Recessão e petróleo caro deixam em terra as companhias aéreas
Combustível caro e passageiros mais seletivos nos gatos é uma má combinação para o competitivo setor aéreo dos Estados Unidos que começa a ser afetado pela falência das transportadoras, principalmente das pequenas companhias.
A low cost ATA Airlines, especializada no mercado doméstico, cancelou seus vôos quinta-feira passada ao se declarar insolvente pela perda de um importante contrato militar e a alta do combustível.
Anteriormente, a Aloha Airlines, que opera vôos para Hawaii há mais de 60 anos, cessou suas operações segunda-feira, provocando a perda de 2.000 empregos.
Outras companhias aéreas estão em situação semelhante: mais da terceira parte dos pilotos da Sun Country perderão seus empregos e a companhia de fretamento Champion Air suspenderá suas operações em 31 de maio. No final de dezembro, fechou a MAXjet, especializada em vôos de negócios.
Essas empresas não vão desaparecer já que vão se colocar sob a proteção do regime de falências (Chapter 11) com o objetivo de se recuperarem.
De acordo com uma análise de Merrill Lynch, todas as grandes companhias registraram perdas em 2008.
O Banco de Investimentos considera que as perdas acumuladas atingirão a casa de US$ 1,6 bilhão, correspondendo 872 milhões desse total à American Airlines, segundo o USA Today.
Já para o analista Calyon Ray Neidl, "as companhias sobreviverão em 2008, mas sua falta de liquidez será alarmante em 2009".
Além da alta do combustível, o número de passageiros poderia diminuir, primeiramente nos vôos domésticos e depois nos internacionais. Resultado: as transportadoras aumentam suas tarifas e reduzem suas operações.
A Delta projeta a saída voluntária de 2.000 funcionários e decidiu reduzir em 10% seus vôos domésticos. Por outro lado, a Northwest, a United e a US Airways também anunciaram a redução de suas atividades.
Até agora as companhias aéreas recuperavam suas receitas nos vôos internacionais, mas o acordo de céus abertos Europa-Estados Unidos vai aumentar a concorrência das companhias estrangeiras nas conexões transatlânticas.
A fusão não parece ser a solução. A anunciada entre a Delta e a Northwest está bloqueada pelo desacordo do sindicato dos pilotos.
Interrogado pelo USA Today, John Heimlich, diretor da Federação de Transportadores Aéreos dos Estados Unidos, foi taxativo: "Se o barril continuar a cem dólares, haverá menos companhias".
AFP