Os turistas norte-americanos viajarão menos ao Caribe neste ano

28 de Janeiro de 2008 7:08pm
godking

O OMT vai publicar em breve os resultados turísticos de 2007 e as previsões são muito positivas globalmente, mas, é assim no Caribe?

Os alicerces deste destino regional foram abalados nos primeiros meses de 2007 com a queda de 2% nas chegadas. Foi a única região do mundo com resultados negativos, a partir da redução nas chegadas de norte-americanos, de acordo com explicações de Francesco Frangialli, secretário geral da OMT, nos meados de 2007.

Depois, o próprio Frangialli afirmou que a estagnação do turismo no continente estava ligada ao desaquecimento da economia dos EUA.

Sem mais detalhes por parte da OMT, numerosas opiniões no Caribe indicam que a origem da situação se encontra na Lei da Iniciativa de Viagens para o Hemisfério Ocidental que insiste na apresentação do passaporte para a entrada aos Estados Unidos, inclusive para seus próprios cidadãos.

A Organização do Turismo do Caribe (CTO), através de seu secretário geral, Vincent Vanderpool-Wallace, afirmou antes da entrada em vigor da lei que era discriminatória e que prejudicaria diversos destinos caribenhos, principalmente os mais dependentes do mercado americano.

Recentemente, o primeiro-ministro das Bahamas, na reunião da CTO realizada ali, pediu que o Caribe falasse unido diante de uma medida que afeta suas aspirações de uma melhor qualidade de vida para seus cidadãos.

A Associação de Hotéis do Caribe (CHA) também expressou sua preocupação diante das incertezas que provocava a medida na região, cujo mercado principal é o do Estados Unidos.

No final de 2006 havia sinais de alarme: crescimento de apenas dois pontos porcentuais, sendo 70% das chegadas provenientes dos EUA.

Uma pesquisa encarregada pelos hoteleiros do Caribe revelou que a exigência do passaporte compromete US$ 2,1 bilhões de receitas para a região e mais de 180 mil empregos.

Em janeiro de 2007, mais de meio milhão de norte-americanos havia cancelado suas viagens ao México, Canadá e Caribe.

A situação agravou-se pela demora na entrega do passaporte, tema que ocupou o Congresso dos EUA, que considera que a demora poderia prejudicar o turismo e o comércio transfronteiriço.

Durante a Cúpula para a Integração e o Desenvolvimento do Caribe no século XXI, realizada em setembro de 2007, Enrique de Marchena, presidente eleito da CHA, afirmou que o Caribe tinha recebido uma quantidade de turistas 3% inferior em relação ao mesmo período de 2006, apontando como uma das principais causas a exigência do passaporte aos cidadãos dos EUA.

Com certeza a medida tem um impacto negativo na região, mas, é possível atribuir a queda turística unicamente a isso? O Caribe tem que procurar alternativas e propostas diferentes.

Cuba, por exemplo, desenvolveu o turismo sem esse mercado e recebe mais de dois milhões de turistas estrangeiros por ano.

A revista Excelencias del Caribe aponta como uma das causas a excessiva estandardização do produto, fato que obriga a reduzir preços diante da concorrência crescente, além de um esgotamento do segmento de sol e praia.

Por outro lado, uma economia que se aproxima da recessão, os preços do petróleo e sua influência no transporte, a crise hipotecária e a desvalorização do dólar também são fatores com incidência na redução das viagens dos norte-americanos.

Talvez o Caribe deveria se concentrar mais em temas locais com destaque na identidade de seus povos. Talvez deva olhar para mercados emissores emergentes como Rússia e as nações asiáticas.

De acordo com previsões do trade nos Estados Unidos, os norte-americanos escolherão destinos como China, Leste Europeu, Itália, Portugal e América Central em 2008. Para essas viagens também precisam de passaporte, então, qual a razão para não eleger o Caribe?

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