María Jesús Alonso Ros, diretora executiva da Câmara Oficial Espanhola de Comércio do Panamá

20 de Novembro de 2007 1:51pm
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Há cerca de três anos, o Panamá recebe uma avalanche de investidores espanhóis. Trata-se de empresários individuais ou de grupos de construtores e promotores, principalmente da região de Catalunha e das Ilhas Canárias. A Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Panamá é a encarregada de facilitar os contatos e as negociações.

Qual tem sido a evolução da Câmara Oficial Espanhola de Comércio do Panamá?

A Câmara foi fundada em 1923 e no início estava na embaixada da Espanha. Em 1992 foi transferida para o local atual, separando-se as funções diplomáticas das da Câmara.

A Câmara tem caráter oficial, dependendo economicamente do Ministério de Indústria, Turismo e Comércio, mas temos relações estreitas com a Embaixada. De fato o Embaixador é o Presidente Honorífico e o Conselheiro Comercial é o Vice-presidente Honorífico, daí que participem das reuniões da diretoria e de muitas das atividades que organizamos.

Quais as funções da Câmara no Panamá?

Sua função principal é impulsionar o comércio bilateral, procurando seu aumento e diversificação. As pessoas pensam na Espanha com seus produtos tradicionais como revestimentos cerâmicos, livros e perfumes, mas temos incorporado material médico, óptico e muitos outros itens que estão chegando ao Panamá.

Além disso, os programas do Instituto Superior de Comércio Exterior (ISCE), cujo objetivo é a internacionalização das empresas espanholas, têm contribuído muito para a aproximação de ambos os países.

Quantas empresas espanholas estão no Panamá?

Não tenho o dado exato, mas são de 30 a 40.

Todas estão representadas pela Câmara?

Quase todas são membros da Câmara, entre elas está o banco BBVA e há um escritório de representação da Caixa Galicia.

Há grandes empresas e outras de serviços. Uma delas vai trabalhar na ampliação do Canal. No setor imobiliário há grandes grupos espanhóis investindo pesado. São construtoras muito conhecidas.

Há cerca de três anos, o Panamá recebe uma avalanche de investidores espanhóis. Trata-se de empresários individuais ou de grupos de construtores e promotores, principalmente da região de Catalunha e das Ilhas Canárias.

O Panamá decidiu abrir seus serviços e atrair investimentos estrangeiros, entre eles os espanhóis. Ao ser um país de serviços, não exporta muito para a Espanha. As exportações panamenhas são de camarões, crustáceos, frutas, um pouco de borracha e álcool sem destilar, mas mesmo assim houve um aumento do comércio entre os dois países.

O Panamá foi excluído da lista dos paraísos fiscais?

Infelizmente não, porque não há um acordo assinado que certifique que o Panamá está excluído dessa lista. Porém, houve algumas negociações nesse sentido, mas trata-se de uma informação muito confidencial e ainda não posso falar nisso.

O Príncipe de Astúrias visitou a Guatemala e a Reina a Costa Rica. Isso confirma que a Espanha está apostando forte na região...

Ainda que eles não façam parte do governo, são um símbolo da aproximação. Sem dúvidas a Espanha está apostando na região e especialmente no Panamá. Há Câmaras em todos os países centro-americanos, mas o Panamá é o país que tem mais missões comerciais. O país representa um atrativo muito forte para os espanhóis não apenas pela sua situação geográfica, a economia dolarizada e a zona livre, mas também pela explosão imobiliária que significa 4,3% do PIB e as licitações previstas para o desenvolvimento do litoral, o saneamento da baía e a ampliação do Canal.

Na Espanha há uma saturação no setor imobiliário, daí a saída das empresas construtoras espanholas para outros países.

Quanto pode durar a explosão imobiliária no Panamá?

Ninguém pode afirmar isso, mas levando em consideração que a ampliação do Canal vai até 2014, devemos pensar que o país vai precisar de construções de maneira estável durante esse período.

Outro tema importante aqui é a Cidade do Saber e os incentivos fiscais que oferece. No início era uma espécie de cidade universitária que foi atraindo outros projetos e agora tem o apoio da Comunidade Européia com um orçamento de 11,5 milhões de euros para incentivar a presença ali de empresas européias.

Qual é a composição da Câmara?

Neste momento temos 12 diretores, além do Embaixador, o Conselheiro Econômico e eu, ou seja, 15 membros com renovação a cada dois anos. Em abril de 2008 haverá eleições e alteração dos estatutos, de modo que a quantidade de diretores poderia variar.

E as atividades que organizam?

Atividades de promoção e comerciais. No mês de novembro vamos organizar uma exposição do setor da construção e em abril de 2008 um encontro empresarial do mesmo setor. Vai ser um evento em conjunto com a Câmara de Castellon, que é muito forte, e com a Câmara de Madri, e vamos apresentá-lo no Conselho Superior de Câmaras que reúne as 84 entidades da Espanha. Posteriormente vamos organizar o evento na República Dominicana.

As câmaras espanholas no exterior têm uma rede para o contato permanente e a cada dois anos temos uma assembléia geral no Ministério para a apresentação de novos projetos.

Quanto às missões comerciais, tentamos facilitar o caminho das empresas espanholas através de contatos, advogados, etc. Também no sentido inverso, ou seja, apoiamos os empresários panamenhos que viajam a feiras espanholas.

No website da Câmara temos toda a informação sobre as feiras na Espanha e sobre os produtos que potencialmente podem ser exportados para o Panamá.

Do ponto de vista da promoção, este ano estamos trabalhando a Construção, mas durante três anos, até 2006, organizamos festivais gastronômicos que davam a conhecer a gastronomia espanhola e propiciaram a entrada de novos produtos ao mercado.

Para o ano de 2008 estamos pensando no tema do vinho, porque o Panamá está criando aos poucos uma cultura vinícola e os vinhos espanhóis estão muito bem representados aqui.

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