Marina Ogier, especialista de Cooperação e Cultura da embaixada da Bélgica em Cuba

02 de Maio de 2008 10:23am
godking

A embaixada da Bélgica em Havana trabalha há mais de três anos em dois interessantes projetos culturais: a Semana Belga, no mês de novembro, e a Semana da Francofonia, em março. Na área da cooperação, foram assinados importantes acordos com a região da Valônia em temas como Patrimônio, Biotecnologia e Agricultura.

A senhora poderia explicar o trabalho do Departamento de Cooperação e Cultura da embaixada belga em Cuba?

O Departamento trabalha em duas áreas: a cooperação cultural e a cooperação decorrente dos acordos da Comissão Mista Cuba-Valônia nos temas de Patrimônio, Biotecnologia e Agricultura, principalmente.

No tema cultural temos dois momentos chave no ano. O primeiro é a Semana Belga, no mês de novembro, que é uma parceria com o Escritório do Historiador da Cidade. Para o evento vêm artistas belgas e tentamos realçar os temas ligados aos dois países.

Em 2007 apresentamos a mostra fotográfica de uma artista belga que fez reportagens fotográficas em diversos países, entre eles Cuba, na qual apresentou sua visão sobre o país.

Em 2008 o tema será o patrimônio, tanto material quanto imaterial. Vamos apresentar uma exposição fotográfica sobre o estilo Art Nouveau na Bélgica e em Cuba.

Também vamos trazer criadores de histórias em quadrinhos, como manifestação do patrimônio imaterial belga. São arquitetos que estão muito interessados em conhecerem as possibilidades de trabalho em Cuba nesse sentido.

Vamos organizar em Havana Velha oficinas de histórias em quadrinhos com as crianças numa mansão que foi restaurada com fundos da Região da Valônia e que é uma espécie de museu-biblioteca das histórias em quadrinhos.

Outro vínculo entre os dois países que sempre ressaltamos é o chocolate, porque Cuba é produtor de cacau e a Bélgica é transformador do cacau em chocolate.

Outro momento importante é a Semana da Francofonia, no mês de março. No ano passado trouxemos um cantor belga e organizamos oficinas de histórias em quadrinhos.

Quais os principais parceiros cubanos nesses projetos?

Temos vários parceiros, mas o principal é o Escritório do Historiador da Cidade a partir de um pedido especial de Eusebio Leal para a organização da Semana Belga. Já para a Semana da Francofonia os demais países têm espaço no Teatro Nacional e no Museu de Belas Artes.

Quando vai ser organizada a Semana Belga neste ano?

De 7 a 14 de novembro.

Vão incluir o cinema na Semana?

Lógico. O público cubano gosta muito de cinema e a partir do sucesso do ano passado vamos incluir uma mostra na Semana.

O que é que pode dizer sobre outros projetos de colaboração?

A Bélgica é um estado federado, de maneira que as regiões da Valônia e Frandres podem ter projetos de cooperação próprios. No caso de Cuba a cooperação é mais forte com a região da Valônia.

A segunda reunião da Comissão Mista de Colaboração entre Cuba e a Valônia foi realizada no mês de outubro e aprovou 13 projetos que englobam temas de Patrimônio, Biotecnologia e Agricultura, entre outros.

Cuba não é um país prioritário para o governo belga, mas há projetos de colaboração através de ONGs que obtêm fundos federais. É o caso da Oxfam Internacional, que opera com fundos do governo. Também há projetos através da ONU.

Há outro tipo de cooperação, entre universidades, com uma boa quantidade de projetos e fundos. O mais importante é entre as universidades de Flandres e a universidade de Villa Clara, que foi concebido para dez anos e vai ser renovado para mais cinco anos.

As universidades têm fundos do governo, mas seus profissionais decidem onde e como utilizá-los.

Porque a região da Valônia tem mais projetos com Cuba?

É que Cuba é uma prioridade para a região da Valônia, o que não acontece nem com o governo federal nem com Flandres. A cooperação se desenvolve nos tema da Saúde, Patrimônio, Meio Ambiente e Agricultura.

Quais as idéias e projetos para o futuro?

Ainda que a embaixada não tome as decisões, temos a idéia de promover um acordo cultural entre a região da Valônia e Cuba, e de reativar a cooperação com Flandres.

Temos outros projetos produtivos, como a melhora da produção de cacau e a denominação de origem do cacau cubano, o que é muito importante para os chocolateiros do mundo. Outro projeto seria a abertura do Museu do Cacau em Havana Velha, semelhante ao do chocolate, que ressaltaria as tradições da cultura do produto.

Outro dos projetos é um livro sobre a história do cacau em Cuba, da autoria de Alejandro Hartman Matos, historiador da cidade de Baracoa. Recentemente ele escreveu uma matéria sobre o cacau para a revista Excelências.

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