A produção de vinhos artesanais vai impondo sua qualidade, com marcas típicas da região

03 de Março de 2016 7:25pm
editor

A província de Holguín trouxe o vinho que obteve o Grande Prêmio do 25º Festival de Vinhos Artesanais.

CUBA desafia a umidade e as inclemências do tempo para produzir vinhos artesanais de qualidade, a partir da fermentação de frutas tropicais como goiaba, abacaxi, laranja, mamão, graviola e manga.

O presidente da coordenadora nacional de vinicultores artesanais, Noel Morales Rojas, expressou que desde o ano 1983 os vinicultores de várias províncias concorrem com suas marcas e em 1991 foi constituído o Grupo de Vinicultores com um diretiva, da qual são fundadores os territórios das províncias Pinar del Rio, Havana, Cienfuegos, Sancti Spíritus, Villa Clara, Ciego de Ávila e Holguín.

“O trabalho da vinicultura foi em ascensão sempre”, acrescentou, “atualmente existem 32 clubes distribuídos pelo país todo, à exceção das províncias de Artemisa e Mayabeque, com destaque para Ciego de Ávila, como a província que maior número de membros possui”.

“Os clubes têm como objetivo fundamental conseguir que a população consuma e elabore vinhos, o que contribui para resgatar as tradições da vinicultura, introduzidas pelos espanhóis em Cuba”, afirmou o presidente da coordenadora do Ocidente e do clube Viniprince, de Pinar de Río, Rolando Guerras Coro.

Os vinhos cubanos diferenciam-se dos estrangeiros nos graus brix, que determinam a porcentagem de açúcares e álcool. Fabricam-se em maior número doces o semidoces, porque são os que têm melhor aceitação. Os nossos possuem alto grau brix, mas têm pouco teor de álcool. Em troca, nos países frios, geralmente, fazem-se muito secos, com elevado teor de álcool.

Cabe destacar que no mundo o vinho que se fabrica é principalmente de uva, embora em Cuba a umidade conspire na cultura da videira e as variedades não se deem com qualidade, pelo que em ocasiões não se reconhecem os vinhos tropicais como tais, sendo um desafio para os fabricantes conseguir a aceitação dentro do mercado estrangeiro.

Guerras Coro admitiu que em comparações feitas por pessoas de outras nacionalidades se demonstra que nossos vinhos têm maior qualidade, pois ao serem fabricados de forma artesanal envelhecem mais e a degustação é mais elevada. Contraditoramente, possuem pouca aceitação no exterior e um dos desafios que se impõe para ter maior abrangência é preparar bebidas mais secas.

Em quaisquer das formas os produtores têm que continuar ganhando qualidade o qual, segundo sua considerarão, se consegue mediante maior divulgação e do trabalho das oficinas de cata, para conseguir que os vinicultores desenvolvam seus cincos sentidos em função das marcas de vinhos.

Por sua parte, Luis Alberto Bermúdez Rodríguez, vinicultor de Holguín, acrescentou que estes vinhos, ao serem de produção nacional, por ocasiões carecem da instrumentação necessária para seu controle e as condições ambientais são muito agressivas durante a maioria do ano.

Não obstante, os resultados em nível nacional e o reconhecimento do governo em muitas localidades, tem permitido a alguns produtores melhorar as condições de trabalho, outros têm convênios com a gastronomia, relacionam-se com pizzarias, restaurantes estatais ou particulares, com boa aceitação e preços.

Relativamente às marcantes características tropicais do vinho cubano, Bermúdez Rodríguez comentou que existem teses que corroboram as propriedades das frutas, uma vez que sobrevivem ao processo de fermentação, e persistem no produto terminado. Quer dizer, nossos vinhos têm muitas ou mais propriedades que os vinhos feitos de uva.

No novo contexto de relações entre o Estado, os produtores particulares e as cooperativas, os clubes se beneficiam já que se incrementa o comércio destas bebidas e se possibilita a aquisição de matérias primas de forma mais estável.

O trabalho dos vinicultores cubanos foi reconhecido no 25º Festival de Vinhos Artesanais, celebrado de 8 a 11 de fevereiro na Feira Agropecuária de Rancho Boyeros, em Havana, com a participação de 130 fabricantes do país todo.

No encontro, concorreu-se em oito modalidades: vinho branco, rosa, tinto, espumante, seco, semiseco, doce e semidoce, sendo mais premiadas as províncias de Sancti Spíritus, Ciego de Ávila, Pinar del Río, Holguín e Villa Clara.

Luis Bermúdez Rodríguez obteve o grande prêmio, com um vinho semidoce de abacaxi e banana, do ano 2013, de 12,8 graus brix, que também resultou triunfador nessa modalidade. (Granma)
 

Back to top