Raúl de la Nuez Ramírez, ministro de Comércio Exterior de Cuba
A 25ª Feira Internacional de Havana é uma das mais importantes e completas da América Latina. É a opinião do ministro cubano de Comércio Exterior, que conversou em exclusiva com a Caribbean News acerca de importantes temas da economia cubana, como a exportação de serviços.
Nos últimos anos o comércio exterior de Cuba diversificou-se e cresceu. Qual o comportamento da balança comercial atualmente?
O comércio exterior cubano continuou seu crescimento em 2007 a partir das necessidades da nossa economia e dos programas e investimentos priorizados. Cuba é um país de economia aberta e o PIB cresce sempre associado ao comércio exterior. No ano passado, o intercâmbio comercial de bens aumentou 27%, com maior crescimento das exportações (35%) em relação às importações (25%). E este ano a tendência é a mesma.
No entanto nossa balança comercial de bens é deficitária. Isso está ligado à estrutura das nossas exportações, com um volume expressivo de serviços (70% das receitas) e não de bens. Nesse sentido, os produtos biotecnológicos e farmacêuticos - os "não tradicionais" - contribuem há dois anos para que a exportação de bens ocupe o segundo lugar nas exportações cubanas depois do níquel, ainda que os produtos "não tradicionais" tenham ainda um grande peso. Além do níquel, estão nesse grupo o fumo, o açúcar, a lagosta e o rum.
Outros produtos cubanos de exportação são as barras de aço para a construção, os camarões de cultivo, os cítricos frescos e processados, o equipamento médico para as especialidades cardiológicas e neurológicas, e kids de diagnóstico para laboratórios.
Quais são os principais mercados e os produtos exportados?
Exportamos para 120 países com destaque para o Canadá, Venezuela, China e a Espanha que são os principais parceiros comerciais cubanos.
Qual o benefício das exportações de serviços para a economia cubana?
Além dos programas de colaboração e solidariedade nas áreas da saúde e educação, a exportação de serviços é de grande relevância para a diversificação das exportações. É no setor terciário que Cuba tem grandes perspectivas a partir da qualificação da força de trabalho cubana em setores como a biotecnologia e a saúde.
Cuba tem mais de 200 centros de pesquisa que cobrem quase todos os setores da economia, além de uma vasta rede de centros de ensino superior com forte atividade de pesquisa e docente com capacidade para a assimilação das tecnologias de ponta.
A pesquisa científica tem gerado novas ofertas de produtos e serviços na agricultura, construção, indústria açucareira e mecânica, e meio ambiente.
Durante a Feira de Havana vai ser realizado o 2º Fórum de Negócios dos Países Não-alinhados. Quais as expectativas de Cuba a respeito do Fórum?
Os fóruns são uma iniciativa do Conselho de Negócios do Movimento, organizados pelos países que assumem a presidência, neste caso Cuba, para a promoção dos contatos empresariais e do comércio entre os países membros.
Sob o lema "Por um intercâmbio eqüitativo, justo e solidário entre os povos, globalizemos a esperança", o evento vai abordar parcerias comerciais nos investimentos e nas finanças, e será uma oportunidade única para o debate devido à presença em Havana de ministros de comércio e indústria de vários países.
Quais as novidades da 25ª edição da Feira Internacional de Havana?
A partir das edições anteriores, a Feira foi se aperfeiçoando e hoje é uma das mais importantes e completas da América Latina. No início era uma simples exposição de produtos. Hoje temos um programa profissional que completa a mostra com seminários, conferências, lançamento de publicações, prêmios para os melhores produtos, serviços de apoio ao empresariado oferecidos por bancos, consultorias, transportadoras e seguradoras.
A Feira propicia a assinatura de contratos, promove o comércio e é uma boa ocasião para o conhecimento e promoção dos produtos exportáveis cubanos. Além disso, a presença de ministros e autoridades governamentais promove a análise das relações econômicas bilaterais.
É uma boa ocasião para o contato dos nossos produtores com outras tecnologias e as novas tendências do mercado.
A primeira edição da Feira, em 1983, contou com dois países e 108 empresas, das quais 11 eram cubanas. Em 2006, participaram 1.125 empresas de 48 países. É um crescimento sustentado que tem contribuído muito para a integração regional de Cuba como membro da Aladi e para suas relações com a Caricom.
Para Cuba é muito importante o comércio regional no Caribe, que não deixa de aumentar a partir do ano 2000 depois da assinatura de um importante acordo comercial.
No início houve dificuldades de transporte, mas agora há navios operando nas principais ilhas como Jamaica, República Dominicana e Cuba. Recentemente, o Primeiro Ministro de Trinidad e Tobago abriu um escritório comercial desse país em Havana.
Os países da Caricom têm apoiado Cuba na defesa de seus direitos internacionais, por exemplo contra o bloqueio dos Estados Unidos, e nós apoiamos as reivindicações deles na OMC. Temos uma relação muito boa com os países caribenhos.