O futuro do turismo para o Caribe está nos Estados Unidos

16 de Fevereiro de 2015 5:54pm
claudia
O futuro do turismo para o Caribe está nos Estados Unidos

Como está estruturado ALG, e daí proporção maneja do turismo estad unidense?

ALGé  um negócio de integração vertical com seis companhias diferentes que abarcam desde Apple Vacations, o maior tour-operador do mundo para México e República Dominicana, Caribecheapcaribbean.com, popular agência de viagens on-line especializada em pacotes de férias de luxo no México e o Caribe, até Travel IMPRESSIONS, que maneja o área de viagens para American Express e a AAA.

ALGconta com 23.000 empregados, 2 tour-operadores, 1 agência on-line, seis marcas hoteleiras para diversos segmentos de mercado, desde o mais luxuoso até o mais económico, uma companhia transportadora de receptivo e um Clube de Férias.

Atualmente, quase dois de cada dez turistas americanos que viajam para a região são clientes de ALG. Esta cifra estimada poderia aumentar ainda mais se se abrisse definitivamente o destino Cuba para os norte-americanos.

 

Existe alguma explicação concreta para o fato de que NH se tenha unido a vocês num hotel na República Dominicana?

 

Acho que os executivos de NH procuram o melhor para a companhia e às vezes as decisões que um tomada podem não parecer lógicas desde o ponto de vista do negócio, mas são as correctas. Finamente NH segue envolvido na propriedade. Nós fazemos “brand management” e nossos conceitos e marcas estão presentes e estamos envolvidos em aspectos operativos que afetam às marcas, mas NH, como proprietário, e inclusive os Martinón seguem envolvidos no dia a dia da propriedade e nunca se saíram ao 100%.

Outra coisa é que mudassem a marca  porque a efeitos de praia, talvez a marca NH não é tão forte. Muito inteligentemente NH disse, bom estes senhores gastam x milhões no mercado americano em marketing e nós não, pois tem mais sentido que façamos este movimento. Fizeram-no e estamos a trabalhar muito bem os três grupos e com resultados espectaculares.

 

Que outros hotéis pensam operar na República Dominicana?

 

Temos diferentes projetos;  vamos construir outro hotel com o Grupo Martinón na mesma zona de Ubero Alto; vamos construir outro em Cap Cana, no que é sua zona de desenvolvimento, em Juanillo; estamos a ver uma operação de um hotel já existente que vai ser reconvertido e estamos a negociar com os proprietários para essa reconversão e a mudança de marca. Agora mesmo estamos a ver três hotéis na zona de Ponta Cana, um na zona da Romana e mais duas em Porto Prata.

Que opinião tem sobre a intenção do governo da República Dominicana de chegar a 10 milhões de turistas num prazo de 5 a 10 anos?

 

O atual ministro de turismo conjuntamente com o presidente acho que têm feito um trabalho espectacular. Nós sempre que vamos a conferências internacionais, e há ministros de turismo e presidentes de países do Caribe pomos à RD como um exemplo de como fazer bem as coisas com respeito ao turismo, uma coisa é o discurso político e outra as acções. República Dominicana tem adoptado ações concretas, tem chegado a acordos para manter o investimento estrangeiro no país e não me cabe dúvida de que seguirão as fazendo. O compromisso que vemos desse governo é enorme e tem consequências e repercussões. Neste caso acho que vão ser positivas e não vejo por que não se possa chegar a 10 milhões de visitantes nesse país.

 

Quais seriam os crescimentos necessários em infraestrutura para que a República Dominicana possa ter um turismo que não seja somente de resort, de todo incluído, senão mais aberto?

 

Eles têm feito bastante em infraestruturas;  o primeiro são as estradas e há umas excelentes de Santo Domingo, A Romana, a Ponta Cana, o Boulevard. Todo isso tem reduzido enormemente o tempo de transportação às zonas hoteleiras. Obviamente, qualquer país que cresça e quando as comunidades crescem, há projetos de infraestrutura hidráulica, projetos energéticos. Na RD pagamos por kilowatt mais três vezes do que se paga no México, isso é um grande repto para o investimento e para os hoteleiros. Eu diria que infraestrutura hidráulica e energia seriam os dois focos importantes, se se quer crescer a esses níveis.

 

E quanto às tarifas?

 

A República Dominicana está posicionada no número 3 quanto a tarifas. Jamaica, ao menos em nosso produto, está no número 1, México seria o 2, em dependência da zona, pois Os Cabos é mais caro que Cancún, e República Dominicana seria o número 3. Não obstante, as tarifas têm ido subindo, no último ano teve uma média de quase dois dígitos em incrementos, isso vem acompanhado de infraestruturas, o que permite subir os preços, melhores hotéis. Acho que nuns anos estarão bem perto dos níveis do México.

 

Para o mercado norte-americano, tem importância direta para vocês o crescimento dos campos de golfe e o desenvolvimento das marinhas na República Dominicana?

 

Acho que tem de alguma forma importância, porque lhe dá qualidade ao destino. O turismo de golfe e de marinha é um nicho relativamente pequeno, mas é como tudo, um prefere ir a um lugar onde há 12 marinhas que a um onde não tenha nenhuma, porque lhe dá percepção de qualidade. Ao final tudo é percepção, mas um país que tem tantos campos de golfe e marinhas e bons restaurantes é um destino bem mais atraente que outro que não os tenha.

 

Que importância tem a gastronomia na decisão de um cliente para eleger um hotel ou outro?

 

Em general, a qualidade da comida é crítica. Estamos a falar de um todo incluído e obviamente há uma série de aspectos dentro desta modalidade quando um já tem pago a comida e a bebida, que são críticos. O mais complicado é o dar-se a conhecer pela comida, e aí é onde o agente de viagem joga um papel importantíssimo, porque muitos deles já têm estado nesses hotéis e os viveram e sua opinião é muito relevante à hora de eleger.

 

Considera que uma classificação de uma academia de gastronomia como a espanhola ou a francesa para o Caribe ou as Américas seria importante?

 

—Acho que sim. No México está a passar; ali têm chefs espetaculares e vê-se esse tipo de movimentos. No Caribe inglês há reuniões, foros de chefs importantes, mas quiçá na República Dominicana deveria empurrar-se um poquito mais.

 

Em 18 de agosto do ano passado constituiu-se a Academia de Gastronomia na República Dominicana e esta se integrou à Academia Iberoamericana de Gastronomia

 

Essa é uma boa noticia

 

Com respeito a Cuba, que precisaria *ALG para oferecer a seus clientes um standard de qualidade com as condições e limitações actuais do país?

 

Precisamos ter a infraestrutura correta, especialmente a hoteleira, ter habitações com as amenities necessárias e restaurantes com variedade,  porque devemos cumprir com uns standardes de qualidade, já que quase todos nossos hotéis estão filiados à AAA, com 5 e 4 diamantes.

 

Por outro lado seria totalmente necessário ter acesso a produtos. Não operamos em Cuba, mas temos sócios que sim o fazem e conhecemos bastante bem as carências.

Entendo que a forma em que se está a trabalhar agora é que tens licença ou capacidade de importação de produtos dependendo do tipo de empresa e para nós isso seria chave, porque poderíamos fazer conexão Estados Unidos - México para importar o que precisamos e nos assegurar de poder dar o serviço a que estamos obrigados.

 

Sem essa possibilidade seria uma limitante para abrir em Cuba?

 

Seria impossível. Não poderíamos, porque não estamos dispostos a sacrificar as marcas se não podemos dar o produto com nossa qualidade acostumada.

 

O caso de RIU seria um exemplo disto?

 

—Não sê qual é a decisão que possa tomar RIU ou por que. Posso-te contestar por nós, e não estamos dispostos a danificar nossas marcas só por ter um hotel mais.

 

Se entrassem em Cuba, fá-lo-iam como proprietários, tentariam comprar algum grupo que agora opere ali, aplicariam pela busca de investidores que estivessem dispostos a construir,  ou teriam a opção de tomar hotéis do Estado para remodelá-los e adaptar a vossos standards?

 

É um tema de oportunidades. Enquanto possamos ter acesso e dar o produto adequado pode ser reconversão, pode ser com um investidor atual, ou pode ser com os hotéis do governo se estão dispostos a pôr-nos o produto que queremos. Fazer repetidamente e não temos problemas com nenhum deles.

 

Quantos turistas consideram que poderiam levar vocês sozinhos desde os Estados Unidos?

 

Acho que facilmente poderíamos pôr, em curto prazo, entre 300 e 400 mil hóspedes.

 

Acha que poderiam ter a opção de linhas aéreas que pudessem levar a esses turistas?

 

No passado fomos proprietários de uma linha aérea; chegamos a ter 14  Airbus 320. Mas chegou um momento em que não valia a pena, pela forma em que funcionam as linhas aéreas nos Estados Unidos, e a concorrência. Agora trabalhamos tanto com chárter como com voos regulares. Todos nossos pacotes os montamos através de companhias chárter com as quais temos acordos e por outro lado com voos regulares se não temos chárter para ir a nossos destinos.

 

Temos operações muito fortes com ambos sistemas e no caso de Cuba poderíamos fazer o mesmo: montar pacotes tanto com chárter como com voos regulares.

 

De quantos dias é o standard de visita de um turista norte-americano a um hotel de vocês no Caribe? De quantos dias achas que seria para Cuba?

 

Não acho que mude; são 5,5 dias como média. Talvez em Cuba poderia ser um pouco mais curto pelo turismo do sul da Flórida que está mais perto e quiçá possa passar como em Bahamas, que tem muito turismo de fim de semana. Mas se vêm do nordeste ou do médio oeste provavelmente seria a mesma média.

 

Considera que a abertura Havana-Washington incidiria em que Cuba não tivesse temporada baixa?

 

É possível. O que passa com destinos como Cancún ou Ponta Cana é que tens muitos clientes em verão, pelas férias em Europa e é a temporada supostamente baixa e depois tens muitos clientes em inverno que é a temporada alta nos Estados Unidos, quando faz muito frio ali e a gente baixa ao Sul. Isso ajuda à desestacionalização.

 

Nos últimos anos, tendo uma ocupação sobre o 80% ao ano, a temporada alta e baixa já não é um tema de ocupação, senão de tarifas. As ocupações seguem sendo altas durante todo o ano, mas há épocas em que as tarifas são mais baixas e outras que são mais altas.

 

No caso de Cuba, se há uma demanda pelo desejo de conhecer um destino e não há habitações nas temporadas críticas, como podia ser de agosto a novembro, ou de abril até julho, poderiam ter um incremento de passageiros?

 

Em curto prazo seria um problema, mas em médio prazo acho que estabilizar-se-ia como tem sucedido em outros países do Caribe.

 

O norte-americano pode ter um desejo real de conhecer a Ilha ou seria só outro destino mais?

Não, absolutamente, o desejo está ali. Cuba é um caso diferente, porque teve uma enorme relação com os Estados Unidos dantes da Revolução e não é como alguns países de Centro-américa que passaram por guerras civis durante muitos anos e isso é o que ficou na mente de muitos americanos. Conquanto esses lugares hoje são espectaculares para ir, não têm muito sucesso, porque ainda o americano médio tem essa percepção.

Mas Cuba é diferente, então acho que teria uma demanda muito importante do mercado americano no momento em que tivesse a infraestrutura correta.

 

Considera que a segurança para o viajante pode ser um elemento positivo para Cuba?

 

Absolutamente. Cuba não tem percepção de inseguro nos Estados Unidos para nada.

 

Nas conversas que têm tido com o Ministério de Turismo de Cuba em Fitur, que perspectivas viram?

 

Nossa percepção é muito positiva. Há muito trabalho por fazer. Existem restrições por parte do Governo dos Estados Unidos que há que solventar. Nós nunca entraríamos sem estar 100% seguros de que está permitido, mas nossa impressão é que estão muito optimistas e positivos de que querem abrir ao tema do turismo estadunidense. Nós encantados.

 

Que reptos enfrenta o Caribe quanto ao turismo estadunidense?

 

Vejo poucos reptos e muitas vantagens. Sou muito optimista. Os reptos que posso ver são a crise em Europa, tipo de mudança que a gente dizia que era muito caro ir ao Caribe. A gente durante as piores crises tem seguido viajando, talvez gastou menos, mas seguiu viajando. Por outro lado, o potencial do mercado americano é gigantesco e é um mercado muito forte e a economia está num bom momento. 

 

A que destinos do Caribe poderia prejudicar mais a abertura do mercado cubano?

 

Poderia afetar em curto prazo a todos os destinos, porque se de repente entre 300 e 500 mil passageiros se movem para um novo pólo turístico obviamente vai existir uma afetação nos outros pólos. Isso é em curto prazo; em médio prazo acho que será bom para todos. A República Dominicana e México têm uma série de infraestruturas e hotéis que hoje Cuba não tem. Portanto vai ser um tema gradual. Não acho que tenha crise em nenhum lugar e vamos ver um crescimento gradual em Cuba, se se abre.

 

Poderia ser um motor para o Caribe o fato de que Cuba volte a aparecer no mercado norte-americano?

 

Acho que sim. Muita gente que hoje não viaja ao Caribe fá-lo-á, e gente que já viaja ao Caribe irá provar Cuba.

 

Que acha você da Haiti para o desenvolver como destino?

 

Vejo a Haiti como à República Dominicana há mais de 20 anos. Boa oportunidade, custo da terra barato, foi um sucesso absoluto. Vejo a Haiti um pouco igual, praias espectaculares, a gente muito amável, e obviamente é como uma tela vazia que há que pintar. A disponibilidade do governo é absoluta, a ministra de turismo está a fazer um trabalho espetacular, conhecemo-la e apreciamos e grande parte do fato de que estejamos a falar de Haiti é por ela. É uma oportunidade enorme, está também bem perto do mercado norte-americano e aqui vai ser procurar o investimento que esteja disposta a construir nesse país.

 

E do Panamá?

 

É como Costa Rica, mas com mais conexão. Costa Rica fez um trabalho espetacular de posicionamento do país quanto ao verde, o ecológico e o Panamá focou-se num tema mais financeiro. Mas tem uma quantidade de conexões aéreas enorme e queremos sacar proveito delas para começar a desenvolver o turismo de lazer.

 

Com que hotéis entrariam no Panamá, em que lugares?

 

Estaremos a abrir no 2016 ou 17 em Buenaventura, que é provavelmente o desenvolvimento de luxo mais importante do Panamá, um lugar espetacular, uma praia na que já estão RIU e Sheraton, e já estamos a trabalhar no projeto e os planos. Esse será nosso primeiro hotel desenhado e construído no Panamá. Também estamos a ver oportunidades de praia para perto de a cidade, em conversas com alguns proprietários e seria um complemento fantástico o ter um hotel numa praia próxima à cidade.

 

Em Centro-américa, Salvador, Guatemala, Honduras?

 

Não os estamos a contemplar, para nós o tema da segurança é importante e não achamos que sejam lugares que em curto prazo pudessem ser exitosos para o mercado norte-americano, em parte pela percepção de que temos falado.

 

Belize?

 

Poderíamos considerá-lo. Não temos feito nada, mas poderíamos o considerar.

 

Aruba é um país muito especial no Caribe, imagino que vossa aposta independentemente da RD, teria que ver com o mercado de Aruba. Têm algum projeto lá?

 

É uma prioridade para nós, temos tido passageiros para Aruba durante muitos anos e não temos tido hotéis. Tem umas barreiras primeiramente importantes e estamos a trabalhar em isso, já temos um projeto desenhado e se Deus quer abri-lo-emos no 2017.

 

Colômbia?

 

É uma opção, especialmente a zona de Cartagena, é um país muito estável, economicamente está forte, o repto é que não podíamos aproveitar nossa distribuição porque é um voo longo, mas por outro lado estamos faz tempo desenvolvendo o turismo tanto latinoamericano como europeu para cobrir esse tipo de destinos.

 

Seria o destino mais longo que cobririam?

 

Nós temos chegado a viajar até o norte do Brasil, se fosse o produto correcto poderíamos chegar até ali.

 

Que tem suposto para seu Grupo o aparecimento de Sunwing no mercado com toda sua integração vertical?

 

Não nos afetou diretamente. Em algum momento Sunwing começará a incrementar a produção em seus hotéis e nós como hoteleiros e outras correntes verão reduzida a contribuição de Sunwing e o que faremos será o compensar com outros tour-operadores canadianos; mas por enquanto não tem tido uma afetação importante, porque Sunwing não tem tomado medidas radicais ao respeito.

 

Seria um travão para vocês que Sunwing tenha entrado com muita força ao mercado de Cuba?

 

Espero que não, porque muitas das decisões de quem faz que ou quem opera que são do governo, e as agências turísticas do governo. O governo estou seguro que entende que precisa uma variedade de produtos para o sucesso do turismo em Cuba. Sunwing é uma opção, nós somos outra e as correntes espanholas são outra opção. Afinal de contas é um tema de variedade.

 

Consideras que no caso de Cuba as tarifas hoteleiras podem elevar com esta abertura, não só para o norte-americano senão também para o europeu?

 

Têm que se elevar, mas obviamente isso tem que ir da mão com uma melhora da infraestrutura mas sim, absolutamente elevar-se-ão.

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