Salo Shamah, presidente da Autoridade de Turismo do Panamá (ATP)
Salo Shamah (47) com vocação pela música e a publicidade, fala da sua origem e trajetória, e das suas ideias para colocar o Panamá no ranking dos destinos turísticos mundiais.
Quais são as funções do senhor no Turismo do Panamá?
Eu fui designado a máxima autoridade no Turismo do Panamá pelo Presidente. Não sou ministro de Estado e por isso não posso votar nas reuniões do Conselho do Gabinete, onde sou convidado permanente. Já nos eventos internacionais onde represento o Panamá participo como Ministro, segundo a Lei de Turismo.
O senhor nasceu em Barranquilla, na Colômbia, e veio para o Panamá aos 18 anos, país onde se formou sua consciência política, segundo suas próprias declaracões. Como foi esse processo?
Isso está ligado à minha entrada na Faculdade de Direito e Ciências Políticas da universidade de Santa María la Antigua, mas minha identidade é colombiana e tenho os melhores sentimentos para o país onde nasci.
Foi no Panamá onde alcancei a maioridade e onde compreendi meus direitos e obrigações como cidadão. Minha formação política foi aqui.
Afirma-se que sua participação na campanha presidencial como Diretor Criativo abriu as portas para a sua nomeação na ATP...
Eu conheci o Presidente em 2003. Naquela época eu trabalhei na campanha dele "Caminhando com os sapatos do povo", que lhe deu sua identidade política como alguém que compreendia os problemas do povo.
Nos períodos de oposição eu continuei desenvolvendo a mesma mensagem como responsável da comunicação dele. No início da campanha presidencial, eu passei a ser seu diretor criativo, mas foi um trabalho de equipe da qual eu fazia parte.
A partir do meu trabalho de marketing e publicidade, o Presidente considerou que eu podia projetar a imagem do Panamá no mundo e é por isso que eu estou aqui.
Eu era apaixonado por música, mas agora minha paixão é o turismo. Temos pensado na próxima campanha de promoção com o título "O Panamá surpreende".
O ministro anterior, Rubén Blades, é músico e advogado. O senhor é advogado e apaixonado pela música. Isso garante a continuidade no trabalho?
A continuidade é garantida pelo "Plan Maestro de Turismo" que funciona muito bem. Durante a gestão dele o turismo cresceu exponencialmente. A única diferença é que ele foi mais conceitual e eu sou mais prático. Eu quero impulsionar a titulação de terras, que é muito importante para a segurança jurídica e os investimentos.
Também fazer mais promoção de locais específicos com operadoras específicas, mas do ponto de vista ideológico não temos diferenças.
De acordo com dados da ATP, o turismo em 2008 gerou mais receitas que o Canal, ,mas a crise poderia afetar esses resultados em 2009. Quais as ideias nesse sentido?
O turismo superou a casa dos 10% no PIB. Isso é uma referência mundial que temos que defender.
Estamos fazendo muita promoção com as companhias aéreas, com os hotéis e com outras empresas turísticas para oferecermos descontos de 25%, e vemos que têm aumentado as reservas nos voos.
É verdade que a crise vai provocar uma queda no turismo, mas em relação a outros países da área a situação não é tão grave. Eu acho que podemos ter 1.500.000 turistas neste ano.
A Espanha é um dos poucos países europeus com conexões diretas com o Panamá. Qual a influência disso no turismo e nos investimentos?
Infelizmente não há voos diretos da Espanha, mas com escalas na Guatemala e na Costa Rica.
Temos excelentes relações com o governo espanhol e agora é importante que as operadores espanholas tenham os materiais promocionais necessários. A Espanha é um dos países europeus com mais turistas para o Panamá, mas não é muito em relação ao número de visitantes latino-americanos (52%) e da América do Norte (36 %). Da Europa e da Ásia recebemos 11% dos nossos visitantes.
E os mercados alemão e russo?
Temos negociações com a Aeroflot para o turismo de multi-destino porque essa companhia leva turismo para Cuba que poderia vir ao Panamá através da Copa. Na feira de São Petersburgo falamos com operadoras que vão chegar ao Panamá com charters, daí a ampliação do aeroporto de Howard.
Há pouco soubemos que há um conto infantil na Alemanha que termina com a frase "Eu quero ir ao Panamá" e estamos preparando uma campanha para a televisão baseada nesse conto.
Quais os projetos da ATP para a promoção dos destinos panamenhos?
Estamos preparando uma nova lei de estímulo aos investimentos. Por outro lado os hotéis vão ser classificados por uma entidade que vai outorgar as estrelas aos estabelecimentos de acordo com critérios reais.
Poderia resumir as ofertas turísticas do Panamá?
O Panamá é o segredo natural melhor guardado do mundo. Tem o maior corredor internacional de aves migratórias, parques naturais que são Reserva da Biosfera e sua gente que é o maior recurso nacional.
Estamos desenvolvendo o agroturismo, parque ecológicos e tudo na base do desenvolvimento sustentável. O Panamá surpreende.