos que devem ser aperfeiçoados no turismo?

Nós estamos muito satisfeitos com os nossos recursos humanos. Todas as sondagens mostram que é um dos aspectos mais importantes. Ao perguntarmos aos turistas sobre o que mais apreciaram, a resposta é imediata: "As pessoas".

Já a qualidade dos serviços é um dos temas que requerem mais atenção e deve melhorar.

Na recente Feira, operadores e agentes reconheceram que a qualidade tem aumentado, mas estamos longe das nossas metas e temos que trabalhar com perseverança nisso.

Pode aumentar o número de turistas para mais de dois milhões sem que seja afetado o meio ambiente, ou seja, fazer um turismo sustentável?

Eu diria que devemos ir muito além de um turismo sustentável. Nós trabalhamos para um turismo responsável. Em primeiro lugar não queremos fazer cultura para turistas, mas que o turista desfrute da nossa cultura.

Em Cuba existem leis muito estritas para a proteção do meio ambiente e o Turismo defende essa política, mas também defende a nossa sociedade, o nosso projeto social. Daí que seja um turismo responsável.

Apostamos no turismo de família, afastado da prostituição e da droga, essa é a chave do turismo responsável.

Com o turismo também estamos defendendo o nosso projeto social que consideramos justo ainda que deva ser aperfeiçoado e é isso que estamos fazendo agora.

O turismo cultural tem problemas de financiamento. Esta fusão entre cultura e turismo, além de ser uma especialização em relação a outros produtos, poderia também contribuir para esse financiamento?

O turismo cultural é um produto muito especializado e requer um financiamento elevado, mas a nossa proposta é que os turistas vivam a cultura cubana.

Desenvolver o turismo cultural é uma aspiração superior e estamos trabalhando para isso. Um exemplo disso é a agência de viagem San Cristóbal, do centro histórico de Havana Velha, que trabalha o turismo cultural, mas também o patrimonial e o histórico através dos eventos que realiza.

Trabalhamos nos dois aspectos. Nos temas que requerem maior financiamento avançamos mais devagar, mas queremos dar aos turistas a oportunidade de que vivam a nossa cultura. Foi por isso que dedicamos a recente feira à integração da cultura e o turismo. Já na próxima o tema central serão as excursões e as opções turísticas, e o país convidado será a Alemanha.

Hoje a maior parte dos nossos hotéis está em destinos de sol e praia, mas queremos mostrar as nossas cidades patrimoniais e a nossa cultura através de excursões e outras opções turísticas.

O que é que está fazendo o governo nas cidades para que as pessoas continuem a morar nelas e ao mesmo tempo mostrá-las?

O melhor exemplo é o que está sendo feito no centro histórico de Havana Velha, onde há um processo de reconstrução de moradias e de criação de escolas-museus nos próprios prédios. O objetivo é que os próprios habitantes sejam os principais atores do turismo ali.

Por isso os guias de turismo são dos bairros de Havana Velha, os grandes prédios são utilizados para atividades turísticas e ao mesmo tempo os funcionários dos locais turísticos moram nesses prédios. Acontece nos restaurantes e nos museus.

No próprio centro histórico há projetos - já concretizados alguns - de asilos para a Terceira Idade e escolas para crianças portadoras de deficiências.

Isso tudo faz parte do processo de revitalização da cidade em paralelo ao desenvolvimento turístico.

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